Este relato de experiência, alinhado ao eixo temático Educação, Formação e Capacitação em PICs: empoderando profissionais de saúde, explora o ensino da ozonioterapia como prática integrativa complementar na formação farmacêutica. Em consonância com as diretrizes brasileiras para as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), destaca-se a importância de incorporar essa técnica aos currículos acadêmicos como estratégia para fomentar uma formação humanizada, interdisciplinar e baseada em evidências.
A ozonioterapia é uma abordagem terapêutica que emprega ozônio (O₃), produzido a partir de oxigênio medicinal (O₂), e tem demonstrado eficácia na cicatrização de feridas, sanitização dermatológica e controle de infecções. Como apontado por Bocci (2011), a técnica é eficiente e economicamente viável, ampliando o acesso a alternativas terapêuticas seguras — especialmente em contextos de recursos limitados.
No Brasil, a ozonioterapia é regulamentada pela Resolução nº 572/2013 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que autoriza farmacêuticos qualificados a aplicar tecnologias terapêuticas avançadas, incluindo a ozonioterapia, dentro de um marco ético e clinicamente responsável. A integração desse conteúdo à formação acadêmica contribui para o desenvolvimento de competências técnicas e humanísticas, preparando profissionais para papéis inovadores e interdisciplinares, alinhados às demandas contemporâneas da saúde pública.
Nesse contexto, o ensino da ozonioterapia valoriza o papel do farmacêutico como agente ativo do cuidado, incentivando a prática crítica e baseada em evidências, voltada à melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Ambientes acadêmicos que promovem o engajamento com práticas integrativas favorecem a construção de modelos de atenção mais diversos, eficazes e centrados no paciente.
Apesar do crescente reconhecimento das práticas integrativas e complementares (PICs), o ensino da ozonioterapia enfrenta desafios significativos nos currículos de Farmácia. Um dos principais entraves é a falta de conhecimento entre estudantes e docentes, que frequentemente desconhecem seus fundamentos científicos e aplicações clínicas. Essa lacuna contribui para o baixo engajamento e perpetua concepções equivocadas e resistências injustificadas.
A ozonioterapia é muitas vezes caracterizada de forma incorreta como prática não validada ou sem respaldo, embora esteja referenciada na literatura científica e regulamentada por órgãos profissionais. Tal preconceito, mesmo entre profissionais de saúde, evidencia a necessidade de iniciativas educacionais que promovam informações corretas e incentivem o diálogo interdisciplinar para superar a desinformação histórica.
Para enfrentar esse cenário, foram organizados quatro eventos de extensão universitária — dois presenciais e dois virtuais — com o objetivo de disseminar informações sobre ozonioterapia e estimular o engajamento estudantil. A resposta foi notável: somente a primeira edição atraiu mais de 100 participantes. O público incluiu estudantes dos cursos de Farmácia e Biologia da Escola de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), além de docentes e técnicos, evidenciando a relevância educacional da técnica.
Essas iniciativas revelam uma demanda genuína por informações qualificadas sobre práticas integrativas. Eventos desse tipo não apenas difundem conhecimento técnico, mas também estimulam o pensamento crítico e conferem maior legitimidade às terapias alternativas com respaldo científico.
Outro ponto relevante é o impacto social da ozonioterapia. Por ser de baixo custo, segura e de fácil aplicação, representa uma oportunidade concreta de ampliar o acesso à saúde — particularmente em comunidades vulneráveis. Capacitar farmacêuticos para aplicá-la contribui para democratizar recursos terapêuticos e fortalecer uma abordagem de cuidado mais humanizada e inclusiva.
Superar esses desafios exige mais do que reformulação curricular — demanda uma mudança de mentalidade institucional, baseada em reconhecimento científico, inovação e alinhamento com as necessidades sociais em saúde.
A experiência relatada revelou grande interesse e engajamento dos participantes nas atividades de extensão sobre ozonioterapia. Foram realizadas quatro sessões — duas presenciais e duas virtuais —, com aproximadamente 320 participantes, incluindo estudantes de Farmácia e Biologia da UERJ, além de docentes e profissionais técnicos. A rápida adesão, com mais de 100 inscrições já na primeira edição, evidenciou a demanda reprimida por conteúdo científico e técnico sobre práticas integrativas.
