- Gestão de Serviços e Sistemas de Saúde
Victor Hugo Matias de Brito
- 08 maio 2024
O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Brasil é reconhecido mundialmente pela sua eficácia, porém, vem sofrendo ataques e consequentemente afetando negativamente a cobertura vacinal de todo o país. Isso deve-se a desinformações e notícias sem embasamento técnico espalhadas para a população. Para combater o declínio da cobertura vacinal a intersetorialidade é uma forma de potencializar e de extrema importância, eficaz e imprescindível para a retomada das metas da imunização.
Assim como no Brasil, o município de Santa Cruz/PB vem apresentando uma queda significativa da cobertura vacinal de sua população, isso se dar a vários fatores que somados prejudicam a coordenação de imunização a alcançar as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde. Em 2022, o município apresentou resultados negativos e ascendeu um alerta, como mostra a Secretária de Saúde do Estado da Paraíba: BCG (34,67), Rotavírus (73,33), Pneumo10 (76), MeningoC (76), Pentavalente (78,67), FA <1 ano (58,67), Polio (78,67), Hep A (70,67) e Tríplice Viral D1 (81,33). O ministério da saúde estabelece que a meta para maioria das vacinas de rotina 95% do público alvo. Analisando os dados fornecidos pela Secretaria de Saúde do Estado, em reunião com as coordenações de imunização, atenção básica e vigilâncias em saúde foi elencando os principais problemas e desafios do município para voltar a alcançar a cobertura vacinal desejadas. Com isso os principais pontos foram: • Resistência da população devido às Fake News relacionadas a vacina; • Profissionais qualificados para imunização; • Acesso às zonas rurais de difícil deslocamento; • Produção em vários sistemas, sendo a unificação a resolutividade; • Centralidade das salas de vacina; • Intersetorialidade fragilizada com relação a vacinação; • Ausência de informações em creches e escolas públicas e privadas sobre as campanhas de vacinação; • Não cumprimento das escolas públicas e privadas na exigência do cartão de vacinação atualizado; • Ausência de acompanhamento do calendário de vacinação das crianças e adolescentes matriculados nas escolas públicas e privadas do município. As notícias que circulam em mídias sociais influenciam muito na decisão em vacina ou não vacinar. A grande parte dessas noticias não possuem embasamento técnico cientifico algum. Essas postagens, que nomeamos como fake News, tem grande circulação e influência sobre a população que procura informações em internet, jornais e na TV (PEREIRA et al, 2013). Observamos que a decisão de vacinar parte de concepção de cuidado, onde se estabelece a confiança na eficácia da vacina que previne o contágio de doenças que acometem a primeira infância podendo levar ao óbito ou a sequelas para toda vida (SOUSA et al, 2012).
Com dificuldade para alcançar as metas da cobertura vacinal desejada, a gestão municipal, através da secretaria municipal de saúde convocou uma reunião intersetorial com a presença das secretarias de educação, assistência social, CREAS e Conselho Tutelar. O Movimento Antivacina é o grande responsável pela queda da adesão ao esquema vacinal, esse movimento é composto por pessoas que acreditam nos supostos efeitos colaterais que a imunização provoca. A necessidade de informação é de grande validade para uma imunização continua e segura, visto que a ocorrência de eventos adversos vai muito a da sensibilidade e predisposição de cada indivíduo. Afim de alcançar parcerias para chegar a toda a população desejada, foi realizado um planejamento em rede, deliberando assim problemas existentes e ações intersetoriais a serem realizadas para alavancar a cobertura vacinal do município. Com isso foram priorizados os seguintes problemas e as ações a serem realizadas: 01) Resistência da população devido às Fake News relacionadas a vacina: Parcerias com as secretarias de: educação, Assistência Social, e Conselho Tutelar. Elaborar informes, para fortalecer a adesão da Imunização do município. Intensificar a discussão sobre Imunização nas reuniões de equipes das Unidades Básicas de Saúde. 