A Educação Popular em Saúde representa um espaço de fortalecimento e defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), da qualidade do cuidado e das práticas educativas em saúde, por meio da formação e da mobilização de pessoas trabalhadoras, conselheiras e usuárias da saúde. Todas as pessoas, de alguma maneira, têm um conhecimento sobre a saúde, um conceito ou uma cultura. Isso é que faz com que as pessoas se cuidem de maneiras variadas. Assim, como os saberes científicos precisam ser ressignificados para que as pessoas possam de fato compreender, o mesmo acontece com o conhecimento informal. Ao observarmos o aumento de enjeitamento aos serviços ofertados pelas unidades de saúde do município, a falta de vínculo e compromisso da população com tudo o que acontecia nas unidades, resultando em baixos índices dos indicadores, viu-se a necessidade de mudanças na forma de prestar esse serviço e chegamos a conclusão de que necessitávamos ouvir o território. Dessa forma iniciamos mudanças no processo de abordagem, onde, conversando com os profissionais das unidades, foi falado sobre solidão, sobre suas frustrações, desânimos e sobre como poderíamos mudar esta situação. E assim iniciamos as rodas de conversa dentro das equipes de saúde e também em conversas individuais, na busca pelo diagnóstico situacional, emocional e epidemiológico de cada território. Dessa forma, foi possível pontuar os principais problemas encontrados em cada área e elencar prioridades para a resolução dos mesmos.
Objetivo geral:
Restaurar o vínculo e o acompanhamento das unidades de saúde com os seus territórios
Objetivos específicos:
Identificar os principais causadores do afastamento entre equipe e território;
Capacitar os profissionais para enfrentamento dos problemas encontrados
Transformar os saberes técnicos e informais, em pontes entre equipe e território
Resgatar a confiança da população nos serviços prestados pelas unidades de saúde
Após análises dos dados nos sistemas de saúde do município, foi possível observar indicadores de saúde com porcentagens muito baixas, diante disto, iniciamos uma peregrinação em busca dos fatores responsáveis pelos resultados encontrados. Todas as equipes do município de Fagundes são compostas por médico, enfermeiro, dentista, técnico de enfermagem, técnico em saúde bucal e Agentes Comunitários de Saúde, como preconiza o Ministério da Saúde e foi em rodas de conversa com esses profissionais que iniciamos um processo de diagnóstico situacional e epidemiológico do território. Através desses momentos, foi possível pontuar uma série de situações que estavam bloqueando a chegada da população a unidade de saúde como, a falta de estímulo dos profissionais, dificuldades no processo e na forma de abordar alguns temas, ausência de educação permanente para as equipes, dificuldades no manejo dos sistemas, a falta de conhecimento e reconhecimento da área de abrangência, causando dificuldades em reconhecer fragilidades e potencialidades, e por fim, mas não menos importante, a falta de resolutividade dos problemas, gerando com isso, a falta de confiança no serviço, por parte dos usuários.
O diagnóstico situacional e epidemiológico encontrado foi o grande norteador de prioridades elencadas, onde, foi observado que a educação permanente ganhou um local de destaque, iniciamos capacitações para todos os profissionais das unidades de saúde, abordando temas da rotina diária, e mostrando formas diferentes de abordar esses temas utilizando a educação popular em saúde e trazendo a rotina e cultura dos usuários para dentro do serviço e da discussão. Em seguida, iniciamos o reconhecimento do território, elegendo todas as potencialidades e fragilidades encontradas em cada área de abrangência, para que dessa forma, fosse possível ligar os problemas de saúde encontrados, as formas de conversar sobre o assunto e as possibilidades de usar as potencialidades encontradas, como aliadas no processo de prevenção, promoção e proteção da saúde. E continuamos na escuta diária, de profissionais e comunidade, na busca de fornecer serviços que realmente fossem construtivos e resolutivos. Com esta prática, foi possível, trazer o território para o seu lugar de direito, e dessa forma, estamos construindo a saúde de Fagundes juntos, direcionando o olhar ao que realmente importa e os resultados positivos de adesão aos serviços, já podem ser vistos através do quantitativo de pessoas presentes diariamente dentro dos serviços ofertados. Outro resultado impactante, é perceber a mudança no comportamento dos profissionais, que apresentam satisfação, vontade e estímulo de fazer o seu melhor.
A educação popular em saúde tem um papel fundamental nas mudanças de comportamentos, tanto de profissionais quanto da população assistida. No processo de educação popular, esses saberes informais se tornam o centro, em busca de construção e reconstrução contínua. Para que se consiga vincular um usuário a um serviço, este, deve se sentir parte integrante de todo o processo, desde a criação do cronograma de oferta de serviços nas unidades, até as formas de se ofertar esses serviços. Ambos, profissionais e usuários, tem interesse que tudo ocorra da melhor forma dentro dos serviços, mas, por vezes as unidades trabalham como se o território tivesse que obedecer a tudo o que lhe é posto. Podemos mudar a realidade de muitos territórios, cabe a cada um de nós trabalhadores, gestores e comunidade unirmos os nossos saberes em um bem comum e com um único objetivo que é ofertar e receber saúde de qualidade, cumprindo desta forma, os princípios doutrinários do nosso Sistema Único de Saúde.
Rua Raimundo Taveira, Fagundes - PB, Brasil
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