Ações Integradas para Melhoria Dos Indicadores em Imunização: Construindo um Plano de Intervenção no Município de Jequié/Ba

O Programa Nacional de Imunização se tornou uma grande conquista da população brasileira ao longo dos anos, tendo em vista a erradicação de diversas doenças a partir da ofertas de imunobiológicos para todas as faixas etárias, implementando os calendários nacionais de vacinação. O monitoramento e a avaliação dos dados de coberturas vacinais de modo permanente em associação a discussão com as equipes permitem a identificação dos fatores que dificultem ou facilitem esse processo sob o ponto de vista dos atores envolvidos e o impacto do aprimoramento das ações de imunização considerando a avaliação dos dados obtidos por meio dos relatórios de produção e de gerenciamento do sistema de informação e-SUS/AB. Esta avaliação dará subsídios para a tomada de decisão quanto às ações direcionadas ao aumento das coberturas vacinais e a confiabilidade nas ações de imunização a partir do seu impacto positivo na vida das pessoas e da coletividade, permeando desde a educação permanente dos profissionais, até a confiabilidade dos registros das doses aplicadas diariamente. Com o intuito de aumentar as coberturas vacinais e torná-las homogêneas, evitando a presença de bolsões susceptíveis e reduzindo a morbimortalidade pelas doenças imunopreveníveis no município de Jequié/BA, diversas estratégias e intervenções oportunas estão sendo realizadas pelas equipes multiprofissionais com integração da vigilância em saúde, atenção básica e o núcleo de informação em saúde.

Atualmente as quedas nas coberturas vacinais no município estão associadas a múltiplos fatores como notícias falsas divulgadas na mídia; dificuldades da adesão da população as ações de imunização (hesitação vacinal); dificuldades relacionadas a organização das ações de imunização (busca ativa, supervisão das salas de vacina e das atividades de vacinação pelo enfermeiro responsável técnico pela unidade, execução de ações de vacinação extramuros); dificuldades gerenciais do programa municipal de imunização, bem como problemas no registro das vacinas, sendo eles: quantidade insuficiente de profissionais para o registro, profissional que aplica vacina ainda relata dificuldades para o registro de doses no e-SUS/BA, problema devido ao registro ser feito manualmente em algumas unidades e posteriormente lançados no sistema, dificuldade de emitir relatórios de produção para acompanhar/monitorar o alcance das metas de vacinação das equipes e do município, dificuldade de acompanhamento do controle vacinal dos usuários, algumas unidades de saúde ainda registram doses no ESUS CDS (Coleta de Dados Simplificados). Todos estes fatores citados acima estão inseridos em um contexto político social de desconfiança nas políticas do governo brasileiro e influenciam no progresso alcançado no combate as doenças imunopreveníveis ao longo dos anos, gerando riscos coletivos e aumento das morbimortalidades por estas doenças. Dentre os problemas identificados consideramos que a fragilidade no monitoramento de indicadores em imunização constitui-se o principal nó crítico a ser enfrentado, pois a partir dele poderão ser propostas estratégias para adequação das ações e avaliação dos resultados alcançados nas coberturas vacinais. A heterogenicidade das coberturas vacinais e os bolsões de susceptíveis apontam para necessidade de pensar estratégias capazes de direcionar intervenções oportunas a partir da identificação dos problemas locais para compreender as variações que ocorrem nesses indicadores (TEIXEIRA E ROCHA, 2010).

Diante dos problemas identificados foi realizado o agrupamento segundo núcleo de sentido e a partir de então foram propostas ações estratégicas a fim de garantir a confiabilidade das informações e auxiliar no planejamento e tomada de decisão. As ações foram propostas e/ou realizadas no contexto da imunização a partir da identificação dos problemas, o que nos permitiu a elaboração de plano estratégico de melhorias das coberturas vacinais voltados para a integração da vigilância em saúde, atenção básica e o núcleo de informações em saúde, na perspectiva de melhoria da adesão da população as ações de imunização, organização dos serviços, melhoria das ações gerenciais do programa municipal de imunização, melhoria dos registros vacinais e de monitoramento da situação vacinal, sendo estas: Problema Identificados – Dificuldades relacionadas a adesão da população: ● hesitação vacinal por medo e desinformação. ● ausência de memória da gravidade das doenças ocorridas no passado. Estratégias de enfrentamento: ✔ Desenvolver ações de educação em saúde para esclarecimento da população sobre os benefícios da vacinação e para combater as “Fake News”. Cada equipe de vacinação deverá apresentar uma programação de ações educativas a serem desenvolvidas na comunidade. Problemas identificados – Dificuldades relacionadas à organização das ações de imunização: ● barreiras de acesso dos usuários aos serviços de imunização (cadastros de usuários defasados no ESUS). Estratégias de enfrentamento: ✔ Atualização de cadastro de crianças menores de 01 ano no ESUS; Problemas identificados – Dificuldades relacionadas à organização das ações de imunização: ● salas fechadas por problemas organizacionais, estruturais e de recursos materiais (ar-condicionado com defeito) e recursos humanos. ● Ações desenvolvidas sem planejamento e discussão participativa com as equipes. Estratégias de enfrentamento: ✔ Dialogar com o departamento administrativo visando solucionar com celeridade as demandas de insumos e materiais para a sala de vacina; ✔ Discussão com o departamento de assistência à saúde sobre as demandas de recursos humanos de modo a garantir o atendimento aos usuários que buscam a vacinação em todo o funcionamento da unidade de saúde; ✔ Padronizar horários de funcionamento das salas de vacina, inclusive no horário do almoço e aos finais de semana; ✔ Elaboração de um plano local participativo (por unidade de saúde) de melhoria das coberturas vacinais nos seus territórios. Problemas identificados – Dificuldades relacionadas à organização das ações de imunização: ● Ausência de planejamento na solicitação de imunobiológicos, o que acarreta a falta de vacinas nas unidades de saúde. Estratégias de enfrentamento: ✔ Padronizar um protocolo e cronograma de solicitação de imunobiológicos para evitar a falta dos imunos nas salas de vacina. Para isto será necessário implantar o programa SIPNI online e o Sistema de Informação de Insumos Estratégicos – SIES). Problemas identificados – Dificuldades relacionadas à organização das ações de imunização: ● Existência de profissionais desmotivados e inexperientes, sem capacitação específica para atuar em salas de vacina em decorrência da grande rotatividade. Estratégias de enfrentamento: ✔ Realizar supervisões nas salas de vacina para identificação de não conformidades técnicas e organizacionais; ✔ Realizar cursos de capacitação para os técnicos de enfermagem que atuam em sala de vacinação; ✔ Realizar ações de educação permanente para as equipes multiprofissionais que atuam em ações de imunização na atenção básica; ✔ Realizar treinamento em calendários de vacinação para agentes comunitários de saúde; ✔ Realizar divulgação/convocação em mídia sobre a relevância da vacinação e das atividades de imunização. Problemas identificados – Dificuldades gerenciais do Programa Municipal de Imunização. ● Impasses para acompanhar/monitorar o alcance das metas de vacinação no município de modo regular a partir dos sistemas oficiais de registros. Estratégias de enfrentamento: ✔ Realizar discussão dos dados relativos à produção de serviços e coberturas vacinais por sala de vacina, incluindo a equipe multidisciplinar na avaliação dos dados da equipe da atenção básica nos territórios (mensalmente); ✔ Realizar avaliação dos dados de produção e coberturas vacinais com enfermeiros, técnicos, supervisores, representantes do núcleo de informação em saúde e departamento de atenção básica (trimestralmente); ✔ Realizar reuniões periódicas visando a integração entre a vigilância em saúde, o núcleo de informação em saúde e a atenção básica, institucionalizando a cultura do monitoramento e avaliação das ações de imunização (quadrimestralmente). Problemas identificados – Dificuldades relacionadas ao registro de doses aplicadas. Estratégias de enfrentamento: ✔ Revisão dos registros lançados mensalmente; ✔ Elaborar cronograma de treinamento para os vacinadores sobre o registro adequado e oportuno no e-SUS/AB em articulação com o núcleo de informação em saúde. Problemas identificados – Dificuldade de acompanhamento do controle vacinal dos usuários. Estratégias de enfrentamento: ✔ Busca de faltosos por meio dos relatórios do e-SUS/AB das crianças menores de 1 ano de idade; ✔ Uso de planilhas e cartão espelho para acompanhamento da situação vacinal; ✔ Busca quadrimestral no e-gestor/AB das crianças menores de 1 ano que precisam estar com as vacinas pentavalente e VIP atualizados – indicador do Previne Brasil; ✔ Realização de dias “D” de intensificação para atualização das cadernetas de vacinação, associado a pesagem do bolsa família; ✔ Intensificação da vacinação nas escolas por meio do Programa de Saúde na Escola – PSE; ✔ Intensificação da vacinação na zona rural e nas instituições com trabalhadores do comércio e das empresas.

A redução das coberturas vacinais representa um desafio para as equipes de saúde que atuam na atenção básica, requerendo sensibilidade para atuar no enfrentamento da problemática no contexto atual. O planejamento de ações e a reorganização dos serviços permeiam desde as ações de educação em saúde para a população até as ações de educação permanente para os profissionais na expectativa de sensibilizá-los sobre sua responsabilidade na qualidade da atenção à saúde e dos registros vacinais. A educação permanente é um desafio necessário para o desenvolvimento dos trabalhadores quando se pretende mudar o modelo de atenção à saúde e melhorar a qualidade da atenção aos usuários. (CARDOSO, 2012). Nessa perspectiva, o município vem executando as ações propostas por meio do planejamento das ações, bem como avaliando de forma articulada a efetividade das mesmas. Entre janeiro e maio/2023 já é possível notar a motivação e empenho dos profissionais de saúde no desenvolvimento das atividades, com envolvimento de diversos atores das equipes multiprofissionais. Nos acompanhamentos de produção é perceptível o aumento dos registros de doses das vacinas de rotina lançadas nos sistemas oficiais. Através do indicador do Previne Brasil foi possível o monitoramento do desempenho do município pelo e-Gestor do 3º quadrimestre 2022 (desempenho de 53%) com curva ascendente quando se trata do primeiro quadrimestre 2023 (desempenho de 70%). As salas de vacina são ambientes complexos e dinâmicos e as coberturas vacinais constituem objeto de atenção de gestores e profissionais de saúde do SUS. Desta forma, se insere a necessidade e oportunidade de uma proposta de vigilância ativa dos resultados obtidos pelas atividades de vacinação nas redes de atenção à saúde.

Principal

ROSIANE NOVAES ELOI MARTINS

Coautores

Francielli Cardoso, Luzimario Alves, Karlla Albuquerque

A prática foi aplicada em

Região

Esta prática está vinculada a

Instituição

Uma organização do tipo

Instituição Privada

Foi cadastrada por

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ideiasus@gmail.com

23 dez 2023

CADASTRO

23 dez 2023

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

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