- Atenção Primária à Saúde
Mateus Emanuel da Silva Santos
- 22 maio 2024
O objetivo desse estudo é descrever a experiência de duas enfermeiras do Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab) na realização da primeira etapa da campanha nacional de imunização contra o HPV, no município de Beneditinos, Piauí. Trata-se de um relato de experiência da implantação da primeira etapa da campanha nacional de imunização contra o HPV, na cidade de Beneditinos, por duas enfermeiras do Provab em parceria com a secretaria municipal de saúde. Em consonância com a campanha nacional, a primeira etapa da imunização contra o HPV foi desenvolvida em março e abril de 2014, nas escolas urbanas e rurais do município, através da vacinação de meninas na faixa etária de 11 a 13 anos, 11 meses e 29 dias. A estratégia de imunização foi desenvolvida em três fases. A primeira constituiu-se na compilação do número de escolas urbanas e rurais do município e determinação de quais delas possuíam alunas na faixa etária específica. Na segunda, visita às escolas, oportunidade em que foi solicitada a participação de cada instituição através de ofício, determinação da quantidade de alunas, definição de data e local da vacinação, bem como entrega de termos de autorização e comunicados aos pais e/ou responsáveis. Na terceira, após esclarecimentos sobre a vacinação às alunas e seus acompanhantes e impreterível entrega do termo de autorização por eles assinado, realizou-se a imunização referente a cada instituição de ensino. Vale destacar que essa estratégia de imunização foi primeiramente instituída em todas as instituições urbanas, partindo-se depois para as rurais. Ao todo, 20 instituições de ensino foram computadas no município. Dentre elas, 17 possuíam alunas na faixa etária específica, 08 na zona urbana e 09 na zona rural. Nas escolas da zona urbana havia 204 alunas na faixa etária específica. Dessas, 183 foram vacinadas. Determinando uma porcentagem de 89.7 % meninas vacinadas. Nas escolas da zona rural havia 53 alunas na faixa etária específica. Dessas, 53 foram vacinadas. Determinando uma porcentagem de 100 % das meninas vacinadas. Houve aceitação de todas as instituições de ensino solicitadas para participação. Os comunicados entregues aos pais e/ou responsáveis os informava e convidava para estarem presentes no dia da vacinação da aluna para que assim, participassem de esclarecimentos quanto à vacinação. O termo de autorização deveria ser entregue por eles assinado. Caso a aluna não pudesse ser acompanhada, poderia ser vacinada ao portar a autorização. Todos os termos foram assinados de forma a autorizar a vacinação.
De acordo com Brasil (2013), a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é a doença sexualmente transmissível mais frequente no mundo. Aproximadamente 100 tipos de HPVs foram identificados, 40 deles podem infectar o trato genital inferior e 12 a 18 tipos são considerados oncogênicos para o colo uterino. Entre os HPVs de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. As lesões clínicas relacionadas ao HPV apresentam-se como verrugas ou lesões exofíticas que podem se desenvolver em ambos os sexos na região pubiana, perineal, perianal, ânus, boca e garganta. Nas mulheres, no colo do útero e nos homens normalmente na glande. As infecções subclínicas (inaparentes) são diagnosticadas através de testes específicos (ARAUJO et al, 2013).Ainda de acordo com Araújo et al. (2013), a infecção persistente pelo vírus é condição necessária para ocorrência de câncer do colo de útero. Dessa forma, desde 1993 as vacinas profiláticas contra o HPV vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de reduzir sua incidência. Atualmente, dois tipos estão comercialmente disponíveis, a bivalente (subtipos 16 e 18) e a quadrivalente (6, 11, 16 e 18). Os subtipos 6 e 11, embora de baixo risco oncogênico, são encontrados em 90% dos condilomas genitais e laríngeos. Enquanto, os 16 e 18 são responsáveis atualmente por 95% dos casos de câncer no Brasil. A partir do ano de 2014, a vacina quadrivalente contra o HPV passa a ser incorporada no Programa Nacional de Imunização (PNI) brasileiro. A imunização ocorrerá em duas etapas. A primeira, iniciada em março, visa imunizar meninas na faixa etária de 11 a 13 anos, 11 meses e 29 dias em suas escolas. A segunda, que ocorrerá durante todo o ano, relaciona-se à imunização daquelas não vacinadas nas escolas, no posto de vacinação. O esquema é composto por três doses: a segunda será aplicada com intervalo de seis meses e a terceira, de reforço, cinco anos após a primeira dose. Em 2015, serão vacinadas as adolescentes de 9 a 11 anos e, em 2016, começam a ser imunizadas as meninas que completam 9 anos (BRASIL, 2014).
Sugere-se a implantação da imunização na própria instituição de ensino. Em uma das escolas houve remanejamento para outro local e horário. Nela, foi registrada vacinação de apenas 50% das alunas. Pode-se afirmar que a estratégia de imunização contra o HPV nas escolas em Beneditinos obteve êxito sendo sua realização de grande relevância para as enfermeiras inseridas no município de Beneditinos através do Provab.
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