Portas Abertas: experiência local na ampliação do cuidado às pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA)

As ações foram intensificadas no período de março a agosto de 2025, após diagnóstico da
situação no ano de 2024 e planejamento realizado em colegiado gestor implantado para
redesenhar fluxos de trabalho, empoderar e engajar os profissionais nas mudanças dos processos
de trabalho. O planejamento das ações foi voltado para toda a população acompanhadas no SAE
de Vitória (cerca de 4 mil pessoas), porém prioritariamente para as PVHA, uma vez que o maior
problema diagnosticado foi o “dia de agendamento” para infectologia, que geravam filas. A
maior parte das ações foram desenvolvidas pela gestão local, porém previamente debatidas em
colegiado gestor e conselho local de saúde e ainda encontram-se em construção e
aprimoramento. Durante a priorização das ações foram abordadas as questões de
vulnerabilidade, estigmatização e aspectos interseccionais que desafiam o cuidado integral da
PVHA.
Objetivo Geral:
Acesso pleno e com zero discriminação ao serviço de saúde especializado para Pessoas Vivendo
com HIV/AIDS (PVHA) do município de Vitória – ES, incluindo serviços de prevenção,
diagnóstico e tratamento do HIV;
Objetivos Específicos:
– Remover barreiras de acesso ao cuidado integral das PVHA;
– Garantir o acesso rápido (em até 7 dias após o diagnóstico) ao acompanhamento e tratamento
antirretroviral (TARV) das PVHA;
– Melhorar a retenção e a adesão ao acompanhamento e tratamento das PVHA;
– Estruturar o monitoramento e busca ativa das pessoas em risco de abandono do
acompanhamento/tratamento.

Dificuldades de acesso (filas para agendamentos médicos, demanda reprimida para realização de exames laboratoriais, baixa retenção) para o cuidado integral das pessoas vivendo com HIV/AIDS dentro do Centro de Referência em IST de Vitória, ES, durante o ano de 2024.

Os resultados abaixo são comparativos entre o período de janeiro a agosto de 2024 com o
período de janeiro a agosto de 2025.
– Aumento de 350% de PVHA diagnosticadas com tuberculose;
– Aumento de 81,5 % de consultas médicas em infectologia;
– Aumento de 64,4% de testagens rápidas de HIV, sífilis e hepatites;
– Acompanhamento de 100% das gestantes vivendo com HIV, e todas em TARV;
– Aumento de 18% de PVHA diagnosticadas que iniciaram TARV, embora o número de casos
novos foi o mesmo no período comparativo avaliado;
– Aumento de 100% da realização de atividades coletivas (reuniões para discutir processos de
trabalho, grupos com pacientes, educação em saúde).
A experiência demonstrou que ampliar o acesso das PVHA requer ações articuladas, como acolhimento
humanizado, escuta ativa e integração entre serviços. É essencial enfrentar continuamente barreiras
sociais, como estigma, discriminação e desigualdade territorial, que dificultam a vinculação ao cuidado.
A estratégia de simplificar o agendamento, tornando-o flexível e descentralizado somada à busca ativa e
rastreamento de faltosos facilitou o acesso e fortaleceu o acompanhamento, especialmente para
populações vulneráveis. O desafio agora será elaborar estratégias para a atuação intersetorial, pois
percebeu-se que as questões sociais e territoriais dos usuários impactaram no acesso e na continuidade
do tratamento.

Embora seja muito relatado sobre a importância de reduzir as barreiras de acesso para o cuidado
integral das PVHA, na prática ainda presenciamos muitos serviços com dificuldades em eliminar
os entraves estruturais e organizacionais que impedem ou dificultam a ampliação do acesso à
TARV, bem como os empecilhos em realizar articulações com a Atenção Básica.
O combate ativo ao estigma e à discriminação deve ser a base fundamental da gestão local de um
serviço de referência para PVHA, mas isso exige uma construção coletiva de fluxos, com manejo
adequado das agendas dos profissionais possibilitando participação em atividades coletivas
(sejam elas de cogestão, de capacitação ou de educação popular) e uma vigilância constante com
busca ativa sistematizada. A experiência relatada mostrou que estratégias já muito disseminadas
podem sim ampliar significativamente o acesso da PVHA e o atendimento integral dessas
pessoas, como foi possível verificar com o aumento expressivo do diagnóstico de tuberculose
após busca ativa sistemática de pessoas em abandono da TARV.
Adotar o modelo de cogestão foi o diferencial que fez a experiência ter um excelente resultado
em um período tão curto, pois a atuação compartilhada entre gestor local, trabalhadores e
sociedade civil organizada favoreceu um olhar mais completo sobre as barreiras de acesso e
ampliou a resolutividade por meio do engajamento dos profissionais do serviço, permitindo
realizar mudanças estruturais e institucionais de forma mais ágil.
O matriciamento como ferramenta para articulação com a Atenção Básica, a longo prazo,
fortalecerá a descentralização da PREP no município, uma vez que as equipes das Unidades de
Saúde terão apoio técnico contínuo, com potencial para identificar novos grupos vulneráveis
com mais agilidade, fortalecendo a Rede de Atenção à Saúde do município de Vitória, ES.

autor Principal

Viviane Rassele Silva Caliman

vrscaliman@vitoria.es.gov.br

Diretor do Centro de Referência em Infecções Sexualmente Transmissíveis do município de Vitória (ES)

Coautores

Viviane Rassele Silva Caliman

A prática foi aplicada em

Vitória

Espírito Santo

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Rua Cais de São Francisco - Centro, Vitória - ES, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Viviane Rassele Silva Caliman

Conta vinculada

05 nov 2025

CADASTRO

05 nov 2025

ATUALIZAÇÃO

17 mar 2025

inicio

Condição da prática

Andamento

Situação da Prática

Arquivos

TAGS

nenhuma
unblocked games + agar.io