A pandemia da covid-19 trouxe consigo a lembrança da efetividade e força das vacinas para controle de uma crise sanitária. Em situações de epidemia ou pandemia como a que vivemos recentemente, a vacinação se mostra como melhor método de controle e custo-benefício, uma vez que as vacinas são uma das mais eficazes maneiras de prevenção, evitando a evolução para casos graves e morte. No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) se tornou referência mundial por meio das altas coberturas vacinais e das campanhas de vacinação em âmbito nacional, que contribuíram para controle e erradicação de diversas doenças como a varíola, poliomielite e o sarampo. No entanto, apesar das altas coberturas e controle de várias doenças, as pessoas com o passar dos anos, se tornaram resistentes a vacinação. Diante do sucesso da imunização no país, muitas doenças tornaram-se desconhecidas, fazendo com que algumas pessoas não tenham noção do perigo representado por elas, e passem a ter uma falsa sensação de segurança, colocando a vacinação em segundo plano. Então, desde de 2016, as coberturas vacinais caíram drasticamente, situação que se agravou em 2020 com a pandemia da COVID-19. A campanha de vacinação contra covid-19 ao mesmo tempo que trouxe a vacina como fonte de esperança, reacendeu vários questionamentos a respeito da eficácia e segurança dos imunobiológicos. Neste período, o negacionismo ganhou força e as vacinas passaram a ser alvo de desconfiança e medo, as falsas notícias propagadas diariamente colocaram em dúvidas seus benefícios, o que resulta em recusa ou hesitação vacinal. Diante disto, além de identificar os fatores que influenciam as quedas vacinais, é necessário propor estratégias assertivas no enfrentamento a falta de adesão vacinal incluindo a promoção de educação em saúde no combate a desinformação. Os trabalhadores de saúde têm papel fundamental na conscientização da população. O profissional enfermeiro representa maioria no enfrentamento da pandemia e nos serviços de vacinação. Estes profissionais estão envolvidos diretamente na operacionalização das campanhas de vacinação, seja na gestão como na execução da administração de vacinas, e têm enfrentado diversos desafios para exercerem com autonomia e qualidade a arte do cuidar. Deste modo, trata-se de um estudo descritivo, no formato relato de experiência conduzido por uma enfermeira coordenadora do Programa Municipal de Imunização de Aparecida de Goiânia (GO), com intuito de relatar a importância da articulação de estratégias de vacinação em tempos de pandemia para romper as barreiras da hesitação vacinal. Propondo maneiras práticas e replicáveis para fomentar a credibilidade das vacinas frente a população, melhorando a qualidade e expectativa de vida. Evidenciando a estratégia de vacinação extramuros, com ações em formatos inovadores e atrativos como efetiva para melhoria do acesso e busca ativa do público alvo no enfrentamento as baixas coberturas vacinais no município. A promoção da educação em saúde no combate a desinformação por meio de uma comunicação assertiva, em conjunto ao desenvolvimento das ações propostas, pode contribuir como uma medida exitosa no acesso e adesão a vacinação nos municípios de todo país para o fortalecimento do PNI.
As baixas coberturas, hesitação vacinal e necessidade de novas estratégias A cobertura vacinal em Aparecida de Goiânia (GO) não diverge das encontradas em todo país, e desde de 2017 percebemos uma queda significativa, conforme figura 04. Observamos que na série histórica das coberturas vacinais apresentadas no município contra Poliomielite, no período de 2011 a 2017 as taxas vacinais se encontravam acima da meta de 95% preconizada pelo PNI, a partir de 2018 até 2022 estas tiveram um declínio considerável. Frente a esta problemática da baixa adesão a vacinação, surge em 2020 a pandemia pelo Sars-Cov-2 que agravou ainda mais a situação das coberturas para as vacinas de rotina. A população que já apresentava dificuldade em comparecer aos postos de vacinação para atualização do esquema vacinal, neste momento, deixou completamente de se apresentar em uma das 40 salas de vacinas disponíveis no município. A complacência ocorre quando os riscos percebidos de doenças evitáveis pela vacinação são baixos e a vacinação não é considerada mais importante (SOUTO et al, 2020 e KABAD, 2020). O aumento da resistência e recusa vacinal por parte da população é conceituada como “hesitação vacinal”, que significa o processo de recusa ou o atraso na aceitação de vacinas, apesar da disponibilidade nos sistemas de saúde. (BATISTA et al., 2020). As doenças reemergentes indicam que houve mudanças no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas, que haviam sido controladas por meio da vacinação em massa, e que voltaram a representar ameaça à saúde humana, incluindo-se a introdução de agentes já conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis. A história recente do Brasil, por exemplo, registra-se o retorno da coqueluche, febre amarela, e atualmente o sarampo (BRASIL, 2018) Além do alto risco para reintrodução da Paralisia infantil no país em 2022 (BRASIL,2022). Apesar das altas coberturas e controle de várias doenças, as pessoas com o passar dos anos, se tornaram resistentes a vacinação, e então, desde de 2016, as coberturas vacinais caíram drasticamente, situação que se agravou em 2020 com a pandemia da COVID19. Em Aparecida de Goiânia o contexto geral de vacinação não se desvincula da realidade atual apresentada em todo país, de baixa adesão, hesitação e recusa vacinal. Conforme descrito na pesquisa ImunizaSUS, alguns dos diversos motivos têm sido discutidos e nos levado a reflexão para se trazer soluções, dentre eles, o medo de reações adversas pós vacinais, a falta de confiança nas vacinas, e a falsa ideia de que doenças erradicadas não voltarão a acometer a população, além da falta de informação ou informações falsas sobre as vacinas. A campanha de vacinação contra COVID19 ao mesmo tempo que trouxe a vacina como fonte de esperança, reacendeu vários questionamentos a respeito da eficácia e segurança dos imunobiológicos. Neste período o negacionismo ganhou força e as vacinas passaram a ser alvo de desconfiança e medo, as falsas notícias propagadas diariamente colocaram em dúvidas seus benefícios, o que resulta em recusa ou hesitação vacinal. Apesar da hesitação vacinal, configurada na rejeição do recebimento das vacinas ou no atraso do esquema vacinal recomendado, é necessário conscientizar a população para a necessidade da imunização como forma de prevenção, já que é um dos principais métodos de redução de morbimortalidade e para o aumento da perspectiva de vida. Além disso, em situações de epidemia ou pandemia, como a que vivemos recentemente, a vacinação se mostra como o método de melhor custo-benefício. (ARAÚJO et al., 2022). O incentivo ao aumento da cobertura da Atenção Primária em saúde amplia também o envolvimento de equipes multiprofissionais, expandindo a oferta de vacina através de estratégias como a ampliação do horário de vacinação nos serviços de saúde e a oferta da vacina em postos extramuros, que contribui para que sejam superados problemas relacionados a características sociodemográficas por favorecerem o acesso à vacina. (AZAMBUJA et al., 2021). Diante desta situação, o município de Aparecida de Goiânia (GO), por meio da Coordenação de Imunização e rede de frio, traçou um plano operacional para o enfrentamento a desinformação e a implementação do serviço de vacinação que visa além do combate a desinformação a melhoria do acesso, trazendo a vacinação extramuros/itinerante como carro chefe para busca ativa do público alvo no município. Segue a descrição das rotinas de trabalho utilizadas nas estratégias em tempos de pandemia, sob o ponto de vista da gestão e apoio técnico dos atores envolvidos. Rotina de trabalho diário, desafios e limitações: relatos É certo que por trás de cada frasco de vacina disponibilizado em cada posto de vacinação, existiu muito trabalho por meio de planejamento e execução de toda logística para possibilitar o atendimento adequado, seguindo todos os protocolos de biossegurança e qualidade. Os imunobiológicos são termolábeis e por isso precisam ser conservados sob refrigeração, e o monitoramento da temperatura deve ser constante, sendo necessário equipamentos e instrumentos como: câmaras refrigeradas (com temperatura entre +2°C e +8°C); caixas térmicas utilizadas no transporte, contendo bobinas reutilizáveis para manutenção da temperatura; instrumento para a medição de temperatura; condicionadores de ar, para a climatização do ambiente, grupo gerador de energia, para possível utilização em caso de interrupção do fornecimento de energia elétrica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). A jornada de trabalho inicia às 7h00 na rede de frio municipal, local onde todas as vacinas recebidas do MS são armazenadas em conservadoras exclusivas para vacinas e preparadas para distribuição aos postos de vacinação do município. O transporte é feito em um carro próprio com refrigeração e monitoramento de temperatura em sua carroceria. Na rede de frio seguimos uma padronização na rotina das atividades a serem desempenhas, onde cada profissional tem o seu papel e função, para que haja um monitoramento rigoroso e manutenção da temperatura de todos os imunobiológicos, sempre mantidos entre +2 e +8°C, de maneira a garantir a segurança e eficácia destes. Tanto para o recebimento quanto para a distribuição das vacinas é utilizado o SIES- Sistema de Informação de Insumos Estratégicos, pelo qual são emitidas as notas de distribuição das vacinas com discriminação das Unidades solicitantes, lotes e validade de cada imunobiológico, por meio dele também é possível acessar estoque atualizado para remanejamentos sempre que necessário. Após a preparação das caixas, são separadas as vacinas de acordo com a descrição de cada nota de distribuição, em seguida organizados os insumos básicos necessários para o desenvolvimento da vacinação, tais como; seringas, agulhas, algodão, caixas de perfuro cortantes, cartões de vacinação, fichas de registros, dentre outros, essenciais para o dia de trabalho nos postos e nas ações externas que a priori demandam o maior número de atendimentos no município, chegando a 5.000 doses aplicadas em um recorde diário. Às 8h00, todos os postos de vacinação já estão aptos ao funcionamento. O acolhimento e triagem do paciente são primordiais para se evitar erros em Imunização e um atendimento humanizado. Os registros são individuais e nominais, o que demandam maior tempo do atendimento, no entanto, tão importante quanto vacinar, é registrar. Por meio dos registros pode-se realizar avaliações precisas e estudos epidemiológicos a respeito das coberturas vacinais e demais informações pertinentes a vacinação. O serviço de triagem também é desempenhado por profissionais técnicos de enfermagem e enfermeiros, uma vez que exige conhecimentos técnicos específicos para avaliação dos cartões de vacinas e registros adequados para serem inseridos no Sistema de Informação. Toda logística de insumos necessários, escalas de profissionais, estratégias para cumprir meta de vacinação de cada vacina e grupo, total de doses a serem distribuídas aos postos de vacinação, consolidados de dados e realização de relatórios de gestão faz parte das diversas responsabilidades da coordenação de Imunização. Capacitações e educação continuada para qualificação dos serviços de saúde, manter equipes atualizadas em uma área tão dinâmica é um dos desafios encontrados na gestão de Imunização em âmbito municipal. O cenário diante da pandemia e de muitos surtos de doenças imunopreveniveis exige agilidade para uma resposta rápida. Requer habilidade técnica para administrar o maior número de doses de vacinas em tempo hábil, mas também todo manejo para lidar com a logística das limitações de recursos humanos, insumos e doses de vacinas, além de ter que garantir todos os protocolos técnicos de segurança e qualidade para a administração destes imunobiológicos adequadamente. A gestão de recursos humanos também é sempre uma tarefa árdua na área de Imunização pois o trabalho de vacinação exige atualizações constantes e a rotatividade de profissionais é sempre alta.
Estratégia de vacinação extramuros/itinerante em Aparecida de Goiânia (GO) como fortalecimento das ações de imunização: relatos. Estratégia de vacinação extramuros/itinerante em Aparecida de Goiânia (GO) como fortalecimento das ações de imunização: relatos Uma das principais estratégias para reduzir a hesitação vacinal e ampliar a cobertura vacinal consiste na imunização extramuros, que a partir “de uma demanda funcional ou epidemiológica requer posicionar a imunização mais alcançável e perto do público”, como forma de alcançar a parte da população que por algum motivo não pôde ser alcançada na imunização de rotina (que ocorre nas unidades de saúde), como por exemplo moradores de rua, população indígena ou ribeirinha, ou mesmo aqueles que por algum motivo tem o acesso dificultado à UBS, seja por horário de funcionamento ou distância. (ARAÚJO et al., 2022, p.9). Figura 03. Estratégias de vacinação: Extramuros e ações de fortalecimento em Aparecida de Goiânia (GO) em abril/2023. Fonte: Coordenação de Imunização de Aparecida de Goiânia (GO) -abril/2023. O principal objetivo da vacinação extramuros consiste em abranger o maior número possível de vacinados, englobando toda a população vulnerável e que não é vacinada na situação de rotina. Para isso, a vacinação é realizada nas residências, empresas, abrigos, comunidades rurais, creches e escolas, como forma de proporcionar o acesso à vacina pela população menos acessível como populações ribeirinhas, indígenas e quilombolas. A vacinação extramuros considera aspectos como a região geográfica, vulnerabilidades relacionadas à insalubridade e infraestrutura que podem influenciar na imunidade e na suscetibilidade à doenças, níveis de poluição e possibilidades de contaminação, além de situações de epidemia e pandemia, onde as necessidades de vacinação requerem maior agilidade e ampla abrangência. (KOEHLER; SANTOS, 2017). O município de Aparecida de Goiânia tem se destacado pela estratégia de vacinação extramuros/itinerante, trazendo diversas ações desenvolvidas fora das unidades de saúde para o alcance de um público que não tem comparecido aos postos fixos. A coordenação municipal utilizou-se desta estratégia durante o ápice da pandemia e continua incessantemente buscando desenvolver ações inovadoras com intuito de realizar a busca ativa de indivíduos hesitantes a vacinação para a melhoria das coberturas vacinais. Uma vez que o público alvo não vem até as salas de vacinas, essas ações levam as vacinas para mais perto deles. Devido às limitações atuais, os resultados têm sido galgados dia após dia, são ações trabalhosas, que demandam planejamento para uma logística de recursos humanos, transporte, local acessível, estruturas e uma comunicação efetiva com a população local, para se fazer efetiva. Durante a pandemia as ações de vacinação extramuros foi o grande diferencial para alcance do público alvo em tempo oportuno. Motivo pelo qual o município se destacou no enfrentamento da covid-19 vacinação extramuros quando planejada de forma adequada, considerando recursos humanos e materiais a serem empregados, favorece, entre outros aspectos: Vacinação simultânea de toda a população suscetível, visando à melhoria contínua dos indicadores vacinais, por meio da busca ativa de suscetíveis e acesso facilitado as vacinas. No entanto, a vacinação extramuros esbarra na questão da manutenção dos imunizantes, que devem ser mantidos em temperatura adequada pois oscilações de temperatura pode alterar a composição do produto e não conferir uma imunização efetiva. (SANTOS; OLIVEIRA, 2017). No ano de 2020, a preocupação com as baixas coberturas vacinais já existia, a pandemia agravou a situação, e neste ano tivemos o menor índice de vacinação dos últimos 10 anos no município. Sendo assim, em meio à crise sanitária que se instalou, nos preocupamos em atualizar as vacinas do calendário básico de vacinação, antes mesmo do desenvolvimento da vacina contra a covid-19, mas o trabalho exigia muito cuidado diante de todas as medidas de controle de higiene e disseminação da doença. Com a crise financeira ocasionada pelo lockdown para evitar a propagação do vírus, em setembro de 2020 foi criado um projeto para entrega de cestas de alimentação por meio da secretaria de educação e de ação social, no qual a verba da merenda escolar, foi revertida em cestas básicas em auxilio as famílias carentes de estudantes das escolas e cmeis municipais. Visando oportunizar o momento da entrega das cestas básicas para além da alimentação, oferecer também cuidados de saúde e proteção para essas crianças e suas famílias, foi realizada uma parceria entre secretaria de saúde/educação e ação social. Sendo assim, no ato da entrega destas cestas, eram também ofertadas todas as vacinas de rotina para atualização dos esquemas vacinais de pais e crianças. Muitas famílias aderiram a vacinação e com isso notamos que a busca ativa viabiliza o acesso a vacinação e consegue vencer boa parte das barreiras a imunização, incluindo a hesitação vacinal. Nesse sentido, um dos principais locais para realização de vacinação extramuros no município, são escolas públicas e privadas, que oferecem espaço e estrutura para recebimento e circulação de grandes quantidades de pessoas, e que simultaneamente servem de palco para a educação em saúde e a conscientização da importância da imunização. (ARAÚJO et al., 2022). 4.1.1 Ações extramuros/itinerantes desenvolvidas no município e resultados apresentados: relatos PARQUINHO DA VACINAÇÃO Descrição das atividades: Atores envolvidos no desenvolvimento da ação: Articulação entre secretarias de saúde, educação, assistência social e comunicação. Enfermeiros, técnicos de enfermagem, estagiários de enfermagem, administrativos, motoristas, guardas civis municipais, agentes de trânsito, líderes comunitários e empresas do polo empresarial do município. Parcerias: Empresários e parceiros locais patrocinaram alguns custos cuja secretaria não dispunha de contratos vigentes para a prestação destes serviços, tais como; locação de fantasias dos super heróis, locação de brinquedos infláveis, além da compra de picolés e balas que foram doadas as crianças ao final da ação, revertendo o choro em riso. Recursos materiais necessários: tendas, trailers refrigerados, brinquedos infláveis, pula-pula, carrinho de algodão doce e pipoca, pulseiras de identificação, tnt coloridos, fantasias de personagens infantis e Zé Gotinha, tintas atóxicas de pinturas faciais, balões, certificados, mesas, cadeiras, gradil, conservadoras portáteis, vacinas, caixas de transporte de polietileno, bobinas de gelo, termômetros, seringas e agulhas, algodão, caixas de perfuro cortantes, álcool 70%, capotes, sacos de lixos comum e infectante, boletins e registros de vacinação, cartão de vacina, lápis, borracha e canetas, tablets, celulares e carros Locais de escolha: a vacinação itinerante acontece em pontos estratégicos do município que foram escolhidos demograficamente de acordo com as menores taxas de coberturas vacinais, para busca ativa de crianças e adultos faltosos ou hesitantes com esquema em atraso ou em tempo oportuno para vacinação. Promoção da Saúde e lazer em período de férias: A Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia, por meio da Superintendência de Vigilância em Saúde e Coordenação de Imunização articulou um evento denominado parquinho da vacinação” no mês de julho de 2022, com intuito de promover um momento unindo saúde e muita diversão para atrair o público infantil que atualmente apresenta menores índices de coberturas vacinais. O município já realizou duas edições desta ação. Em duas praças com maior demanda foi delimitado um espaço onde foram instalados dois trailers de vacinação, com o total de 04 salas de vacinas, pipoca, algodão doce, pula- pula e vários brinquedos infláveis, remetendo a um parque de diversões móvel, como atrativo ao público alvo. O local permitia apenas uma entrada ao evento onde o cartão de vacinação foi definido como o passaporte para acesso gratuito e garantia da diversão em todos os brinquedos, além de sair com todas as suas vacinas atualizadas. Organização, acolhimento e triagem: Ao chegar na entrada as crianças recebem pulseiras de identificação com cores diferenciadas, elas e seus pais/responsáveis são recepcionados por personagens infantis que as conduzem as mesas de triagem correspondente a cor da pulseira recebida. Esse controle é essencial para identificação dos cartões que ficam em posse da equipe de triagem para avaliação, enquanto as crianças aproveitam as atrações do parque. Passaporte de entrada: cartão de vacina. Cada profissional da mesa de triagem recolhe o cartão da criança/adulto e identifica pulseira e cartão com a mesma numeração possibilitando assim maior controle, com um atendimento ágil e localização dos documentos no momento da vacinação. Após a triagem realizada com pais/responsáveis, o profissional de saúde realiza a avaliação e registros de todas as vacinas necessárias de acordo com esquema encontrado e faixa etária da criança, nesta oportunidade os pais e toda família também são estimulados e contemplados com a atualização dos seus esquemas vacinais. Finalizada a triagem, os cartões são encaminhados as salas de vacinas com cores correspondentes as pulseiras de identificação de cada criança. Isso possibilita o acesso por parte dos pais que ao finalizar o passeio no parque, conseguem reconhecer facilmente a sala de vacinação que devem se apresentar de acordo com a cor da pulseira da criança, para a sua devida imunização e devolução dos documentos e cartão de vacina. Atualização do esquema vacinal para todas as vacinas de rotina e campanha, tanto para crianças como para adultos: A divulgação do evento convoca toda a família para se proteger contra diversas doenças imunopreveníveis, tais como febre amarela, covid-19, meningite, paralisia infantil, influenza e todas as demais. Entrega do certificado da coragem: Ao final da vacinação a criança recebe o certificado da coragem das mãos do Zé Gotinha que a presenteia com um picolé/bala devolvendo no rostinho de cada criança a alegria e o sorriso, mesmo após várias picadinhas de proteção. Presença de personagens infantis e super-heróis: Contamos ainda com a presença de vários personagens infantis, tais como Branca de Neve, Incrível Huck e Homem Aranha para atrair a criançada ao evento e garantir muita diversão e alegria a todos, unindo sempre saúde a muita diversão. Profissionais descaracterizados: Foi estrategicamente providenciada a descaracterização das vestimentas dos profissionais de saúde que usualmente vestem branco e causam medo no público infantil. Jalecos coloridos foram providenciados e todos os profissionais vestem roupas pretas por baixo invés de branco, justamente para atrair as crianças e evitar o medo tão comum do branco. Tabela 03. Total de atendimentos e vacinas aplicadas no parquinho da vacinação em Aparecida de Goiânia, 2022.
Diante do momento épico vivenciado por meio de uma pandemia como a covid-19, e uma campanha cheia de desafios e novas articulações, houve o interesse em se registrar a importância das estratégias de vacinação neste cenário de grande hesitação e abandono vacinal. Sabendo que a hesitação e recusa vacinal representam um dos principais motivos na redução das coberturas vacinais, os serviços de saúde por meio dos profissionais envolvidos precisam estar aptos a desempenhar um importante papel de combate e enfrentamento. Para que as vacinas atinjam maior potencial na saúde pública, sua aceitação pela população se torna indispensável, uma vez que perdendo os benefícios da vacinação vê-se o aumento do risco de adoecimento das pessoas, em especiais as que apresentam maior vulnerabilidade. Frente a este cenário estratégias efetivas para alcance do público alvo se fazem necessárias. O cenário mudou e precisamos nos adaptar com novas estratégias de alcance a este público tão hesitante. Uma vez que estes não se deslocam aos serviços de saúde em busca de vacinas, precisamos levar de maneira estratégica a vacinação até este público e além de levar promover educação, informação e conscientização. As vacinas e a vacinação são fundamentais o enfrentamento da pandemia e ainda para manutenção e controle de todas as doenças imunopreveníveis. Seu acesso com equidade e seu papel na mudança dos tempos que vivemos, são os desafios permanentes no caminho da promoção de justiça social. Que a vacinação ultrapasse as barreiras de todo negacionismo ou influencias geopolíticas, para então, de fato, ser a chave de liberdade para esta pandemia. Por fim, o ministério destaca que está adotando uma “estratégia dos dez passos” para ampliar a cobertura vacinal no país. São eles: 1. Manter a sala de vacina aberta em todo horário de funcionamento da unidade de Saúde; 2. Evitar barreiras de acesso; 3. Oportunidade de vacinação (em consultas e/ou outros procedimentos na unidade); 4. Monitorar a cobertura vacinal; 5. Garantir o registro adequado das doses aplicadas; 6. Orientar a população sobre atualização vacinal; 7. Combater informações falsas; 8. Intensificar ações de vacinação; 9.. Promover disponibilidade e qualidade das vacinas; 10. Garantir profissionais treinados e habilitados nas salas de vacina (BRASIL, 2021). Todas essas medidas acopladas a ações efetivas contribuirão para melhoria das coberturas vacinais e controle das doenças imunopreveníveis no país. A problemática das baixas coberturas vacinais tem se tornado preocupante, portanto, faz-se necessário a tomada de decisões alinhadas entre gestores municipais, estaduais e instituições de saúde como as UBS´s a fim de minimizar os impactos que o retorno de doenças imunopreveníveis podem ocasionar a saúde pública. Dessa forma, algumas estratégias têm se mostrado eficazes para ampliar a oferta e a adesão a vacinação, como por exemplo a flexibilização do horário de funcionamento das salas de vacina, a verificação de cartões em determinados públicos durante as ações da Estratégia Saúde da Família (ESF) e a vacinação extramuros, que sai do âmbito dos postos de vacinação fixos e passa a ser realizada in loco por profissionais de saúde, ampliando a cobertura vacinal e promovendo, simultaneamente, a educação em saúde. (SOUZA; GANDRA; CHAVES, 2020). Vacinas representam uma das formas mais eficazes de prevenção de doenças, seja com relação à evolução da doença para casos graves, seja para evitar a ocorrência de sequelas, e principalmente para evitar a mortalidade em virtude de doenças imunopreveníveis. No Brasil, as vacinas foram responsáveis pela erradicação de uma série de doenças que configuravam como as principais causas de mortalidade infantil, proporcionando aumento da expectativa de vida e melhor qualidade de vida para a população. Apesar da clara importância da vacinação, tem ocorrido nos últimos anos uma queda considerável na cobertura vacinal no país, o que configura como grave perigo para a saúde pública. Os fatores que levam a essa queda são muitos, e abrangem tanto a recusa à vacinação quanto o atraso à vacinação dentro do esquema vacinal recomendado, que considera tipo de imunizante para cada faixa etária ou determinada região geográfica. Entre os principais fatores que levam à hesitação ou recusa vacinal estão: disseminação de falsas informações sobre reações adversas das vacinas; ineficácia de campanhas de vacinação frente às falsas informações; dúvida sobre a eficácia dos imunizantes; crenças religiosas e comportamentais; acesso restrito a informações e serviço de saúde; baixo nível de escolaridade, que recai na falta de conhecimento sobre saúde; percepção equivocada da falta de necessidade de vacinação contra doenças erradicadas ou que não ocorrem com frequência em determinada região geográfica; horário de funcionamento dos serviços de saúde que ofertam a vacina; desconhecimento da necessidade de vacinação, reforço vacinal ou do calendário de imunização. Frente à tantos obstáculos que dificultam a percepção quanto à necessidade da imunização, faz-se necessária além da conscientização com uma educação em saúde, promover movimentos pró-vacinas na mesma proporção que é propagado as falsas notícias, devemos levar a verdade de uma maneira prática e esclarecedora. Realizar busca ativa de faltosos, promover estratégias inovadoras para alcance deste público de maneira a levar informação e segurança para aqueles com maior resistência e receio as vacinas, diante as falsas informações difundidas nas mídias sociais. A vacinação extramuros se mostrou efetiva, tendo êxito em todas as ações desenvolvidas pelo município. Demonstrando a importância da vacina e o papel essencial do enfermeiro na articulação das estratégias de vacinação, utilizadas em tempos de pandemia, para vencer a hesitação vacinal. Propondo maneiras práticas e replicáveis para fomentar a credibilidade das vacinas frente a população, para aumento da qualidade e expectativa de vida por meio de altas coberturas vacinais. Evidenciando a estratégia de vacinação extramuros, com formatos inovadores e atrativos como efetiva para melhoria do acesso e busca ativa do público alvo no enfrentamento as baixas coberturas vacinais no município. A educação em saúde no combate a desinformação por meio de uma comunicação assertiva, em conjunto ao desenvolvimento de todas as ações propostas, pode contribuir como uma medida exitosa no acesso e adesão a vacinação nos municípios de todo país para o fortalecimento do PNI.
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