- Atenção Primária à Saúde
Mateus Emanuel da Silva Santos
- 22 maio 2024
Palavras que acalentam a mente: experiência das oficinas de poesia do Caps Santa Luzia apresenta-se como uma proposta terapêutica que usa da poesia como mecanismo para externar o eu do sujeito em sofrimento psíquico, procurando levá-lo à organização psíquica e proporcionar espaço para que ele possa se expressar, contribuindo com a afirmação da sua criatividade e cidadania, buscando amenizar sua dor e mutilações, físicas e psíquicas, que a doença, os estereótipos e a vida lhes impuseram. O Caps Santa Luzia sabe que investir em processos de expressão, autonomia, cidadania e em novas possibilidades de vida é essencial na saúde mental. Por isso se deve garantir o acesso, o acolhimento e a promoção de novas formas de cuidado à pessoa em sofrimento psíquico. Portanto, a presente proposta terapêutica vai ao encontro da Reforma Psiquiátrica, a qual se configura como um processo social que engloba mudanças significativas nas formas de cuidado em saúde mental e no tecido sociocultural.
Oportunizar espaço para expressão e externalização da subjetividade e do eu em sofrimento psíquico. Estimular a criatividade através da construção de poemas, poesias e cordéis. Fortalecer as relações intra e interpessoais pautadas nas interações. As oficinas da poesia acontecem semanalmente, às quartas-feiras pela manhã, na própria instituição e/ou fora dela também. A cada encontro é trabalhado um tema e para tanto é lido coletivamente poesias ou cordéis de um artista específico. Antes é apresentado o artista e, após uma conversação sobre a leitura, divide-se em dois grupos que, em média, cada um é composto por 10 usuários (as). Após esta divisão, eles são desafiados a construir duas estrofes de um poema ou um cordel inédito. Ao final de cada momento, junta-se as partes e transforma-se num único poema ou cordel. Os profissionais responsáveis por estes momentos são: um psicólogo, um assistente social e um arte educador.
Esperamos que este trabalho contribua para o fortalecimento da cidadania dos sujeitos em sofrimento psíquicos, proporcionando a sua inserção social e uma melhor interação com o meio em que vivem. Essa proposta visa ser uma porta social de (re)entrada desses sujeitos como cidadãos capazes de conviver com outras pessoas que, pela disseminação das ideias da nova visão psiquiátrica, os conceberão como usuários do SUS, tal como qualquer outro afetado com alguma enfermidade física. Outrossim, esperamos também combater preconceitos que parte da sociedade ainda têm com relação aos doentes mentais, mostrando-lhes suas potencialidades e a importância da inclusão social. Os Caps assumem especial relevância no cenário das novas práticas em saúde mental, caracterizando-se como um dispositivo estratégico na reversão do modelo hospitalar, pois o trabalho em equipe multiprofissional e as atividades desenvolvidas nesse espaço são bastante diversificadas, oferecendo atendimentos individuais e em grupo, oficinas terapêuticas e de criação, atividades físicas e lúdicas, arteterapia, além da medicação, antes considerada a principal forma terapêutica. (AMORIM et al., 2009).
Rua Osvaldo Oscar De Morais, 149, São José, Santa Luzia - PB, 58.600-000
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