- Atenção Primária à Saúde
Thalisia Cunha dos Santos
- 10 jan 2024
Há tempos preconizou-se que a Atenção Primária à Saúde (APS) seja a porta de entrada a todos os serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde. Reconhecemos, porém, que nem sempre a atenção primária está pronta para fazer o papel de linha de frente a todos os serviços públicos. Temos uma APS fragilizada em vários sentidos. Buscamos, assim, soluções para o enfrentamento de múltiplas situações e um dos maiores entraves, ao qual direcionamos este trabalho é o de substituirmos a consolidada oferta de serviços, pela atenção às necessidades de saúde da população, o que exige que cada Unidade Básica de Saúde (UBS) aja também como um observatório epidemiológico. Afim de se buscar opções para fortalecimento da APS, novas ideias surgem tentando tornar cada UBS mais independente e funcional.
Este estudo objetivou a construção de uma modelagem ecossistêmica para a Atenção Básica, que permitisse a esta, a possibilidade de se tornar um observatório dos determinantes da saúde, de forma descentralizada, capaz de gerar seus próprios indicadores e subsidiar as ações programáticas em saúde. Para isso, a Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva da Urca, por meio de seus residentes e corpo docente em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Crato (CE), no contexto de três UBS do município, repensou cada um desses processos e os redesenhou a partir do que se tem na literatura como práticas bem-sucedidas. Fez-se as devidas adaptações para a realidade loco regional ou construiu-se novos instrumentos, sejam de identificação de fatores, sejam de intervenção sobre fatores já identificados. Como exemplo, construiu-se um instrumento para classificação de risco familiar baseado no cadastramento do e-SUS, sendo por si só um excelente observatório para as famílias adscritas e suas condições clínicas e socioeconômicas.
Essa metodologia permitirá às unidades básicas de saúde a possibilidade de tornar processos básicos mais palpáveis, como territorialização e implementação de salas de situação, e fazê-las dar um passo em direção ao controle de seus próprios indicadores, tornando seu planejamento e tomadas de decisões cada vez mais descentralizado e participativo.
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