O Município Turístico de Guaratinguetá, localizado no interior do Estado de São Paulo, abriga áreas naturais de importância ecológica e paisagística, como o Parque Ecológico Anthero dos Santos. Nesse contexto, a Secretaria Municipal de Saúde, respondendo à necessidade de estratégias inovadoras para enfrentar doenças crônicas não transmissíveis, condições de saúde mental e sofrimentos psicossociais — frequentemente agravados por estilos de vida urbanos e desconectados —, vem promovendo ações de cuidado que integram os princípios do SUS com práticas integrativas e complementares. Em junho de 2025, foi realizado um curso de dois dias para a concessão da Certificação Internacional em Facilitação de Conexão com a Natureza. Participaram quinze profissionais de saúde da rede municipal, incluindo médicos, enfermeiros, dentistas, nutricionistas, psicólogos e agentes comunitários de saúde. Todo o treinamento ocorreu no Parque Anthero dos Santos, utilizando suas trilhas e áreas verdes como cenário para as atividades. O curso foi conduzido por um formador do Instituto de Educação e Pesquisa Sírio-Libanês e certificado pelo Forest Therapy Hub, uma organização internacional dedicada a terapias baseadas na natureza. A metodologia incluiu fundamentos teóricos de ecopsicologia, medicina florestal e biofilia. O programa ofereceu discussões teóricas, experiências sensoriais e reflexões em grupo, seguidas de uma avaliação participativa. A formação abordou tanto o cuidado coletivo quanto o autocuidado, destacando a natureza como promotora de saúde integral e favorecendo a educação ecológica em saúde.
Durante a formação, foi necessário adaptar o espaço físico, já que o local havia sido originalmente projetado apenas para lazer coletivo, atividades ao ar livre e contato com a natureza. A ausência de um ambiente interno adequado exigiu o uso de uma antiga brinquedoteca, adaptada pela equipe da Secretaria Municipal de Saúde para servir como sala de aula. O ambiente urbano no entorno do parque gerou ruídos que, ocasionalmente, interferiram nas práticas sensoriais. Ainda assim, com apoio do facilitador e a cooperação dos participantes, as atividades transcorreram sem maiores prejuízos. Houve também resistência inicial de alguns profissionais que percebiam a abordagem como subjetiva ou distante da prática clínica convencional. Contudo, essa percepção se transformou ao longo do tempo, a partir do engajamento com os conteúdos teóricos e com as experiências vivenciadas. O ambiente de diálogo aberto e a escuta ativa foram fundamentais para fortalecer o envolvimento do grupo.
Essa experiência ampliou os repertórios profissionais dos participantes, incentivou a integração entre o cuidado humano e ambiental e fortaleceu práticas de saúde enraizadas no contexto local. Os participantes relataram impactos positivos pessoais e profissionais. Recomenda-se que temas relacionados à saúde ecológica e às práticas integrativas sejam incorporados na educação permanente dos profissionais de saúde. A metodologia mostrou-se viável, de baixo custo e altamente replicável. Para ampliar iniciativas como essa, é essencial o envolvimento da gestão local de saúde, parcerias com instituições de formação reconhecidas e o uso de áreas naturais acessíveis. Valorizar o conhecimento interdisciplinar e alinhar-se à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC/SUS) são pontos cruciais para o sucesso. A sistematização dessa experiência reforça a relevância das terapias baseadas na natureza no âmbito da saúde pública, promovendo práticas de cuidado mais humanizadas e sustentáveis, alinhadas aos princípios da saúde planetária.
The Tourist Resort of Guaratinguetá, located in the countryside of São Paulo State, is home to natural areas of ecological and scenic importance, such as the Anthero dos Santos Ecological Park. In this context, the Municipal Health Department, responding to the need for innovative strategies to address non-communicable chronic diseases, mental health conditions, and psychosocial distress—often exacerbated by urban, disconnected lifestyles—has been promoting care actions that integrate SUS principles with complementary and integrative practices. In June 2025, a two-day training course was held to award an International Certification in Nature Connection Facilitation. Fifteen health professionals from the municipal network participated, including physicians, nurses, dentists, nutritionists, psychologists, and community health agents. The entire training took place at Anthero dos Santos Park, using its trails and green areas as the setting for the activities. The course was led by a trainer from the Sírio-Libanês Institute of Education and Research and certified by the Forest Therapy Hub, an international organization dedicated to nature-based therapies. The methodology included theoretical foundations of ecopsychology, forest medicine, and biophilia. The program offered theoretical discussions, sensory experiences, and group reflections, followed by a participatory evaluation. The training addressed both collective care and self-care, highlighting nature as a promoter of holistic health and fostering ecological health education.
During the training, it was necessary to adapt the physical space, as the site was originally designed only for collective leisure, outdoor activities, and contact with nature. The lack of a suitable indoor environment required the use of a former playroom, which was adapted by the Municipal Health Department team to serve as a classroom. The urban environment surrounding the park generated noise that occasionally interfered with the sensory practices. Nevertheless, with support from the facilitator and participants’ cooperation, activities proceeded without significant disruption. There was also initial resistance from some professionals who perceived the approach as subjective or distant from conventional clinical practice. However, this perception changed over time through engagement with theoretical content and lived experiences. An open dialogue environment and active listening were key to strengthening group involvement.
This experience expanded participants’ professional repertoires, encouraged the integration of human and environmental care, and strengthened health practices grounded in local context. Participants reported positive personal and professional impacts. It is recommended that topics related to ecological health and integrative practices be incorporated into continuing education for health professionals. The methodology proved feasible, low-cost, and highly replicable. To scale up such initiatives, the involvement of local health management, partnerships with recognized training institutions, and the use of accessible natural areas are essential. Valuing interdisciplinary knowledge and aligning with the National Policy on Integrative and Complementary Practices (PNPIC/SUS) are crucial for success. The systematization of this experience reinforces the relevance of nature-based therapies within public health, fostering more humanized, sustainable care practices aligned with the principles of planetary health.