As avaliações indicaram que 84% dos participantes relataram melhora significativa na compreensão teórica e clínica da ozonioterapia, enquanto 76% demonstraram interesse em aprofundar o tema em sua trajetória acadêmica ou profissional. Esses dados reforçam o valor de abordagens educacionais interdisciplinares e baseadas em evidências na promoção de práticas terapêuticas inovadoras.
A iniciativa contribuiu para ampliar horizontes educacionais, reduzir estigmas e posicionar a ozonioterapia como ferramenta promissora na promoção da saúde — especialmente em comunidades com acesso restrito ao cuidado convencional.
Para fortalecer o papel da ozonioterapia na formação farmacêutica, é necessário enfrentar barreiras estruturais e culturais. Entre os principais pontos:
• Insuficiente compreensão técnico-científica, resultando em resistência à inclusão curricular
• Falta de capacitação docente, limitando o ensino aprofundado e responsável
• Escassez de materiais didáticos atualizados, comprometendo a qualidade pedagógica
• Baixo volume de produção científica nacional, restringindo o debate acadêmico e institucional
Estratégias recomendadas incluem:
• Integrar a ozonioterapia como componente complementar na disciplina de Práticas Integrativas e Complementares nos cursos de Farmácia — com potencial inclusão obrigatória
• Oferecer capacitação direcionada para docentes e técnicos, com apoio de especialistas e instituições de referência
• Promover pesquisas acadêmicas — como estudos de caso e ensaios clínicos — para validar a técnica e ampliar seu reconhecimento científico
• Organizar eventos, oficinas e seminários interdisciplinares, estimulando o debate informado entre diferentes áreas da saúde
• Aplicar a ozonioterapia em projetos de extensão universitária, especialmente em comunidades de baixa renda, como estratégia de oferta de cuidados acessíveis e eficazes
O desenvolvimento da ozonioterapia na formação farmacêutica demonstra que, apesar de obstáculos persistentes, o campo apresenta amplas oportunidades acadêmicas e profissionais. Sua aplicação clínica é respaldada cientificamente, regulamentada pelo CFF e carrega impacto social relevante. Para que seu potencial seja plenamente realizado, os programas educacionais devem combinar rigor científico com ética, responsabilidade social e inovação.
Investir no ensino da ozonioterapia significa empoderar o farmacêutico como ator fundamental na promoção da saúde, ampliando seu repertório terapêutico e fortalecendo suas contribuições nas redes de cuidado. Transformar preconceito em conhecimento e desinformação em prática qualificada é essencial para consolidar a ozonioterapia como alternativa segura, eficaz e acessível, com impactos positivos para o desenvolvimento profissional e a saúde da população brasileira.
This experience report, aligned with the thematic axis Education, Training, and Capacity Building in TCIM: empowering health professionals, explores the teaching of ozone therapy as a complementary integrative practice within pharmaceutical education. In accordance with Brazil's guidelines for Traditional and Complementary Integrative Medicines (TCIM), the importance of incorporating this technique into academic curricula is highlighted as a strategy for fostering humanized, interdisciplinary, and evidence-based training.
Ozone therapy is a therapeutic approach that employs ozone (O₃), produced from medical-grade oxygen (O₂), and has shown effectiveness in wound healing, dermatological sanitation, and infection control. As noted by Bocci (2011), the technique is both efficient and economically feasible, thereby expanding access to safe therapeutic alternatives—especially in resource-constrained settings.
In Brazil, ozone therapy is regulated by Resolution No. 572/2013 of the Federal Council of Pharmacy (CFF), authorizing qualified pharmacists to apply advanced therapeutic technologies, including ozone therapy, within an ethical and clinically responsible framework. The integration of this subject into academic training contributes to the development of technical and humanistic competencies, preparing professionals for innovative, interdisciplinary roles that align with contemporary public health demands.
In this context, the teaching of ozone therapy enhances the pharmacist’s role as an active care provider, encouraging critical, evidence-based practice focused on improving patients’ quality of life. Academic environments that facilitate engagement with integrative practices support the construction of more diverse, effective, and patient-centered healthcare models.
Despite growing recognition of complementary integrative practices (CIPs), the teaching of ozone therapy faces significant challenges within pharmacy curricula. One major barrier is the lack of awareness among students and faculty, who often lack familiarity with its scientific foundations and clinical applications. This gap contributes to low engagement and perpetuates misconceptions and unjustified resistance.
Ozone therapy is frequently mischaracterized as an unvalidated or unsupported practice, even though it is referenced in scientific literature and endorsed by professional regulations. Such prejudice, even among healthcare professionals, underscores the need for educational initiatives that promote accurate information and foster interdisciplinary dialogue to break through long-standing misinformation.
To address this scenario, four university extension events—two in-person and two virtual—were organized to disseminate information on ozone therapy and encourage student engagement. The response was remarkable: the first edition alone attracted over 100 participants. Attendees included students from Pharmacy and Biology programs at the School of Biological and Health Sciences of the Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), as well as faculty members and technical staff, highlighting the educational relevance of the technique.
These initiatives reveal genuine demand for qualified information about integrative practices. Events like these not only disseminate technical knowledge but also stimulate critical thinking and elevate scientifically supported alternative therapies.
An additional factor is the social impact of ozone therapy. Due to its low cost, safety, and ease of application, it offers a tangible opportunity to broaden healthcare access—particularly in underserved communities. Equipping pharmacists with the skills to apply this technique helps democratize therapeutic resources and reinforce a more humanized, inclusive care approach.
Overcoming these challenges requires more than curricular reform—it demands a shift in institutional mindset, grounded in scientific recognition, innovation, and alignment with societal health needs.
The reported experience revealed significant interest and engagement among participants in the extension activities on ozonetherapy. Four sessions were held—two in-person and two virtual—with approximately 320 attendees, including Pharmacy and Biology students from the State University of Rio de Janeiro (UERJ), as well as faculty and technical professionals. The rapid enrollment, with over 100 registrations in the first edition, underscored an unmet demand for scientific and technical content on integrative practices.
Participant evaluations indicated that 84% experienced a notable improvement in theoretical and clinical understanding of ozonetherapy, while 76% expressed interest in further exploring the topic within their academic or professional journey. These findings highlight the value of interdisciplinary, evidence-based educational approaches in fostering innovative therapeutic practices.
This initiative contributed to expanding educational horizons, reducing stigma, and positioning ozonetherapy as a promising tool in health promotion—particularly in communities with limited access to conventional care.
To strengthen the role of ozone therapy in pharmaceutical education, structural and cultural barriers must be addressed. Key issues include:
• Insufficient technical and scientific understanding, resulting in resistance to curricular inclusion
• Lack of faculty training, limiting in-depth and responsible instruction
• Shortage of updated didactic materials, affecting teaching quality
• Low volume of national scientific output, which constrains academic and institutional debate
Recommended strategies include:
• Integrating ozone therapy as a complementary component within the Complementary and Integrative Practices discipline in pharmacy programs—including potential mandatory inclusion
• Offering targeted training for faculty and technical staff, supported by experts and reference institutions
• Promoting academic research—such as case studies and clinical trials—to validate the technique and increase scientific recognition
• Organizing interdisciplinary events, workshops, and seminars to engage multiple health disciplines and foster informed debate
• Employing ozone therapy in university extension projects, particularly in low-income communities, as a means of delivering low-cost and effective healthcare solutions
The development of ozone therapy within pharmaceutical education demonstrates that, despite persistent obstacles, the field presents substantial academic and professional opportunities. Its clinical application is scientifically grounded, professionally regulated by the CFF, and carries meaningful social impact. To fully realize its potential, educational programs must combine scientific rigor with ethics, social responsibility, and innovative thinking.
Investing in the teaching of ozone therapy means empowering pharmacists as key players in healthcare promotion, expanding their therapeutic repertoire, and strengthening their contributions within care networks. Transforming prejudice into knowledge and misinformation into qualified practice is essential to firmly establish ozone therapy as a safe, effective, and accessible alternative , with positive implications for professional development and the health of Brazil’s population.