A terapia comunitária online em Volta Redonda: da implantação aos resultados em um ano de projeto

Em 2021, a pandemia covid-19 já instalada, trouxe muitos desafios aos municípios. Entre eles, lidar com o impacto à saúde mental da população. O cenário encontrado pelo novo núcleo de gestão municipal, permitiu que se repesassem as estratégias de cuidado já desenvolvidas, incorporando tecnologias e novas formas de acesso para garantir a saúde como direito e estabelecer o cuidado integral das pessoas. A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) faz parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Tem o objetivo de promover saúde com a construção de vínculos solidários, valorização das experiências de vida dos participantes, resgate da identidade, restauração da autoestima e da confiança em si, ampliação da percepção dos problemas e possibilidades de resolução a partir das competências locais. (Andrade et al., 2009). A cidade de Volta Redonda tem uma história com as rodas de TCI, durante anos a terapia esteve dentro dos territórios na Atenção Primária, trabalhando como apoio de maneira intersetorial em escolas, Cras, etc. Portanto é um recurso terapêutico amplamente conhecido pela população. Neste momento de instabilidade no país, as rodas assumiram um novo formato no ambiente virtual, utilizando para isso diversas plataformas. Esse relato descreve desde a implantação da TCI online como ferramenta no apoio a saúde mental, como os resultados alcançados em um ano de projeto, no município de Volta Redonda (RJ).

Objetivos gerais: promover saúde mental de forma segura e de fácil acesso aos munícipes. Objetivos específicos: 1)Acolher as famílias das vítimas de covid-19 no município com um espaço de fala e escuta democrático e inclusivo.2) Diminuir o impacto sobre a saúde mental da população e dos profissionais de saúde durante a pandemia. Para a sua implantação primeiramente foi necessária uma reunião da coordenação da Atenção Primária em Saúde, idealizadora do projeto com a gestão dos recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação da cidade. Nesta época (03/2021), o Conasems firmou parceria com a Zoom Vídeo Communications Inc., que disponibilizou, licenças gratuitas para apoio aos gestores municipais de saúde. Com a definição da plataforma a ser utilizada, a secretaria de saúde viabilizou o local para a TCI acontecer. Optou-se por uma sala não utilizada em uma unidade básica de saúde da família, com bom acesso à internet local da prefeitura, que já dispunha de recursos como computador com webcam e microfone. Foram contratadas duas terapeutas que neste espaço físico promoviam duas rodas diárias para todo o município. Durante quatro dias na semana, oito rodas eram realizadas, nas quartas feiras, era realizada reunião das terapeutas, para discussão do processo de trabalho e lançamento das produções no sistema E-SUS. Para a população, foi criado um link com formulário de inscrição para a terapia on-line, divulgado pelo setor de comunicação da cidade nas redes sociais, disponível na página web: https://www.voltaredonda.rj.gov.br. Pelo formulário, as terapeutas tinham acesso ao telefone dos usuários e aos e-mails, por onde são enviados os links de acesso a sala virtual da terapia on-line. O setor de tecnologia da informação, oferecia suporte aos usuários com maior dificuldade no uso do aplicativo.

A implantação foi em maio de 2021, após dois meses de reuniões, para definição de espaço físico, definição dos recursos humanos envolvidos, escolha da plataforma, redes e formas de acesso e divulgação da prática. Como resultados alcançados até setembro de 2023 foram realizados 936 grupos de TCI online, com 1830 inscritos. Além dos inscritos da região, participam pessoas de diversos Estados brasileiros, quebrando barreiras geográficas, promovendo acesso e equidade, garantindo a saúde de forma integral.

Assim, em meio ao caos de um cenário pandêmico, a gestão pôde oferecer um apoio terapêutico seguro e abrangente com foco na saúde mental. Foi possível construir uma rede de apoio solidário, já que dentro da roda as pessoas encontravam recursos de superação para seus problemas, baseados nas trocas de experiências de vida uma das outras.Percebemos através dessa iniciativa, que momentos de calamidade contribuem para as transformações dos processos de trabalho, resignificando e adaptando modelos existentes, para garantir que os princípios regentes do Sistema Único de Saúde (SUS) não se dissolvam. Por fim, ainda se enfrentam obstáculos como a cultura digital necessária para o uso das tecnologias, trazendo os impactos da desigualdade na assistência. Mesmo assim, o resultado das rodas na saúde das pessoas que participaram foi positivo, promovendo e integrando a saúde física e mental, otimizando os recursos já disponíveis na rede de atenção à saúde. Recomenda-se o acompanhamento regular e contínuo das rodas realizadas, assim como o registro das mesmas no e-SUS. O monitoramento continuo permitiu a consolidação dessa experiência, uma prática do SUS para o SUS.

Principal

Sílvia Mello dos Santos

silviamello30@hotmail.com

Apoio Técnico Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda-RJ

Coautores

Vanja Maria Moreira da cunha, Carmen rosimar Cabral de Souza, Mayre Rassi

A prática foi aplicada em

Volta Redonda

Rio de Janeiro

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Sílvia Mello dos Santos

Conta vinculada

02 jun 2023

CADASTRO

24 ago 2024

ATUALIZAÇÃO

03 mar 2021

inicio

12 set 2023

fim

Condição da prática

Andamento

Situação da Prática

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