A dengue constitui sério problema de saúde pública no mundo. Ocorre e dissemina-se especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor da doença (BRASIL, 2024).
O Comitê de Operações de Emergência em Saúde do Conselho Federal de Enfermagem (COES/COFEN) emitiu em fevereiro de 2024 a nota técnica nº 001/2024 definindo as competências e atribuições dos Enfermeiros no enfrentamento da dengue, em consonância com fluxos e protocolos definidos pelo Ministério da Saúde e a necessidade de garantir uma assistência segura, tanto aos usuários dos serviços quanto aos profissionais envolvidos, compatibilizando as competências, atribuições e prerrogativas profissionais, às necessidades dos pacientes e à legislação pertinente (COFEN, 2024).
As atribuições da enfermagem, de acordo com a nota técnica, incluem o acolhimento, estadiamento, consulta, prescrição, solicitação de exames, reavaliação. Além disso, cabe ao profissional orientar, realizar, encaminhar, coletar e registrar dados no prontuário do paciente ou ficha de atendimento (COFEN, 2024). A Prova do Laço (PL) é uma técnica que deve ser aplicada para estadiamento dos casos, devendo ser utilizada na triagem na dengue e, quando positiva, implica na necessidade de um monitoramento clínico e laboratorial mais estreito (Brasil, 2024).
Diante do exposto, a Coordenação de Enfermagem da Atenção Primária à Saúde juntamente com a Coordenação de Educação Permanente e a Vigilância Epidemiológica Municipal executaram treinamento para todos os profissionais de enfermagem que atuam na atenção básica do município, cuja experiência relatamos neste documento.
Relatar a experiência exitosa vivenciada durante Treinamento para os profissionais de enfermagem (enfermeiros e técnicos de enfermagem), que atuam na Atenção Primária à Saúde, Consultório na Rua, Saúde Prisional, Saúde na Hora, eAP (equipes de Atenção Primária), UPAS e Hospitais do Município de Campina Grande para o manejo clínico da dengue, diante do cenário de aumento dos casos de arboviroses. Esse treinamento faz parte do plano de contingenciamento da dengue, recém-lançado pelo município com diversas ações tanto na assistência, na comunicação através de alertas a população e na Educação Permanente em Saúde dos profissionais para realização das ações propostas.
Campina Grande, município do estado da Paraíba, um dos principais pólos industriais da região Nordeste, com cerca de 413.870 habitantes (IBGE, 2023). Conta, atualmente, com 121 equipes de Saúde da Família (eSF), em processo de ampliação para 204 eSF, cada uma formada minimamente por um enfermeiro e um técnico de enfermagem. Além destes, há profissionais atuantes no Consultório na Rua, Policlínicas, Centros de Saúde e Saúde Prisional, conformando a Atenção Primária à Saúde (APS) do Município.
Objetivando fortalecer as ações de combate às arboviroses diante do cenário epidemiológico atual, através da Educação Permanente em Saúde, foi concebido treinamento para Equipe de Enfermagem, enfermeiros e técnicos de enfermagem, que atuam na APS do município, onde foi feita a divisão dos profissionais em turmas, por distrito sanitário, com dias e horários distintos para o treinamento, entre março e abril do corrente ano, totalizando 10 encontros, conduzidos pela Coordenação de Enfermagem, Coordenação de Educação Permanente e Apoiadora do CIEVS.
Inicialmente foi realizado um pré-teste buscando o conhecimento prévio dos profissionais sobre a temática. Seguiu-se a explanação, enfatizando a dengue, a definição de casos suspeitos, fluxo de notificação, fluxo de envio de amostras, classificação dos casos e conduta, de acordo com o Plano de Contingência Municipal. Procedeu-se a apresentação da técnica “Prova do Laço”, sua propedêutica e importância no manejo dos casos suspeitos, culminando com a prática realizada por todos os participantes. Ao final, foi aplicado formulário pós-teste, onde os profissionais responderam as mesmas questões do pré-teste, sendo possível fazer uma avaliação do processo educativo.
A educação permanente dos profissionais de enfermagem é desafiadora, devido as dificuldades de retirar estes funcionários da assistência, gerando por vezes incompreensão por parte de outros profissionais de saúde, desta necessidade. A aprendizagem no trabalho e para o trabalho, em que o ensinar e o aprender são incorporados ao cotidiano das organizações e ao processo de trabalho, se faz cada vez mais necessária. Isso foi evidenciado pelos profissionais que participaram do treinamento, quando todos declararam ser importante a Educação Permanente dos profissionais d enfermagem atuantes na Atenção primária
Durante todo o treinamento foram capacitados 251 profissionais de enfermagem, entre enfermeiros e técnicos, cerca de 72% dos profissionais de enfermagem atuantes na APS do município. Isso foi possível pela possibilidade dada aos profissionais de comparecerem para treinamento no dia e horário que melhor se adequasse à rotina de trabalho das equipes, oferecendo várias datas e horários, para garantir acesso a todos.
Na oportunidade responderam ao formulário pré-teste 142 enfermeiros e 88 técnicos de enfermagem. Inicialmente, 15 profissionais conseguiram descrever adequadamente o procedimento de Prova do Laço antes do treinamento. Ao final, após exposição teórica e prática descrita, onde cada profissional teve a oportunidade de executar o teste, as dúvidas foram sanadas e os profissionais avaliaram positivamente a atividade ao final, no pós teste.
Diante do cenário atual relacionados as arboviroses, o treinamento dos profissionais de enfermagem como estratégia de enfrentamento, resultou em uma experiência exitosa dentro do processo educativo e foi um ponto de partida para que novas atividades de treinamento da equipe de enfermagem da APS do município sejam planejadas e executadas, objetivando não somente desenvolver habilidades técnicas, mas também transformar a assistência prestada pela equipe de enfermagem, a valorização dos profissionais, culminando com a capacidade de identificar e analisar as necessidades do trabalho, construindo propostas e transformando a realidade.
A Educação Permanente em Saúde é instrumento eficaz e essencial a realização de um serviço humanizado e capacitado, configurando-se como responsabilidade da instituição de saúde, contemplando todos profissionais que nesta atuam. É ferramenta capaz de desenvolver o conhecimento científico dos profissionais e o aprimoramento das propostas terapêuticas e habilidades em relação às competências técnicas, a fim de promover mudanças institucionais, elevando as potencialidades dos profissionais no desenvolvimento de suas atividades laborais
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