Ao longo da história da medicina, os conceitos de saúde e bem-estar passaram por profundas transformações. Desde os rituais mágico-religiosos, o uso de ferramentas rudimentares e a confiança nos benefícios da natureza, até todos os avanços científicos e biomédicos centrados no método científico, chegando à segmentação por especialidades médicas, após o relatório Flexner em 1910, de acordo com os órgãos e sistemas principalmente relacionados à condição do paciente. A consolidação desses sistemas de saúde segmentados em todo o mundo hoje também direciona a educação e a pesquisa, focando-se principalmente em diagnósticos, tratamentos farmacológicos e recuperação em nível hospitalar, em vez de considerar o próprio paciente, suas múltiplas dimensões inter-relacionadas e, sobretudo, sem a desejada abordagem preventivo-promocional, que considera a restauração do equilíbrio funcional ou do bem-estar holístico.
Este relato aborda questões relacionadas à abordagem da saúde, exigindo uma reestruturação que complemente todos os avanços realizados até hoje. No entanto, considera uma visão mais integrativa e funcional, voltada para restaurar os hábitos saudáveis necessários para preservar a saúde e até mesmo reverter doenças. Busca também aprofundar, em nível acadêmico e científico, o potencial terapêutico da natureza e sua biodiversidade, bem como de todas as terapias ancestrais do mundo. Para essa mudança de paradigma na educação em ciências da saúde, são necessárias abordagens mais integrativas que articulem todas as dimensões do ser humano, com maior proximidade à realidade social e uma abordagem neurocientífica que permita o desenvolvimento de novas estratégias de ensino. Além disso, esses aspectos são promovidos e complementados por novas abordagens na pesquisa científica, reorientadas para a medicina natural e as terapias complementares e integrativas, permitindo compreender e demonstrar o ser humano como um ser complexo e inter-relacionado em busca de equilíbrio ou homeostase.
O estudo não apresenta resultados.
As recomendações dos autores concentram-se principalmente na reestruturação da abordagem da saúde, considerando diversas ações e desafios no processo:
Ampliar a formação acadêmica por meio da graduação, pós-graduação, cursos e educação em temas como fitoterapia, terapias ancestrais baseadas em cosmovisão, medicina e nutrição funcional, e terapias corpo-mente-espírito.
Criar um serviço de saúde em todos os níveis de atenção, além de uma especialidade médica em medicina integrativa, com base em uma visão holística da saúde e integrando terapias naturais e complementares.
Aumentar o interesse, por meio de incentivos financeiros e não financeiros, em pesquisas sobre terapias naturais, complementares e integrativas, a fim de promover o desenvolvimento de evidências científicas e motivar estudantes.
A implementação dessas ações enfrenta múltiplos desafios, centrados principalmente na falta de interesse em compreender essa integração das especialidades médicas com as verdadeiras dimensões do ser humano, além dos interesses financeiros, muitas vezes pessoais, de autoridades ou órgãos governamentais que preferem manter um sistema que busca nos adoecer pela alimentação e depois nos manter cronicamente medicados, quando a solução, por meio dessa reestruturação, poderia nos conduzir à verdadeira cura ou ao bem-estar holístico.
Throughout the history of medicine, the concepts of health and well-being have undergone profound transformations. From magical-religious rituals, the use of rudimentary tools and reliance on the benefits of nature, to all the scientific and biomedical advances centered on the scientific method, to the segmentation by medical specialty, following the Flexner report in 1910, according to the organs and systems primarily related to the patient's condition. The consolidation of these segmented health systems worldwide today also directs education and research, focusing primarily on diagnoses, pharmacological treatments, and hospital-level recovery, rather than on the patient themselves, their multiple interrelated dimensions, and, above all, without the desired preventive-promotional approach, which considers the restoration of functional balance or holistic well-being.
This report addresses issues related to the approach to health, requiring a restructuring that complements all the progress made to date. However, it considers a more integrative and functional vision, aimed at restoring the healthy habits necessary to preserve health and even reverse disease. It also seeks to delve deeper, at an academic and scientific level, into the therapeutic potential of nature and its biodiversity, as well as into all ancestral therapies worldwide. For this paradigm shift in health sciences education, more integrative approaches are needed that link all dimensions of the human being, with greater proximity to social reality and a neuroscientific approach that allows for the development of new teaching strategies. Furthermore, these aspects are promoted and complemented by new approaches in scientific research, reoriented toward natural medicine and complementary and integrative therapies, allowing us to understand and demonstrate the human being as a complex and interrelated being in search of balance or homeostasis.
The study doesn´t present results
The authors' recommendations focus primarily on restructuring the approach to health, considering various actions and challenges in the process:
1. Expand academic training through undergraduate and graduate training, courses, and education in topics such as herbal medicine, ancestral therapies based on worldview, functional medicine and nutrition, and body-mind-spirit therapies.
2. Create a healthcare service at all levels of healthcare, in addition to a medical specialty in integrative medicine, based on a holistic view of health and integrating natural and complementary therapies.
3. Increased interest, through financial and non-financial incentives, in research into natural, complementary, and integrative therapies to promote the development of scientific evidence and motivate students. The implementation of these actions faces multiple challenges, centered primarily on a lack of interest in understanding this integration of medical specialties with the true dimensions of the human being, in addition to the financial interests, often personal, of officials or government agencies that prefer to continue with a system that seeks to make us sick through food, and then keep us chronically on medication, when the solution, through this restructuring, could lead us to true healing or holistic well-being.
