Apresentação
A intensificação das ações de imunização para ampliação das coberturas vacinais é decisiva na redução da morbimortalidade infantil por doenças imunopreveníveis. Sabidamente, antes mesmo do período pandêmico, um cenário crítico sinalizava fatores diversos ligados a não vacinação: características sociodemográficas, hesitação vacinal, desinformação, movimentos antivacinas e a errônea sensação de segurança da população relacionada à eliminação de algumas doenças.
Nesse contexto, a hesitação vacinal tornou-se um dos fatores mais preocupantes pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o que se deve a “epidemia da desinformação”, fenômeno que afeta a população e alcança os trabalhadores no SUS, representando impacto e desconstrução cultural à adesão e credibilidade do Programa Nacional de Imunização (PNI).
Dito isso, Campina Grande, Paraíba, traçou um diagnóstico situacional, sobretudo para crianças de 0 a 24 meses e elaborou um Plano de Educação Permanente denominado “VACINA COM CONHECIMENTO” conforme o Eixo 4 – Comunicação e educação em imunização, do Plano Municipal de Imunização de 2023, fundamentado no potencial técnico e de monitoramento comprovado por evidência, sustentado pela Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), instituída no ano de 2004, e pelo Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação de 2024, como estratégia de aproximação ao trabalhador do SUS para transcender a barreira da desinformação vacinal no cenário da Atenção Primária à Saúde (APS).
Objetivos
Elaborar um Plano de Educação Permanente para combater a desinformação e hesitação vacinal no município de Campina Grande;
Instituir o Plano “Vacina com Conhecimento” como estratégia de educação em saúde para o sucesso da vacinação;
Aproximar os trabalhadores do SUS que atuam na APS aos fatores associados à não vacinação;
Promover educação permanente em saúde para os vacinadores, e direcioná-los à atuação na perspectiva do cenário epidemiológico dinâmico locorregional;
Atualizar a equipe de saúde multiprofissional para o panorama vacinal baseado nos protocolos e normas vigentes;
Preparar os vacinadores quanto às normas e especificidades técnicas em vacinação;
Ampliar as coberturas vacinais e reduzir os riscos que potencializam a morbimortalidade de crianças de 0 a 24 meses.
Metodologia
O Plano de Educação Permanente “Vacina com conhecimento”, elaborado pela Coordenação Municipal de Imunização alinhada à Diretoria de Gestão e Educação pelo Trabalho na Saúde (DGTES), emerge em 2023 a partir do diagnóstico situacional das baixas coberturas vacinais pela expressão da desinformação e hesitação vacinal na APS.
Ademais, o ciclo anual iniciou em março de 2023 e finalizou em março do corrente ano, voltado prioritariamente para Agentes Comunitários de saúde (ACS´s), Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem, mas abriu espaços para demais membros da ESF. Inseriu metas, estimativa de resultados, processo de reavaliação, cenário epidemiológico, perfil das equipes da Estratégia Saúde da Família (eSF) e dos vacinadores no SUS.
A metodologia ativa foi guiada por Termos de Referência (TR) para direcionar os facilitadores na realização de todos os processos de educação ao longo do desenvolvimento do Plano, a saber: os eixos temáticos Busca Ativa Vacinal (BAV/UNICEF), o Curso Introdutório em Sala de Vacinas e a atualização a cerca das mudanças no Calendário Nacional de Vacinação em 2025, seguindo a orientação das Notas Técnicas nº 14 e nº 23/2025 da CGFAM e CGICI/DPNI/SVSA/MS. O seguimento do plano abordou desde os aspectos históricos da vacinação, coberturas vacinais, PNI, normas e procedimentos, atributos da APS, territorialização, intersetorialidade, hesitação vacinal, abordagem da família e o potencial da eSF para o enfretamento.
As baixas coberturas vacinais das crianças de 0 a 24 meses sob a influência dos diversos fatores relacionados à não vacinação, desinformação, hesitação vacinal e a observância ao dinamismo nas práticas de imunização, impulsionou o município de Campina Grande à contemplar no Plano Municipal de Imunização a implementação de um Plano de Educação Permanente direcionado especificamente ao eixo 4, que trata de comunicação e educação em imunização, determinando o desenvolvimento do Projeto “Vacina com conhecimento”.
O Plano de Educação Permanente “Vacina com Conhecimento” alcançou engajamento das 203 eSF, com pelo menos um técnico de referência multiplicador, por equipe, presente, mediante inscrição prévia dos sete (7) Distritos Sanitários (DS) que compõem o georreferenciamento na APS.
O Ciclo 2023-2025 foi organizado com base em critérios epidemiológicos e organizacionais. Isso permitiu a composição das turmas favorecendo o processo de trabalho no próprio turno de atuação, com observância para não descobrir completamente a assistência no território distrital.
A estrutura pedagógica guiada pelo TR com os eixos temáticos, distribuídos por módulos, permitiu ser operacionalizada por 30 facilitadores que aceitaram participar espontaneamente, mediante a expertise em vacinação, tempo de experiência e vínculo com a APS, perfil de liderança e disponibilidade de tempo.
No mais, permitiu compreender os fenômenos diversos associados à não vacinação, agregou conhecimento técnico-científico aos trabalhadores do SUS, ampliou a compreensão da equipe para as estratégias de acolhimento e sensibilização às famílias, fortaleceu as ações de saúde e aumentou a meta de cobertura vacinal da maioria dos imunizantes, no primeiro e segundo ano de vida. Além de aprimorar o conhecimento dos vacinadores nas técnicas e procedimentos requeridos à prática da vacinação, alcançando o treinamento médio de 630 trabalhadores SUS na primeira etapa e mais de 1000 nas etapas subsequentes, até março do corrente ano.
As barreiras supracitadas interferiam na adesão das famílias ao cumprimento do calendário vacinal das crianças de 0 a 24 meses, e afetava os trabalhadores do SUS. Esse fato sinalizou a intervenção no processo de educação em saúde para promover oportunidade de atualização, preparo técnico e aproximação junto aos vacinadores.
A expectativa, que fora alcançada, incorporou maior conhecimento técnico às práticas de imunização, estimulou os profissionais envolvidos no processo de vacinação, no desenvolvimento de suas habilidades, tornando-os capaz de sensibilizar as famílias hesitantes quanto à importância da vacinação na prevenção de doenças imunopreveníveis.
A proposta “Vacina com Conhecimento” fortaleceu e potencializou as estratégias instituídas no município mediante a reflexão do processo de trabalho voltado à vacinação, agregou conhecimento técnico e depois de instituído contribuiu para elevar de forma significativa os indicadores das coberturas vacinais por território.
Palavras-Chave: Baixa cobertura vacinal, APS, Educação Permanente
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