- Gestão de Serviços e Sistemas de Saúde
Victor Hugo Matias de Brito
- 08 maio 2024
O presente roteiro traz a estratégia adotada no município de Montes Claros de Goiás para a vacinação da população em idade escolar, disponibilizando o imunizante contra Covid-19 para crianças entre 5 e 11 anos, em ambiente escolar, sob autorização prévia e documentada dos pais e supervisão dos gestores escolar.
Com um olhar voltado à dificuldade de acesso ao serviço em horário de trabalho e em dias úteis, a dificuldade de acesso ao serviço de saúde, partindo do pressuposto da dimensão territorial e também no número de moradores de Zona Rural e Distrital, a Secretaria Municipal de Saúde adota estratégias de saúde a fim de levar os serviços disponíveis a toda a população. Os atendimentos em distritos e zona rural acontecem através de cronogramas estabelecidos com antecedência, de forma mensal, através de levantamento prévio de demandas com agentes de saúde e enfermeiros da ESF pertencentes às micro áreas, onde informam as principais necessidades da população local e, também, junto às demais estratégias para grupos específicos, o planejamento é realizado. Com as estratégias de imunização, além de acompanhar nos atendimentos distritais e rurais, a realização dos dias D propostos pelo Ministério da Saúde e Regional de Saúde, a SMS ainda propõe vacinações em horário estendido, em domicilio e em ambiente escolar. Esta demanda se dá pela dificuldade de locomoção ou ainda pela logística que envolve os usuários dos serviços de saúde que trabalham initerruptamente, durante o horário de vacinação disponível na unidade de saúde. A realização da busca ativa feita através de telefones cadastrados das pessoas pertencentes aos grupos, visitas de ACS, e comunicação com familiares próximos (tendo em vista que grande parte da população se conhecem) acabou levantando que existia uma realidade que escondia a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, mesmo quando ofertados em horários estendidos, em dias D aos sábados e/ou em locais alternativos. Foi observado um numero expressivo de pessoas que relataram não ter tempo de sair do trabalho e/ou faltar para receber os imunizantes, ou ainda, levar os seus dependentes (menores ou idosos) para a unidade de saúde. Dentro do grupo de crianças entre 5 e 11 anos, foi identificado que um numero considerável de crianças não haviam ainda recebido o imunizante D-1.
Sendo assim, através da realização do dia D, a Secretaria Municipal de Saúde adotou com estratégia a locação de brinquedos, oferta de lanches e brincadeiras dirigidas para a funcionar como atrativo às crianças e pais, para que pudessem receber os imunizantes. O resultado foi satisfatório em todas as realizações de dias D propostos. No entanto, observou-se que, um determinado grupo ainda continuava sem receber os imunizantes. Foi então, que através de uma reunião com a Secretaria Municipal de Educação, através da apresentação do levantamento da importância da vacinação das crianças, de reflexões do retorno às aulas presenciais, dos potenciais riscos e também das limitações sociais, logística de locomoção e trabalhistas, a proposta da vacinação escolar aconteceu e foi bem recebida pela gestão. Após a aprovação, foi realizada uma reunião com os diretores responsáveis pelas unidades escolares e aos pais foi apresentado via divulgação de folder via grupos e redes sociais com duas semanas de antecedência à proposta para a vacinação. Com a aprovação dos pais e manifestação de interesse, um Termo de Consentimento para Vacinação das crianças foi enviado aos pais com orientações e perguntas que deveriam ser respondidas, devidamente assinado e devolvido à escola na data preestabelecida juntamente com documentos pessoais e cartão de vacina da criança autorizada. Os pais, antes ocupados em seus afazeres e obrigações, puderam confiar à gestão da escola e à equipe de saúde a imunização desejada aos filhos com segurança e praticidade, tendo acesso aos serviços de saúde de forma humanizada.
As estratégias adotadas, cada um em sua particularidade apresenta resultados satisfatórios. Ainda que, em uma promoção de estratégia aconteça uma adesão baixa, a equipe de saúde considera satisfatório a partir do momento em que uma minoria que esbarra com a dificuldade de acessar às unidades, tem oportunidade de ter acesso ao serviço com equidade, conforme o princípio do SUS, que afirma que equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior¹. Sendo assim, ainda pensando nos demais princípios de Universalização e Integralidade, o município concentra seus trabalhos em oferecer uma saúde prática, humanizada e de fácil acesso a todos os moradores do município. Entender a existência de limitações e utilizar destas como impulsionadoras do processo de melhoria e amadurecimento dos processos já existentes faz com quem as estratégias possam ser cada vez mais diretivas e eficientes. Nota-se, no entanto, que; é necessário estabelecer uma frequência maior de retornos às propostas de imunização. Entretanto, a demanda existente nas unidades de saúde, atendimentos distritais e zona rural, assim como as inúmeras campanhas e modificações de grupos, processos, modalidades de aplicação, etc, acabam por manter os colaboradores da saúde responsáveis pela imunização com cronogramas cheios, inviabilizando um retorno com rapidez. A saúde municipal tem proposto muitos serviços à escola, não se limitando apenas à imunização, mas sabe-se que ainda é um processo necessário com uma maior frequência. Apesar do alcance satisfatório de imunizações no ano de 2022 (25.503 imunizantes) tanto contra Covid-19, Influenza e demais rotinas, o foco na prevenção ainda tem sido fator predominante para o município, pois, de acordo com Leavell & Clark (1976), citados nos Cadernos de Atenção Primária: Prevenção primária é a ação tomada para remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual ou populacional antes do desenvolvimento de uma condição clínica. Inclui promoção da saúde e proteção específica (ex.: imunização, orientação de atividade física para diminuir chance de desenvolvimento de obesidade)². A busca de processos de prevenção, tem mostrado como resultados ao município um baixo número, em especifico do imunizante em questão, de pessoas positivadas pelo vírus. Sabe-se ainda que a adesão as novas doses liberadas e autorizadas têm sido baixa, entretanto, o esquema primário obteve uma adesão satisfatória. Isso se deve ao grande número de informações falsas compartilhadas em rede social, ao descredito e descrença da contaminação potencial do vírus associada ao baixo numero de pessoas positivadas nos últimos meses, e também, ao desejo desenfreado da liberdade e convivência social pós período extenso de isolamento imposto pela pandemia Covid-19. O fato é que o Município de Montes Claros de Goiás tem obtido bons resultados com os mais diversos imunizantes nos últimos anos e pretende continuar com os projetos e propostas alternativas já existentes e com novos para alcançar um público maior e incentivar a prevenção através da tecnologia cientifica disponível para todo o Brasil através do SUS.
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO