A Busca ativa orientada por geolocalização constitui-se em uma ferramenta criada no município de Angra dos Reis para auxiliar as Equipes da Estratégia de Saúde da Família na identificação, localização, classificação, registro e monitoramento de crianças imunizadas, não imunizadas ou em risco de não receberem vacinas, possibilitando a tomada de decisões para a sistematização e acompanhamento de crianças na faixa etária de 00 a 24 meses. Foi escolhida como unidade piloto a Estratégia de Saúde da Família do bairro Marinas, localizada no I Distrito, que possui atualmente 2.576 usuários cadastratos e 12 crianças na faixa etária alvo. O principal objetivo foi elaborar um projeto de intervenção, a fim de realizar a busca ativa, realizando um diagnóstico situacional, por localização espacial, além da classificação por cores, tendo a mesma aplicabilidade e função dos “mapas falantes”, trazendo informações quantitativas e qualitativas de situação vacinal. E desta ação espera-se a atualização vacinal das crianças e consequentemente a diminuição da morbimortalidade e da transmissão de doenças infectocontagiosas. Dentro da rotina de trabalho da Atenção Primária à Saúde- APS, a busca ativa para o monitoramento de diversas condições de saúde ou para a prevenção de agravos, deve ser sistematizada para que ocorra (diariamente), constituindo-se em uma importante ferramenta de vigilância. Fornecer ferramentas para a sistematização da busca ativa pelas equipes da Estratégia de Saúde da Família, de fácil visualização e classificados por cores, poderá contribuir como um processo organizador de práticas de cuidado pautadas por uma lógica territorial e, desta forma buscar uma “postura pró-ativa, frente aos problemas de sáude-doença da população.”(BRASIL, 2007, p. 22). A Busca ativa vacinal constitui-se em importante ferramenta de trabalho para a atualização vacinal; monitoramento de cobertura vacinal; acompanhar a situação vacinal da população alvo; e identificação de vulnerabilidades que levam à não vacinação. As taxas de vacinação em todo o país estão muito abaixo do esperado pelo Ministério da Saúde, que é, no mínimo, 90% do público-alvo. Sendo assim, a busca ativa, entendida como um princípio político dos processos de trabalho demonstra todo um campo de possibilidades das práticas de saúde, atuando como um procedimento técnico de identificação para uma compreensão geométrica, dentro de uma lógica de cuidado preconizado pela Política Nacional de Atenção Primária. A busca ativa vacinal se torna um princípio político de luta em defesa da vida, quando os trabalhadores da saúde rompem com os automatismos, seja do pensamento, seja da percepção, possibilitando, deste modo, a abertura para um plano de intervenção, no qual a potência política de seus movimentos possa ser explorada. Criando nas práticas, linhas de fuga para escapar da “cegueira situacional” e dar lugar para um território potencialmente planejado, de cuidado integral e longitudinal, do puerpério ao início da primeira infância, atuando de forma profilática nas doenças e agravos de grande importância para a saúde pública. A Geolocalização vacinal é fruto de parceria entre a Atenção Primária e setor de Geoprocessamento da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, com a finalidade de apresentar ferramenta de busca ativa vacinal, através de georreferenciamento e geolocalização.
A partir da Pequisa Nacional do ImunizaSUS foi possível traçar um diagnóstico da situação atual das ações de imunização realizadas nos municípios, e em nosso município possibilitou assim o planejamento de ações a serem realizadas, assim como sua frequência, organização da vacinação de rotina, campanhas, busca ativa, treinamento, atualização de profissionais e registro nos sistemas de informação. O monitoramento da cobertura vacinal através da ferramenta de geolocalização foi uma das ferramentas que lançamos mão como estratégia para o alcance de melhores indicadores de cobertura vacinal. A ausência de sistematização da busca ativa, assim como a oferta de ferramentas para que as equipes tracem seus planos de intervenção para aumento da cobertura vacinal, após análise situacional, na Unidade da Estratégia de Saúde da Família do Marinas, foi relevante para o apontamento de crianças dentro da faixa etária alvo com atraso vacinal. Observamos também que a busca ativa vacinal, importante instrumento para alcance de melhores indicadores de cobertura, já não constava mais na rotina planejada da unidade, dentro do processo de trabalho da equipe.
A primeira estratégia institucional para a implantação do Projeto de Busca Ativa por Geolocalização, se deu por meio de parceria com o setor de Geoprocessamento da Prefeitura de Angra dos Reis, onde através do Sistema SIGA (Sistema de Informação Geográfica), que usa como base de dados o Q-GIS, uma plataforma gratuita, houve a integração dos dados com o sistema de prontuário eletrônico e através deste, realizou-se a geolocalização de crianças nesta faixa etária, com classificação por cores da sua situação vacinal. A classificação por cores se dá através de marcação do domicílio, onde há crianças na faixa etária estabelecida, de acordo com sua situação vacinal. No domicílio onde a criança está com a vacinação em dia haverá uma sinalização verde; onde existe criança com esquema vacinal próximo a vencer haverá a sinalização em amarelo; onde existe criança com esquema vacinal vencido haverá a sinalização em vermelho. Com a visualização no mapa, a equipe terá uma ferramenta dinâmica, com atualiação diária, para priorização de busca ativa dentro do território adiscrito. A equipe da Estratégia de Saúde da Família do Marinas foi utilizada como unidade piloto e após esta etapa outras unidades, com cobertura vacinal baixa, serão selecionadas para implantação do Projeto.
Após análise situacional na base de dados da Estratégia de Saúde da Família do Marinas, foram observados problemas como registros inadequados, cadastros desatualizados, crianças com esquema de vacinação inferior ao esperado, além da ausência de sistematização da busca ativa vacinal. Uma grande potência do projeto, além das possibilidades de correções de registros e sistematização do processo de trabalho da busca ativa, a visualização de maneira simples da geolocalização dos domicílios e classificação das prioridades por cor, tornou-se uma ferramenta dinâmica para a realização da busca ativa. Este processo de trabalho é orientado pela sala de vacina e foi garantido na agenda de trabalho para alcance em tempo oportuno dos pacientes dentro da faixa etária alvo. Um dos desafios é a integração do SIGA com o Sistema MV, que é um sistema de prontuário eletrônico próprio do município, sendo que este processo já foi iniciado entre o setor de Geoprocessamento e o prestador do MV, para que este processo ocorra de maneira automatizada e em tempo real, sem a necessidade de envio por planilhas para a execução da geolocalização. Consideramos que a busca ativa vacinal, de forma dinâmica e de fácil visualização também nos trouxe a reflexão, onde de acordo com (PEREIRA et al., 2009) “O abandono do programa de vacinação, expressa o percentual de crianças que não chegou a completar o número mínimo de doses necessário para se proteger, e tem como fatores mais comuns a falta de esclarecimento, a presença de reações adversas maiores do que as esperadas, e o mau atendimento nos serviços de saúde.”
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO