O programa Rolê Agroecológico tem como base leis que promovem a alimentação orgânica em escolas públicas (BRASIL, 2009; SÃO PAULO, 2015), estabelecendo um mínimo nacional de 30% para essas compras — percentual que será elevado para 100% na cidade de São Paulo até 2026. Por meio desta iniciativa, a Prefeitura avança na saúde planetária, alinhando a aquisição sustentável de alimentos escolares aos processos educativos. O programa destaca a centralidade dos sistemas alimentares (DECLARAÇÃO, 2021), institucionalizando o currículo de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) no ensino fundamental (SÃO PAULO, 2024) e alinhando-o à perspectiva da saúde planetária, dada a sua complementaridade (CARVALHO et al., 2024; LAHAM et al., 2024).
Os objetivos de 2024, primeiro ano do programa, concentraram-se no engajamento dos participantes: 1) 50 agricultores e 2) 332 escolas, visando envolver até 50.000 estudantes. Lançado por meio do Edital Público nº 01/SME/CODAE/2023, o programa promove visitas educativas de alunos de 11 a 12 anos a hortas e parques urbanos e rurais da cidade, oferecendo refeições e kits alimentares com produtos locais. A organização da sociedade civil CREN – Centro de Recuperação e Educação Nutricional – é responsável pelo suporte técnico: assistência em nutrição e apoio aos agricultores, além de suporte pedagógico para professores.
Para os agricultores, foi oferecido um curso de boas práticas no manejo de alimentos, auxiliando na preparação de kits e refeições. Para os educadores, foi disponibilizado um eBook com orientações pedagógicas sobre como engajar os alunos na experiência. Como método de avaliação, o programa priorizou a documentação interna dos processos por meio de formulários de controle, possibilitando consolidar dados de implementação para escolas e agricultores. Todos os participantes consentiram com o compartilhamento de dados antes de participarem das atividades.
Desafios específicos para o engajamento incluíram: 1) curto período de treinamento antes das primeiras visitas; 2) problemas imprevistos, como condições climáticas, autorização parental e motivação interna, que levaram ao cancelamento de algumas visitas. Desafios mais amplos envolveram a implementação do programa em ano eleitoral municipal, trazendo restrições legais à comunicação institucional e dificultando a interação com escolas e partes interessadas. A governança interdepartamental também enfrentou dificuldades para alcançar plena colaboração intersetorial entre diferentes secretarias municipais.
Em 2024, o programa envolveu: 1) 69 agricultores, produzindo 15.569 refeições e 18.211 kits agroecológicos, todos dentro dos parâmetros de fornecimento; 2) 22.221 estudantes de 325 escolas, envolvendo até 1.495 educadores. Os resultados indicam forte aderência às metas: o objetivo de engajar 50 agricultores foi superado em 38%; o objetivo de 332 escolas foi atingido em 97,9%.
Para o primeiro objetivo, relacionado ao engajamento dos agricultores por meio do curso de boas práticas, recomenda-se: i) expandir o curso para mais polos regionais; ii) oferecer versão remota; iii) manter a disponibilidade contínua do curso independentemente do calendário escolar. Quanto ao segundo objetivo, voltado às escolas, o material foi considerado pontual; recomenda-se uma iniciativa mais ampla na forma de curso para professores, enfatizando a natureza interdisciplinar da EAN — estimulando educadores de diversas disciplinas a engajar-se no programa Rolê Agroecológico.
Com procedimentos operacionais estabelecidos em 2024, o programa visa ampliar os objetivos de agricultores e escolas e apoiar a avaliação de indicadores psicométricos em desenvolvimento. As contribuições incluem não apenas a implementação de um modelo de colaboração interdepartamental e intersetorial para a sustentabilidade dos sistemas alimentares — reconectando escolas aos seus territórios — mas também o desenvolvimento de métricas de avaliação que considerem múltiplos determinantes da saúde planetária, como segurança alimentar e nutricional, resiliência ecológica e equidade social, evidenciando a integração transversal entre EAN e a perspectiva da saúde planetária.
Rolê Agroecológico is grounded in laws promoting organic food in public schools (BRAZIL, 2009; SÃO PAULO, 2015), which set a national minimum of 30% for these purchases — raised to 100% in São Paulo city by 2026. Through this program, the City Hall advances planetary health by aligning sustainable school food procurement with educational processes. It highlights the centrality of food systems (DECLARATION, 2021), institutionalizing a Food and Nutrition Education (FNE) curriculum in elementary education (SÃO PAULO, 2024) and aligning it with the lens of planetary health, given their complementarity (CARVALHO et al., 2024; LAHAM et al., 2024). The 2024 objectives, in the program’s first year, focused on participant engagement: 1) 50 farmers and 2) 332 schools, aiming to involve up to 50,000 students. Launched via Public Notice No. 01/SME/CODAE/2023, the program promotes educational visits for 11–12-year-old students to gardens and parks in urban and rural areas of the city, offering meals and food kits with local produce. The civil society organization CREN – Center for Recovery and Nutrition Education – is responsible for technical assistance: nutrition and farmer support, and educational assistance for teachers. These services are considered engagement strategies and were developed and implemented by CREN. For farmers, a course on good food handling practices was offered, supporting the preparation of food kits and meals. For educators, an eBook was presented on how to pedagogically engage with the experience. As an evaluation method, the program prioritized internal process documentation via control forms, enabling the consolidation of implementation data for both schools and farmers. All participants were asked to consent to data sharing before engaging in activities.
Specific challenges for engagement included: 1) short time frame for training before the first student visits; 2) unforeseen issues such as weather, parental authorization, and internal motivation, which led to the cancellation of some visits. Broader challenges included implementing the program during a municipal election year, which brought legal restrictions on institutional communication and hindered communication with schools and stakeholders. Interdepartmental governance also faced difficulties in fully achieving intersectoral collaboration among different municipal secretariats.
In 2024, the program engaged: 1) 69 farmers, producing 15,569 meals and 18,211 agroecological food kits, all in line with food supply parameters; 2) 22,221 students from 325 schools, involving up to 1,495 educators. These results indicate strong adherence to the goals: the target of engaging 50 farmers was exceeded by 38%; the target of 332 schools was 97.9% met.
For the first objective, engaging farmers through the good practices course, we recommend: i) expanding the course to more regional hubs; ii) offering it remotely; and iii) maintaining ongoing course availability regardless of the school calendar. Regarding the second objective, focused on schools, the material was considered punctual; a broader initiative is recommended in the form of a course for teachers, emphasizing the interdisciplinary nature of FNE — encouraging teachers from various subjects to engage with the Rolê Agroecológico program. Looking forward, with the operational procedures already established in 2024, the program aims to expand its targets for farmers and schools and support the evaluation of developing psychometric indicators. Contributions to the field include not only the implementation of an interdepartmental and intersectoral collaboration model for food system sustainability — by reconnecting schools with their territories — but also the development of evaluation metrics that consider the multiple determinants of planetary health, such as food and nutrition security, ecological resilience, and social equity, highlighting the cross-cutting integration between FNE and the planetary health perspective.
