O movimento SOS Educação Popular está presente em 7 núcleos no estado do Rio de Janeiro, sendo 3 deles na capital: Chapéu Mangueira/Babilônia (Leme), Padre Miguel e Realengo.
O projeto “Semeando um novo mundo: agroecologia e educação popular” tem como objetivo promover a coordenação em rede das unidades de Educação Popular do Movimento SOS Educação Popular. Nesse sentido, nos propomos a articular o Pré-Vestibular Popular no Chapéu Mangueira/Babilônia, o Pré-Técnico Popular no Instituto Federal do Rio de Janeiro, no campus Realengo, e o Pré-Vestibular Popular na ONG Projeto de Liberdade, na Vila Vintém. Buscamos realizar as atividades do núcleo em vinculação com outras práticas territoriais, sobretudo no que se refere à promoção de saúde, como a Horta Comunitária da Babilônia, a Cozinha Solidária do Chapéu Mangueira e fomentar o comércio local da Zona Oeste.
O projeto tem como área temática o apoio social, pois entendemos que a falta de acesso a espaços de educação de qualidade e com uma prática pedagógica crítica e emancipadora se dá pela falta de oportunidades decorrente da desigualdade social que estrutura a nossa sociedade. É nossa tarefa a constante tentativa de suprir as lacunas criadas pelo racismo, machismo, LGBTQIA+fobia e pela sociedade de classes, opressões essas que historicamente constituíram a questão social no nosso país.
Assim, entendemos a indissociabilidade do apoio social e do apoio à educação: buscamos acessibilizar espaços educativos, como instituições públicas e de qualidade, como o IFRJ, e bibliotecas comunitárias, como a da Casa da Árvore. Por meio de uma pedagogia territorializada, temos como objetivo viabilizar o acesso da população favelada ao Ensino Médio e ao Ensino Superior, que muitas vezes sequer chegam a ser uma opção dada a falta de acesso à educação.
Esse processo de adoecimento social acarreta no agravamento das condições de saúde mental dessas populações. Entendendo os impactos da omissão e da elitização da saúde mental, buscamos por meio do fortalecimento dos vínculos comunitários e acompanhamento dos estudantes fortalecer o debate sobre essa dimensão da saúde.
Por fim, buscamos promover territórios sustentáveis e saudáveis, integrando os projetos já existentes na comunidade, valorizando a mão de obra local, construindo espaços coletivos de produção de saúde, como hortas comunitárias.
O Movimento SOS Educação Popular tem uma história sólida de envolvimento nas favelas do Chapéu Mangueira e da Babilônia, principalmente em colaboração com o Projeto Além do Morro, desde o período da pandemia. Juntos, revitalizaram o sobrado da Casa da Árvore, transformando-o em um vibrante espaço comunitário com uma variedade de atividades educativas e culturais voltadas para as crianças locais, incluindo oficinas musicais, aulas de capoeira, grafismo e muito mais. Além disso, promoveram a soberania alimentar por meio do Mutirão pelo Bem Viver, distribuindo cestas agroecológicas e estabelecendo tanto a Horta Agroecológica, que forneceria insumos para a Horta Comunitária da Babilônia, hoje em vigência.
Durante a pandemia, o Movimento SOS Educação Popular fortaleceu laços com a Zona Oeste do Rio de Janeiro ao disputar o uso do Parque Verde, administrado pela prefeitura e controlado pelo Exército. Junto a outras organizações, propuseram iniciativas de ocupação e resistência, como a criação de uma horta comunitária. Apesar da redução da força dessa luta devido aos reveses enfrentados tanto pela prefeitura, quanto pelo Exército, o coletivo mantém presença na comunidade com o Curso Pré-Técnico Popular em parceria com o IFRJ campus Realengo, próximo ao Parque Verde.
Recentemente, o coletivo ampliou seu alcance para a Vila Vintém, em Padre Miguel, respondendo ao convite da ONG Projeto Liberdade para coordenar um curso Pré-Vestibular Popular. Por meio da articulação com a ONG Projeto Liberdade, que possui um espaço de referência cultural na Vila Vintém de usufruto da comunidade há mais de década, está sendo estruturado curso Pré-Vestibular Popular para atender a comunidade desta favela, a ser iniciado ainda em 2024 nova turma de estudantes.
Projetos de Educação Popular a partir de uma perspectiva territorial são fundamentais para democratizar o acesso à educação e fomentar o pertencimento e a coletividade em territórios periféricos. Para a realização de projetos de Educação Popular, é necessário que existam trabalhos de articulação com lideranças comunitárias, entendendo a demanda da comunidade e os projetos e espaços que já são produzidos no seu interior. Também é vantajoso envolver instituições de ensino públicas que fortalecem o acesso da comunidade aos equipamentos públicos, entendendo-os como espaço de ocupação. Um projeto de Educação Popular requer também constantes formações e debates, para que a prática do projeto se aproxime de uma educação de fato emancipadora, se contrapondo ao ensino tradicional da educação bancária, conforme Paulo Freire postura.
Chápeu Mangueira - Leme, Rio de Janeiro - RJ, Brasil
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