O projeto Plantando Saúde: redes de mudança na Maré desenvolve hortas medicinais em 6 unidades de saúde da Maré. O objetivo do projeto é fortalecer as clínicas da família como centros comunitários ativos, mobilizando moradores em um fazer coletivo, estimulando a participação, os espaços de trocas de conhecimentos e de promoção da saúde. Acreditamos que o engajamento dos moradores na criação e manutenção das hortas impacta positivamente na relação com as unidades de saúde, fomentando um ambiente de cuidado e pertencimento.
As hortas são manejadas semanalmente por Agentes Comunitários de Saúde e educadores, em oficinas livres, gratuitas e regulares, que visam trocar conhecimentos sobre plantas medicinais, remédios populares caseiros e cuidados em saúde. Essa iniciativa é coordenada pela Redes da Maré, organização de base comunitária, em parceria com as unidades de saúde e faz parte das iniciativas apoiadas pelo Plano Integrado de Saúde nas Favelas, da Fundação Oswaldo Cruz.

As hortas medicinais comunitárias visam incentivar o trabalho terapêutico do manejo de plantas e a fitoterapia dentro do território da Maré. A fitoterapia promove a utilização de recursos naturais acessíveis e com baixo custo, ao mesmo tempo que fortalece a relação entre os profissionais de saúde e as comunidades. Além disso, ela contribui para a humanização do atendimento, oferecendo opções de tratamento mais próximas da realidade cultural e social dos pacientes, e promovendo a autonomia e a conscientização sobre a saúde.
A ideia de que as unidades de saúde não devem ser procuradas apenas em momentos de crise, mas sim como espaços de acolhimento, escuta e promoção da saúde pode ser pensada a partir dessas iniciativas. Quando as unidades de saúde oferecem esse ambiente terapêutico e comunitário, a relação entre profissionais e moradores se transforma, gerando mais confiança e participação. Isso pode ajudar a reduzir a resistência ao atendimento preventivo e ao acompanhamento médico regular, o que, a longo prazo, contribui para uma população mais saudável e um sistema de saúde menos sobrecarregado. Esse modelo se alinha com a visão da Atenção Primária à Saúde, que busca não apenas tratar doenças, mas promover saúde e qualidade de vida dentro dos territórios.

Os resultados esperados dizem respeito tanto à saúde individual quanto coletiva. Primeiramente, espera-se a melhoria do acesso dos moradores a tratamentos naturais, diminuindo o uso de medicamentos químicos e melhorando seu bem-estar. O projeto também visa o fortalecimento da educação em saúde, com a disseminação de conhecimentos sobre o uso seguro e eficiente das plantas medicinais, integrando saberes tradicionais à medicina convencional.
As hortas estão produtivas e semanalmente as plantas são colhidas e oferecidas para a população que busca atendimento na unidade. Nesse sentido, a realização do projeto impacta não somente os moradores que participam das oficinas, mas também os profissionais e moradores que passam pelo local em busca de outros atendimentos.
Ao final, a iniciativa pode resultar na criação de um modelo replicável de cuidado comunitário, que pode ser ampliado para outros territórios e unidades de saúde do Rio de Janeiro.
A implementação das hortas medicinais comunitárias na Maré traz lições valiosas sobre saúde, participação social e sustentabilidade em territórios de favela, trazendo a importância da participação ativa dos moradores no cultivo e manejo das hortas; a importância da adaptação ao contexto local, pois cada unidade de saúde tem desafios específicos relacionados a espaço, infraestrutura e envolvimento da equipe; o potencial da medicina tradicional e natural na atenção primária que se mostram alternativas viáveis para complementar os tratamentos convencionais, especialmente em contextos de vulnerabilidade e a humanização do atendimento em saúde, transformando o espaço da unidade em um ambiente mais acolhedor e terapêutico.

A implementação de hortas medicinais comunitárias nas unidades de saúde é uma iniciativa valiosa, mas que exige planejamento e envolvimento da comunidade para ser bem-sucedida, afinal as hortas são ecossistemas vivos que precisam de cuidados diários.
O envolvimento comunitário e dos profissionais de saúde da unidade é essencial para que o projeto seja efetivo. Neste sentido, é preciso compartilhar conhecimentos e dividir as tarefas necessárias (do plantio à colheita) entre os moradores e funcionários da unidade para que o espaço esteja sempre bem cuidado.
Em relação ao plantio e manejo da horta, é essencial escolher um local ensolarado, de fácil acesso e que esteja longe ou elevado de locais contaminados. A terra usada deve ser de boa qualidade para garantir que a horta seja produtiva. As plantas medicinais devem ser selecionadas de acordo com o clima local e as condições do terreno. Para mobilizar os moradores, as estratégias de realização de oficinas, oferta de folhas de chá, remédios caseiros, mudas e trocas de sementes e plantas atrai as pessoas na valorização da horta medicinal comunitária.
A implementação de hortas medicinais comunitárias pode ser fortalecida por estratégias eficazes de comunicação e mobilização. A criação de materiais visuais, como cartazes, panfletos e vídeos curtos, ajuda a divulgar a iniciativa e engajar a comunidade. O uso das redes sociais e mídias digitais também é fundamental para ampliar o alcance do projeto e incentivar a participação. Da mesma forma, estimular os moradores a se tornarem multiplicadores do conhecimento e manter registros sistematizados das experiências contribui para a continuidade e replicação da prática em outros territórios.
Por outro lado, fatores como disponibilidade de recursos, condições climáticas e infraestrutura das unidades de saúde podem impactar o desenvolvimento das plantas e a viabilidade do projeto. Superar esses desafios envolve fortalecer parcerias institucionais, promover formações contínuas e sensibilizar a comunidade sobre a importância das hortas como espaços de cuidado coletivo e promoção da saúde.

Principal

Patrícia Ramalho Gonçalves

patriciaramalho@redesdamare.org.br

coordenação de projetos

Coautores

Patrícia Ramalho Gonçalves, Luna Escorel Arouca, Nina Escorel Arouca, Fernanda Vieira Alves de Andrade

A prática foi aplicada em

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Complexo da mare - Maré, Rio de Janeiro - RJ, Brasil

Uma organização do tipo

Terceiro Setor

Foi cadastrada por

Patrícia Ramalho Gonçalves

Conta vinculada

06 fev 2025

CADASTRO

06 fev 2025

ATUALIZAÇÃO

04 set 2024

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