02) Profissionais qualificados para imunização: Capacitar profissionais com mobilização e comunicação sobre a importância dessa área. 03) Acesso às zonas rurais de difícil deslocamento: Disponibilizar transporte nas regiões mais distantes em época de viabilidade. Montar uma equipe de âncoras nas demais unidades. 04) Produção em vários sistemas, sendo a unificação a resolutividade: Capacitação do profissional que atua no sistema. 05) Centralidade das salas de vacina: As equipes do PSF dispor de profissionais que façam a vacina, pelo menos uma vez na semana, para descentralizar esse comando. 06) Intersetorialidade fragilizada com relação a vacinação: Participar de reuniões, encontros e ou ações permanentes de divulgação e conscientização da importância da vacinação. Parcerias com as secretarias de: Saúde, Educação, Assistência Social, CREAS e Conselho Tutelar. 07) Ausência de informações em creches e escolas públicas e privadas sobre as campanhas de vacinação: Divulgar as campanhas no CEMEI, escolas públicas e privada. Parcerias com as secretarias de saúde. 08) Não cumprimento das escolas públicas e privadas na exigência do cartão de vacinação atualizado: Orientar as escolas públicas e privadas, em cumprimento ao Art. 14, § 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, acerca da exigência da apresentação pelos pais ou responsáveis pelos alunos da educação infantil e do ensino fundamental, do cartão de vacinação atualizado ou de documento similar, no ato de matrícula ou rematrícula. Parcerias com as secretarias de: saúde, Assistência Social, CREAS e Conselho Tutelar. 09) Ausência de acompanhamento do calendário de vacinação das crianças e adolescentes matriculados nas escolas públicas e privadas do município: Acompanhar e monitorar as matrículas do CEMEI e das escolas para que seja verificado se os alunos matriculados em 2023 estão com a caderneta de vacinação regular. Nesta ação, caso seja identificado a existência de crianças e adolescentes com a caderneta de vacinação irregular, será realizado orientação à família para procurar a Secretaria Municipal de Saúde através do Agente Comunitário de Saúde para regularizar o esquema vacinal da criança, dando prazo para que a família atualize a informação junto à instituição de ensino. Caso a família não regularize, o Conselho Tutelar será informado, em conformidade com o ECA, para que adote as providências cabíveis no sentido de conscientização dos pais para a regularização. Parcerias com as secretarias de: saúde, Assistência Social, CREAS e Conselho Tutelar. 10) Baixa cobertura vacinal dos beneficiados do programa PBF: Atividade formativa sobre vacinação enquanto descumprimento das condicionalidades do PBF junto aos ACS; Parcerias com as secretarias de assistência social, saúde e Conselho Tutelar. A reunião de monitoramento é realizada mensalmente, tendo como objetivo a reavaliação das ações e metas alcançadas, sendo imprescindível a participação de todas as secretárias, CREAS e Conselho Tutelar. As ações retiradas em reunião tiveram inicio no corrente mês de abril com a elaboração do Plano de Ação Intersetorial para Imunização, Busca ativa vacinal dos Beneficiados pelo Programa Bolsa Família (PBF) e Benefício de Prestação Continuada (BPC) e realização dia D mensal. Será realizado todas as propostas sugeridas no Plano de Ação, com isso o número de doses aplicadas semanalmente já vem progredindo positivamente.
Em consonância com o quadro nacional da cobertura vacinal, nota-se que o município de Santa Cruz vem sofrendo um declínio na imunização nos últimos anos. Isso se deve aos fatores que vem assombrando todo o país, como as fake News relacionando negativamente a vacinação e a ausência de profissionais qualificados com afinidade a imunização. Com isso o fortalecimento da rede é de extrema importância para retomar a cobertura vacinal desejada e preconizada pelo Ministério da Saúde. Devido a resistência da população a intersetorialidade atua diretamente nos direitos, deveres e principalmente na educação em saúde da população sobre a importância da imunização da população. Vale ressaltar que as ações com exposições de calendários vacinais, busca ativa vacinal, educação em saúde nas escolas e nos programas sociais devem surtir efeito principalmente a médio e longo prazo, portanto, a avaliação dos resultados positivos deve ser feita mensalmente.
CADASTRO
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