Assistência Humanizada à Gestante de Baixo Risco: Uma proposta de cuidado multiprofissional

A atuação da Estratégia Saúde da Família (ESF), principal modelo de atenção para a assistência ao pré-natal de baixo risco no SUS, tem enfrentado muitos desafios. Dentre eles está a melhoria da qualidade da atenção da equipe multiprofissional da atenção básica voltado à integralidade. A gravidez é um período que provoca várias mudanças físicas, emocionais e sociais. Essas alterações geram sentimentos, como ansiedade, medo, angústia, dúvida, fantasia, entre outros, o que exige uma série de adaptações tanto da mulher como de seu parceiro. O profissional de saúde está preparado para a assistência à gestante nessa abrangência? Nesse sentido, novas estratégias foram pensadas pelas equipes da Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Volta Grande em Volta Redonda-RJ. Dentre elas a abordagem comunitária pelos grupos operativos, onde a construção do conhecimento acontece a partir das interações. Este relato de experiência traz uma proposta de cuidado humanizado para o pré-natal, envolvendo diferentes profissionais de saúde para o planejamento de uma gestação segura, acolhedora e integral.
– OBJETIVO GERAL:
Descrever o grupo operativo para gestantes realizado pelas equipes da UBSF Volta Grande em Volta Redonda-RJ
– OBJETIVOS ESPECIFICOS:
1- Fortalecer a assistência humanizada ao pré-natal de baixo risco na Atenção Primária em Saúde (APS).
2- Integrar a Rede de Atenção à Saúde coordenada pela APS

A UBSF Volta Grande é considerada a maior unidade básica da cidade, possui cinco equipes de saúde da família e uma população estimada de mais de 25 mil pessoas. Sendo assim, era preciso formular um grupo que ajudasse a gerir a alta demanda de assistência ao pré-natal, que fosse resolutivo e que pudesse contribuir na transversalização do cuidado durante as consultas individuais. O grupo de gestantes iniciou em Agosto de 2023, com gestantes em pré-natal de baixo e alto risco, aproximando as mulheres das equipes, ofertando diversas atividades como por exemplo pilares, e instituindo protocolos de visitas a maternidade, afim de coloca-las próximas a equipe de assistência hospitalar e trazer mais segurança e vinculo com a APS, que gerencia esse cuidado na Rede de Atenção â Saúde (RAS). Os grupos eram quinzenais, realizados na academia da saúde do bairro, organizados pela equipe multiprofissional da rede básica vinculando as e-Multis do território. Foram planejados oito encontros e cada uma das cinco equipes da unidade básica ficou responsável por temáticas selecionadas previamente. Durante os encontros eram abordadas as angustias, medos e situações relativas ao período gestacional, uma oportunidade de troca integrando as equipes para o cuidado humanizado, que perpassa a rotina das sete consultas vinculadas a assistência no período.

Foram realizados oito encontros com a participação de aproximadamente dez gestantes convidadas durante as consultas de pré-natal. Paralelo aos grupos operativos as gestantes realizavam atividades como aulas de Pilates duas vezes por semana a partir da vigésima semana de gestação, a fim de melhorar a visão da mulher sobre o período de parto, entendendo sobre o controle da dor, e visando o incentivo ao parto natural e humanizado. Aconteceram também, cinco visitas a maternidade que ocorreram mensalmente em parceria com a equipe de atenção especializada e hospitalar. Para este momento a equipe sugeria que cada gestante trouxesse seu futuro acompanhante do parto, de forma a garantir maior proximidade da equipe que conduzirá o processo final deste período tão significativo. Nesse sentindo a APS é fortalecida pela coordenação do cuidado na RAS, transversalizando e gerindo a assistência integral da mulher no período gravídico. Por fim, durante o percurso, foi notável a importância e relevância do projeto, as gestantes trouxeram diversas falas em agradecimento, dentre elas destaca-se uma em particular: “A experiência que tive está tão viva dentro de mim, que não quero perder esse sentimento, tudo foi mais do que eu esperava do SUS e dos profissionais que me atenderam, o pré-natal foi leve, prazeroso, emocionante, então não quero perder, esquecer ou comparar esse sentimento com nada mais”.

Concluímos que a APS quando fortalecida promove a integração dos diferentes pontos da RAS pelo cuidado humanizado focado no individuo, família e território. Entendendo que os grupos operativos não podem ser realizados de qualquer forma, já que não se limitam à transmissão de informações verticais às gestantes e sua família. Ao contrário, é uma prática compartilhada, de troca de saberes, a ser desenvolvida no cotidiano do trabalho em saúde. Essa experiência foi significativa para todos os envolvidos. Aumentando o vinculo das mulheres à unidade básica e aos seus cuidadores. Integrando a maternidade à maternagem.. Garantindo os princípios da APS como o acesso, a integralidade, a coordenação do cuidado e a resolutividade para o cuidado humanizado no pré-natal.

Principal

Elisangela Lira Bonifácio

lirabonifacio@gmail.com

Apoio Técnico da Atenção às Doenças Crônicas não Transmissíveis

Coautores

Elisangela Lira Bonifácio, Luisa de Carvalho Fiedler Laís da Costa Campos Silvia Mello dos Santos

A prática foi aplicada em

Volta Redonda

Rio de Janeiro

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Elisangela Lira Bonifácio

Conta vinculada

01 abr 2024

CADASTRO

01 abr 2024

ATUALIZAÇÃO

03 ago 2023

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