Experiência de desinstitucionalização: o resgate da cidadania e da dignidade no relato de profissionais e pacientes

A desinstitucionalização e efetiva reintegração dos portadores de transtornos mentais na comunidade é uma tarefa a que o SUS vem se dedicando com empenho nos últimos anos, visto que a trajetória histórica do cuidado àquele que sofre de transtorno mental é evidenciada como algo que perturba a ordem do espaço social. Assim, a medida adotada foi a transferência dessas pessoas para um espaço de confinamento e construiu-se a lógica de internação psiquiátrica e isolamento como formas de tratamento. Para os portadores de transtornos mentais dos antigos hospitais psiquiátricos que não encontravam suporte familiar e para facilitar o seu processo de inserção social, a partir de um novo modelo de assistência em saúde mental, com a reforma psiquiátrica, o Ministério da Saúde instituiu o serviço residencial terapêutico. Neste contexto, o município de Mogi das Cruzes planejou a implantação do Serviço Residencial Terapêutico como diretriz de superação de atenção centrado no hospital psiquiátrico.

Descrever o processo de implantação do serviço residencial terapêutico, a partir do relato de profissionais e pacientes e contribuir para a estimulação de gestores na busca de ações no âmbito da saúde mental. Para o relato da experiência, foi utilizada a metodologia de abordagem qualitativa, pois entende-se que esta possui a capacidade de lidar com o significado atribuído pelas relações, práticas e fenômenos sociais. Foram realizadas entrevistas com perguntas abertas e a coleta de dados foi realizada no período compreendido entre 07 a 31 de janeiro do ano de 2019. Para preservarmos a identidade dos inquiridos, utilizamos siglas para identificar as falas. Os sujeitos do estudo foram profissionais de saúde os quais estiveram envolvidos no processo de desinstitucionalização e cuidadores do Serviço Residencial Terapêutico, que relataram além das experiências, algumas falas dos moradores da residência.

as narrativas contam os resultados: “Fomos buscar, eles aguardavam na recepção, J.F. estava com uma sacolinha, uma vida de 40 anos na sacolinha. o L.C. gritava e chorava, queria sua cornetinha que chamava de “mãe”. A enfermeira disse que ele tem essa corneta desde criança. Rodei o hospital inteiro quando encontrei choramos juntos, era um presente da mãe dele, foi a única coisa que ele trouxe” (R.M. técnica de enfermagem). “Olha só que chuva!!” (G.M. enfermeira), “o que é chuva?” (L.C.). em frente ao espelho: “Ele ficou lá, se olhando deve ter sido a primeira vez em anos que viu sua imagem” (G.M.). O A.A. teve dificuldade de adaptação, dizia que queria ir embora, foi um processo entender que ali era a casa dele” (T.N.B. cuidadora). Observou-se forte implicação afetiva nas falas de profissionais e pacientes em relação às atividades citadas. as novas possibilidades repercutem imensurável na vida dessas pessoas. Alguns ganhos são imediatos, outros demoram mais para serem percebidos, comparando moradores com mais tempo na RT e recém-chegados. Porém, não há comparação possível entre a vida nos hospitais e a moradia na RT com sua complexidade e possibilidades, demonstrado pelos avanços com a implantação da rede substitutiva.

Principal

Rebeca Ribeiro Barufi

diretorredebasica.sms@pmmc.com.br

Coautores

Gisele Franco Menichelli, Rosangela Débora Da Cunha,

A prática foi aplicada em

Mogi das Cruzes

São Paulo

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes (SP)

Rua Gaspar Conqueiro, 155 - Vila Vitoria, Mogi das Cruzes - SP, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Francisco Moacir Bezerra De Melo Filho

Conta vinculada

23 set 2023

CADASTRO

20 ago 2024

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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