Este trabalho objetiva retratar as ações de imunização desenvolvidas, no município, para a garantia da proteção específica contra doenças imunopreviníveis. A queda da cobertura vacinal é resultado de inúmeros fatores, dentre eles destaca-se a ampla circulação de informações falsas e distorcidas o que implica diretamente na hesitação vacinal. Atrelado a isso existe as dificuldades operacionais como o acesso à população e embaraços com as inconsistências do sistema de informação do PNI. É nesse cenário desafiador que a equipe de imunização trabalha para alcançar os indivíduos e atingir a cobertura vacinal preconizada, objetivando ofertar proteção à população. Faz-se necessário, portanto, estabelecer ações mais assertivas nas estratégias de imunização e estabelecer manobras para contornar as questões de hesitação vacinal.
Atualmente os trabalhadores das salas de vacina se veem sobrecarregados de informações e atribuições: são vários imunizantes com preparos e dosagens diferentes e os sistemas de informação que exige atenção e habilidade. É, portanto, um trabalho que exige muita responsabilidade e comprometimento. Além dos trabalhos na sala de vacina propriamente dito, existem ainda as atividades extramuros que exige disposição e empatia por parte profissional para de fato alcançar os indivíduos suscetíveis e marginalizados que são em número considerável no município. Somado a isso, enfrentamos o problema da hesitação vacinal que tem desgastado a equipe vacinadora por conta da dificuldade de captação do público alvo. E é nessas circunstâncias desafiadoras que trabalhamos cotidianamente para alcançar os indivíduos e atingir a cobertura vacinal preconizada pelo PNI e ofertar proteção à população. Além da sistemática vacinação de rotina fazemos, com frequência, vacinação nas localidades remotas e em pacientes sem mobilidade e condições de acesso à unidade de saúde. É rotineiro também a busca ativa de faltosos que fazemos através dos Agentes Comunitários de Saúde – ACS e por meio do whatsapp da unidade (cada unidade tem um whatsapp institucional). A vacinação em população específica também é uma estratégia utilizada pelas equipes. Através do Programa Saúde nas Escolas – PSE, promovemos a atualização da situação vacinal dos estudantes e toda a comunidade escolar. Utilizamos também o espaço da unidade hospitalar e casa do idoso para vacinar os trabalhadores e usuários. As unidades básicas de saúde também adotaram o cartão de vacina como documento obrigatório para realização de quaisquer procedimentos/consultas no PSF. Desse modo, todos os usuários, de todas as idades, ao apresentar o cartão, tem sua situação vacinal avaliada e atualizada. Isso facilita a captação dos faltosos e favorece a organização dos registros no sistema.
Preliminarmente, faz-se necessário recuperar a percepção positiva sobre a importância, segurança e eficácia das vacinas que o PNI revelava e foi se perdendo nesses últimos anos. Para tanto, é indispensável a propagação de informações fidedignas e bem documentadas nos diversos meios de comunicação e por meio dos próprios profissionais de saúde, o popular “boca a boca”. Para tal propósito, devemos contar com os ACS que são peça chave e fundamentais no processo de informação em saúde. Além disso, deve-se provocar o engajamento da enfermagem, que é a força maior de trabalho nas salas de vacina, como veículo de informações irrefutáveis em imunização para a população, fazendo uso de espaços comunitários e abordagens individualizadas. Deve ser encorajada a intensificação de ações extramuros e busca ativa dos não vacinados pois essas são estratégias que trazem resultados rápidos e visíveis. Pode-se pensar também em uma equipe específica e móvel de vacinadoras que fique a cargo de fazer os trabalhos extramuros o que reduziria a sobrecarga dos trabalhos na unidade.
O declínio na cobertura vacinal é um problema crescente e a falta de reparos incorrerá no retorno de doenças já erradicadas como é o caso do sarampo, que perdemos a certificação de eliminação do vírus em 2018 (SILVA, 2021). Ademais, o surgimento de novas variantes de vírus provocará novas epidemias o que significa sobrecarga do sistema público de saúde. A pandemia da COVID-19 descortinou as fragilidades do SUS e instalou um cenário de infodemias de fakenews sobre os imunizantes, o que implica diretamente na hesitação da vacina e consequentemente na queda da cobertura. Nesse sentido, faz-se necessário, estabelecer ações mais assertivas nas estratégias de imunização e, para isso, é imprescindível conhecer o perfil da população a ser vacinada, identificar os principais motivadores para o atraso e/ou recusa da vacina e a partir daí estabelecer manobras para contornar as questões de hesitação vacinal.
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO