Diante do desafio de pensarmos que a Reforma Psiquiatra não se restringe à ideia de serviços, surgiu, então, o “Saúde Mental em Movimento”. Esse projeto é uma estratégia de cuidado através da ocupação dos espaços abertos da cidade, em que os sujeitos circulam, estabelecem seus laços, seus territórios. Tendo isso em vista, planejamos encontros periódicos dos usuários em espaços públicos da cidade, onde são desenvolvidas as mesmas atividades oferecidas dentro dos equipamentos, como oficinas de música, de expressão corporal, espaço de convivência, acolhimento, etc. Além disso, através desse movimento, buscamos, também, apresentar os dispositivos da Saúde Mental para a população, e, ao interagir com ela, dialogar sobre o direito das pessoas em sofrimento psíquico atuarem na sociedade como qualquer outro indivíduo. Dessa forma, estabelecemos uma ação de articulação entre o interno e externo, numa interlocução com os territórios de vida dos usuários, estabelecendo diálogos e apresentando as múltiplas formas de cuidado em saúde mental, assumindo nos territórios um modelo de atenção com ênfase na base territorial e comunitária. Numa promoção dos direitos humanos, no sentido de garantir a autonomia e a liberdade das pessoas através da atenção centrada nas necessidades dos usuários e a diversificação das estratégias de cuidado. Nesse Projeto estabelecemos o entendimento ampliado da saúde e, por conseguinte priorizando uma abordagem do sujeito, da família e da comunidade.
Quando se fala sobre o campo da Saúde Mental e da Atenção Psicossocial, deve-se levar em consideração todo um conjunto de transformações e inovações que contribuem para a construção de uma nova imagem social para os sujeitos em sofrimento mental, superando assim o preconceito, o asilamento, a violação de Direitos Humanos, a desassistência, a medicalização e a internação como intervenções únicas e primeiras. Diante disso nossa ação busca ampliar os espaços de convivência dos usuários, possibilitar novos laços sociais e outros modos de se relacionar. Para tanto, isso deve ser construído e compartilhado, na realidade do dia a dia do território.
•Identificação dos recursos dos territórios que podem auxiliar no cuidado dos usuários,
•Estabelecimento de diálogo com a comunidade;
•Apresentação dos serviços e recebimento de usuários;
•Implicação coletiva dos trabalhadores;
•Acolhimento e convivência no território.
Ao entendermos a nossa capacidade de atuação e operacionalização dessa ação, ficou acordado a realização de um encontro por mês, porém foi necessário primeiro realizar o mapeamento dos territórios em parceria com as unidades de atenção primária, priorizando os locais do evento com maior concentração de usuários em situação de vulnerabilidade social, com rede de apoio frágil ou inexistente. Assim feito, divulgamos para a comunidade o dia da ação, transferindo toda a dinâmica de atendimento dos equipamentos de Saúde Mental para o local selecionado. A participação da comunidade foi sempre muito ativa.
Araruama, RJ, Brasil
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO