Experiências Exitosas de Busca Ativa para Ampliação de Acesso e Aumento Das Coberturas Vacinais em Palmital-Sp

Palmital é um município do interior do estado de São Paulo, com duas salas de vacinação ativas e a maior parte dos atendimentos está centralizada em uma delas. Os principais problemas que contribuem para a baixa cobertura vacinal são a desinformação e questionamentos relacionados às vacinas contra Covid-19; a baixa incidência das doenças imunopreveníveis, devido a anteriores coberturas vacinais satisfatórias; e as medidas restritivas de proteção durante a pandemia, que culminaram no afastamento das pessoas, na quebra do vínculo com as equipes de saúde e na consequente não procura pela vacinação. A partir da Pesquisa ImunizaSUS, consideramos levar os hesitantes a sério, compreender suas razões sem julgamentos ou culpabilização, orientando e esclarecendo dúvidas, evitando e impedindo que as crenças para hesitação se fortaleçam e consolidem; estudar formas de produzir ações de comunicação para públicos diversos, com linguagem e meio de comunicação direcionados; e estabelecer parcerias com instituições privadas e meios de comunicação, ampliando a quantidade e qualidade das informações em circulação, visando intervir pronta e rapidamente no combate à desinformação sobre vacinas. Objetivando sempre ampliar o acesso à vacina, melhorando a cobertura vacinal, as unidades foram abertas para vacinação em período estendido/noturno; foi criado o Projeto “Vacina até Você”, estratégia de destaque nacional nos meios de comunicação e redes sociais, replicada por mais de 30 municípios; foram promovidas ações de busca ativa envolvendo a Estratégia de Saúde da Família e Secretaria de Educação, promovendo atualização da situação vacinal em creches, escolas, unidades de saúde mais próximas e domicílio; e, por fim, foi elaborada uma Declaração de Vacina para a Creche/Escola em parceria com a Secretaria de Educação e Sala de Vacina, mostrando-se a ação mais efetiva até o momento. Enfatizamos que a vacinação domiciliar para acamados e domiciliados, bem como campanhas extras de multivacinação, são ações garantidas e realizadas periodicamente. Com grande potencial e possibilidade de aplicação em nosso município, a Pesquisa ImunizaSUS sugere que os gestores engajem as pessoas e instituições nas quais os hesitantes depositam confiança, como líderes religiosos, influenciadores e empresas, para que esse contribuam com campanhas contra a desinformação. O cenário que se emoldura é crítico, observado a nível nacional, e tem exigido atenção permanente e engajamento abundante e inesgotável dos gestores públicos e profissionais de saúde envolvidos. Na tentativa de ampliar a disponibilidade e acesso aos imunizantes, existem os recursos físicos, teóricos e técnicos, oferecidos pelas três esferas do governo, contra a escassez de alguns imunobiológicos contra Covid-19 e de mão de obra qualificada, além da desinformação promovida em rodas de conversa informais e pelas redes sociais. Nesse contexto, a Pesquisa ImunizaSUS nos ajuda a compreender as hesitações e oferece estratégias para um melhor acolhimento desse público e para promoção de ações mais direcionadas e, consequentemente, efetivas.

Em nosso município, percebemos que um dos principais problemas que contribuem para a baixa cobertura vacinal foi a desinformação e questionamentos relacionados às vacinas contra Covid-19. A insegurança sobre essas vacinas, suas composições, objetivos e eficácias, aparentemente se dispersaram por todos os outros imunizantes. Outra situação de destaque é que a baixa incidência das doenças imunopreveníveis, devido às satisfatórias coberturas anteriores, levou a uma equivocada tranquilidade da população que, com o passar do tempo, passou a julgar as vacinas desnecessárias e dispensáveis. A pandemia de Covid-19 também teve sua participação nas coberturas vacinais. Com as medidas restritivas, o isolamento social e domiciliar, o medo de circular por espaços públicos, e a aversão às Unidades e Profissionais de Saúde que eram pontos de apoio e acolhimento aos sintomáticos respiratórios, culminaram no afastamento abrupto das pessoas, na quebra do precioso vínculo com as equipes de saúde e a consequente e lamentável não procura pela vacinação. Tendo em vista as estratégias descritas na Pesquisa ImunizaSUS, consideramos, a partir dos próximos projetos e propostas, levar os hesitantes a sério, buscando compreender suas razões sem julgamentos ou culpabilização, orientando e esclarecendo dúvidas, evitando e impedindo que as crenças para hesitação se fortaleçam e consolidem; estudar formas de produzir ações de comunicação para públicos diversos, com linguagem e meio de comunicação direcionados; e estabelecer parcerias com instituições privadas e meios de comunicação, ampliando a quantidade e qualidade das informações em circulação, visando intervir pronta e rapidamente no combate à desinformação sobre vacinas.

Com o cursar da pandemia, embora enfrentássemos no segundo semestre de 2021 a profunda gravidade dos casos de Covid-19 e um grande número de óbitos pela doença, a disseminação das falsas informações e a hesitação vacinal levavam ao aumento das recusas e dos faltosos com esquema vacinal incompleto e em atraso. Objetivando ampliar o acesso à vacina, estimular a vacinação contra Covid, e melhorar a cobertura vacinal, as unidades foram abertas para vacinação em período estendido/noturno. Visando facilitar ainda mais esse acesso, a Vigilância Epidemiológica, Secretaria de Saúde e Prefeitura Municipal, criaram o Projeto “Vacina até Você”. Esta ação buscava contemplar principalmente as pessoas que não tinham tempo ou condições de deslocamento para irem até a unidade de saúde. Em uma ambulância adequada para a proposta, uma equipe composta por motorista, visitador, digitador, vacinador e locutor, circulava à noite pelos bairros da cidade, em datas pré definidas e divulgadas. Comparada ao “carro do ovo” e “da pamonha”, na época, foi uma estratégia de destaque nacional e internacional nos meios de comunicação e redes sociais, pois, além da sirene chamar a atenção da comunidade, o locutor convocava os munícipes e estimulava a vacinação por meio do microfone do veículo. A repercussão pode ser notada através da busca por ‘carro da vacina Palmital’ em ferramenta de pesquisa na internet, ou até mesmo por meio dos links https://globoplay.globo.com/v/10054707/ e https://futebolglobocbn.globo.com/media/audio/361155/inspiradas-em-palmital-sp-cidades-adotam-carro-da-.html. Ao longo do ano de 2022, acompanhando algumas coberturas vacinais dos calendários da criança e do adolescente não atingidas, a Vigilância Epidemiológica desenvolveu ações de busca ativa envolvendo a Estratégia de Saúde da Família e Secretaria de Educação. Inicialmente, foi enviada aos pais e responsáveis, pelos coordenadores das unidades de ensino e cuidado, a solicitação das carteiras de vacinação das crianças. Uma vez que todas as carteiras estivessem separadas, eram avaliadas pela V.E. Para os responsáveis das crianças em situação irregular, foi enviado pedido de autorização e comparecimento para atualização. Em seguida, vacinadoras foram até essas unidades conforme agendamento estabelecido com cada coordenador para vacinação pontual acompanhada dos pais ou responsável. A fim de facilitar o acesso à vacinação do calendário básico, a Vigilância Epidemiológica fez um levantamento de faltosos por área territorial de acordo com a abrangência de cada unidade de Estratégia de Saúde da Família e enviou as relações nominais. Por meio de contatos telefônicos e visitas domiciliares dos Agentes Comunitários de Saúde, foi possível atualizar endereços convocar os responsáveis para regularizarem a situação vacinal das crianças em data e horário programado na respectiva unidade de ESF. Em um segundo momento, diante do não comparecimento de algumas das famílias convocadas, para aprofundar a busca e eliminar qualquer barreira de deslocamento ou acesso, foi feito novo contato para agendar a regularização da situação vacinal das crianças em domicílio. Em 2023, a Vigilância Epidemiológica desenvolveu uma Declaração de Vacina para a Creche/Escola em parceria com a Secretaria de Educação e sala de vacina. As equipes gestoras das unidades de cuidado e ensino passaram a exigir sistematicamente a apresentação dessa Declaração. Para isso, os pais e responsáveis foram orientados a comparecer com a carteira de vacinação da criança na sala de vacina para avaliação e. se necessário, com a criança para regularização. Uma vez, atualizada, a sala de vacina emite declaração a ser entregue na unidade que a criança frequenta. Esta, até o momento, mostrou-se a ação mais efetiva. Ressaltamos que a vacinação domiciliar para acamados e domiciliados, bem como campanhas extras de multivacinação, são ações garantidas e realizadas periodicamente em nosso município. Ainda não explorada recentemente como estratégia para enfrentar a desinformação, com grande potencial e possibilidade de aplicação em nosso município, a Pesquisa ImunizaSUS sugere que os gestores engajem as pessoas e instituições nas quais os hesitantes depositam confiança, como líderes religiosos, influenciadores e empresas, para que esse contribuam com campanhas contra a desinformação.

O cenário que se emoldura é crítico, observado a nível nacional, e tem exigido atenção permanente e engajamento abundante e inesgotável dos gestores públicos e profissionais de saúde envolvidos. Grandes tem sido os esforços dos Governos Federal, Estadual e Municipal, a fim de promover o aumento das coberturas vacinais, providenciando recursos físicos, teóricos e técnicos, na tentativa de ampliar a disponibilidade e acesso aos imunizantes. Com a escassez de alguns imunobiológicos contra Covid-19 e de mão de obra qualificada, o planejamento passa por comprometimentos e adaptações. A desinformação promovida em rodas de conversa informais, muitas vezes sem embasamento teórico-científico, e pelas redes sociais, só agravam ainda mais esta alarmante situação. A publicação da Pesquisa Nacional sobre Cobertura Vacinal, seus Múltiplos Determinantes e as Ações de Imunização nos Territórios Municipais Brasileiros subsidia teoricamente nossa compreensão das hesitações e recusas enfrentadas no cotidiano, oferecendo estratégias e alternativas reconhecidas e validadas para um melhor acolhimento desses hesitantes e promoção de ações mais direcionadas e, consequentemente, efetivas.

Principal

Sandra Regina Thomé

Coautores

Adriana Nascimento de Oliveira Miranda, Iracema Pinto Cardozo, Joana Gleice da Silva Oliveira Amorim

A prática foi aplicada em

Região

Esta prática está vinculada a

Instituição

Uma organização do tipo

Instituição Privada

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ideiasus@gmail.com

23 dez 2023

CADASTRO

23 dez 2023

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Concluída

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