Em janeiro de 2019, iniciou- se o internato ems saúde coletiva da faculdade de medicina da UNIFESO com acadêmicos do décimo segundo período na Fazenda Ermitage, cenário que abriga vítimas da tragédia de 2011 da cidade e região de Teresópolis. A inserção de aproximadamente 20 acadêmicos a cada rotatório com suporte de três preceptores com formação em Medicina, Serviço Social e Psicologia se dá junto a uma Unidade Móvel da Secretaria Municipal de Saúde inaugurada em setembro de 2018. Sua equipe é composta por um médico, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, uma auxiliar de enfermagem, uma auxiliar de serviços gerais e uma recepcionista, que atendem a uma população de aproximadamente oito mil habitantes, que perderam suas casas, distribuídos por sete condomínios. Segundo Agreli (2016), à medida que os profissionais centram atenção no usuário e suas necessidades de saúde em todo processo de trabalho, construindo a Atenção Centrada no Paciente na prática de cuidado, operam, simultaneamente, um deslocamento de foco para um horizonte mais amplo e além de sua própria atuação profissional, que se restringe ao âmbito da profissão e da especialidade. Este deslocamento dirige-se à prática compartilhada com profissionais de outras áreas. Nesse sentido, busca-se direcionar os trabalhos a fim de promover um espaço de formação médica em saúde coletiva que atenda as especificidades da população. Garantir a aproximação ensino/serviço/comunidade voltado para as vítimas do desastre.
O impacto das chuvas no estado do Rio em janeiro em 2011 foi sentido e ainda o é pelas vítimas principalmente no que diz respeito à saúde. Necessário se faz refletirmos sobre novas práticas e saberes que contemplem a ação e o cuidado em saúde dessa população bem como construir estratégias inovadoras de ensino-aprendizagem na formação do profissional de saúde para lidar com essa demanda. A saúde coletiva foi inserida na grade curricular do décimo segundo período do curso de medicina do Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO) a partir de janeiro de 2019 em atendimento à definição emanada a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais 2014, quanto à reestruturação da composição do Estágio Curricular Obrigatório de Treinamento em Serviço em Regime de Internato, dentre os quais, o de saúde coletiva. O módulo de saúde coletiva se divide em três cenários de prática em Teresópolis: Hospital das Clínicas Constantino Otaviano, ambulatório da UNIFESO e Fazenda Ermitage. A introdução do cenário da Fazenda Ermitage, local onde vivem aproximadamente oito mil pessoas vítimas da chuva, fornece novas experiências em relação à saúde coletiva. A grande quantidade de pacientes e os problemas de adoecimento clínico e psíquico demonstram o perfil da demanda local que tem como referência a unidade de saúde móvel do local. Segundo Emerich e Onocko Campos (2019), a formação deve-se dar para o SUS e pelo SUS, tendo nos equipamentos de saúde o mais fértil terreno para o aprendizado e experimentação das práticas, a partir das reais demandas e desafios que se colocam no encontro com os usuários e com os territórios. Ao mesmo tempo em que os sujeitos transformam os serviços nos quais se formam, por meio de críticas e das necessárias proposições e invenções de modos de lidar com os problemas, por eles são transformados.
A proposta é apontar e ressaltar aspectos relevantes que possibilitem uma reflexão no sentido de promover melhores aprofundamentos acerca da prática médica junto aos usuários com sofrimento mental na Atenção Básica e verificar de que forma esses sofrimentos se manifestam clinicamente. A relevância do tema abordado está nos benefícios que a prática compartilhada e centrada no usuário pode trazer para o repensar da formação médica no SUS bem como potencializar o cuidado junto ao usuário de forma ampla e contínua. Propõem-se, assim, avanços para melhoria da qualidade dos serviços prestados: reuniões mensais de educação permanente com os diversos atores do cenário para entendimento das diretrizes de cuidado.
Ermitage, Teresópolis - RJ, Brasil
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO