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Maria do Socorro Melo Brandão
- 05 nov 2024
O Ambulatório de Pesquisa Germano Gerhardt (APGG) desempenha um papel crucial como unidade de referência terciária na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) para o controle da tuberculose (TB) e micobacterioses não tuberculosas (MNT) no estado do Rio de Janeiro. Seu alcance abrange uma vasta área geográfica, incluindo a Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, Baixada Fluminense (exceto Duque de Caxias), Região Serrana, Médio Paraíba, Centro Sul e Costa Verde.
A relevância da proposta emerge da complexidade do tratamento da TB drogarresistente (TBDR) (VIANA et al, 2018), que requer um período prolongado de intervenção, aproximadamente 18 meses, com a necessidade de consultas mensais ou bimestrais. Estas consultas são essenciais para a reavaliação clínica, monitoramento das reações adversas, controle bacteriológico, análises clínicas de sangue, exames de imagem e eletrocardiogramas. Além disso, é fundamental uma abordagem multidisciplinar que envolve profissionais de Enfermagem, Serviço Social, Nutrição e Farmácia.
O APGG busca continuamente aprimorar a qualidade dos serviços prestados e estabeleceu metas de sucesso terapêutico de 85% e abandono de 5%, em conformidade com as diretrizes nacionais e internacionais para o controle desses agravos. A análise da coorte de pacientes que iniciaram o tratamento para TBDR em 2021 demonstra um desempenho relativamente satisfatório, com uma taxa de sucesso de 80%, superando as médias nacional (56%) e estadual (64%). Da mesma forma, a taxa de abandono de 13% é inferior às médias nacional (23%) e estadual (20%).
No entanto, apesar desses indicadores estarem acima da média, a equipe do APGG reconhece que é necessário um esforço contínuo para melhorar ainda mais esses resultados. A análise crítica da série histórica de 2017 a 2021 revela a necessidade de inovação nas estratégias de tratamento e acompanhamento.
Uma das principais barreiras identificadas para a continuidade do tratamento é o absenteísmo dos pacientes às consultas agendadas (SOARES et al, 2017). O contato com esses pacientes por telefone revelou que a falta de dinheiro para o transporte público é a causa mais frequente desse absenteísmo. Essa situação é compreensível, dado o contexto de vulnerabilidade social que afeta a maioria dos pacientes atendidos pelo APGG. Dependendo da localização de suas residências, muitos pacientes precisam utilizar múltiplos meios de transporte público para chegar às consultas, o que pode ser financeiramente desafiador.
Portanto, a importância deste projeto se baseia na necessidade de aprimorar os resultados clínicos, garantir que os pacientes recebam o tratamento adequado e, ao mesmo tempo, abordar as questões sociais que afetam a adesão ao tratamento. Além disso, o sucesso deste piloto pode servir como um modelo replicável em outras regiões do Brasil e até internacionalmente, contribuindo para o avanço no controle da TB e MNT em escala global.
A relevância do projeto para o SUS é indiscutível, uma vez que se alinha diretamente com os objetivos e metas do SUS relacionados ao controle e tratamento da tuberculose. Ao melhorar os indicadores de tratamento de TBDR em Nova Iguaçu, o projeto contribui diretamente para a eficácia do SUS no combate a essa doença. Além disso, ao atingir ou superar as metas estabelecidas no Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública (BRASIL, 2017), o projeto demonstra seu compromisso com os objetivos nacionais de saúde pública e contribui para a redução da carga de doença no Brasil.
Os resultados esperados deste projeto visam a atender às necessidades dos pacientes com TBDR em Nova Iguaçu, RJ, bem como contribuir para a melhoria dos serviços de saúde no cenário nacional e internacional. Primeiramente, espera-se que o projeto alcance uma experiência exitosa, com notável redução do absenteísmo às consultas, melhoria significativa na taxa de cura e substancial redução da taxa de abandono de tratamento. Isso não apenas beneficiará diretamente os pacientes atendidos, mas também poderá servir como modelo de sucesso a ser replicado em outras regiões do Brasil e em âmbito internacional, promovendo boas práticas em saúde pública e controle da TB.
Além disso, os resultados esperados incluem a capacitação bem-sucedida da equipe de saúde local em Nova Iguaçu para um atendimento autônomo ao final de dois anos. Isso significa que a comunidade poderá contar com uma equipe treinada e experiente para dar continuidade aos serviços de TB, garantindo atendimento de qualidade e sustentabilidade do projeto a longo prazo. A formação dessa equipe local também contribuirá para fortalecer a infraestrutura de saúde do município, aumentando o número de unidades de referência terciária para a TB sob a supervisão do APGG. Em resumo, os resultados esperados abrangem tanto melhorias diretas no tratamento e acompanhamento dos pacientes quanto um impacto significativo no fortalecimento do sistema de saúde local e na disseminação de boas práticas no SUS.
Ao reduzir o absenteísmo às consultas e melhorar os resultados clínicos, este estudo não apenas promove a eficácia do tratamento da TBDR em Nova Iguaçu, mas também alivia o fardo de saúde e socioeconômico que recai sobre as pessoas em situação de vulnerabilidade social. A melhoria na adesão ao tratamento e na taxa de cura não apenas beneficia diretamente os pacientes, mas também suas famílias e comunidades, reduzindo a disseminação da doença e, consequentemente, o impacto sobre a saúde pública como um todo.
Centro de Saúde Vasco Barcelos - Rua Coronel Bernardino de Melo - Centro, Nova Iguaçu - RJ, Brasil
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