A rotina na Atenção Primária à Saúde frequentemente envolve demandas complexas de famílias em situação de vulnerabilidade, que, combinadas a outros fatores, podem causar frustração, estresse e dificuldades na gestão emocional, afetando as relações pessoais e profissionais. Com a integração de uma Equipe Multiprofissional (eMulti) trabalhando com as equipes de uma Unidade de Saúde da Família em Ribeirão Preto, estado de São Paulo, identificou-se a necessidade de apoiar os profissionais de saúde com momentos de cuidado, silêncio e introspecção. Os desafios incluíam estresse relacionado ao trabalho, ansiedade, insônia, dores musculares e articulares (especialmente nos pés, lombar e cervical) e irritabilidade. Devido a essas questões, os profissionais procuraram assistência da eMulti para auriculoterapia em diferentes momentos, muitas vezes sem organização adequada para acolhimento do profissional solicitante. Diante dessa demanda, foi criado um grupo semanal, conduzido por dois profissionais da eMulti. O grupo tem abordagem aberta, permitindo que os participantes entrem ou saiam ao longo do tempo sem prejudicar o acompanhamento contínuo. O foco do grupo é promover o cuidado em saúde para os profissionais, utilizando duas abordagens terapêuticas da Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (MTCI): meditação guiada em grupo e auriculoterapia individual realizada antes da meditação. O objetivo é fortalecer os indivíduos em um espaço de escuta e apoio, promovendo o autocuidado. O grupo se reúne semanalmente por sessões de 30 minutos próximas ao horário de almoço, visando minimizar ausências e incentivar a participação.
Sobrecarga de trabalho, dores físicas e psicossomáticas, questões de saúde mental como estresse e ansiedade.
Após três meses, aplicou-se a Escala de Percepção de Mudança - Versão Paciente (PCS-P) aos oito participantes que compareceram a pelo menos 90% das sessões. A análise qualitativa mostrou que todos relataram melhorias após iniciar a participação, mencionando “controle emocional”, “mais calma” e “maior concentração”. Dos 19 itens da PCS-P, 100% se sentiram melhor do que antes em quatro áreas: estabilidade emocional, capacidade de lidar com situações difíceis, sono e saúde física. O item relacionado à sexualidade apresentou o maior número de participantes sem alteração (62,5%), porém muitos relataram não ter vida sexual ativa no momento. Os demais itens tiveram pelo menos 60% dos participantes percebendo melhorias em relação ao estado anterior.
A intervenção demonstrou, tanto quantitativa quanto qualitativamente, resultados positivos, e sugere-se expandir essa prática dentro do serviço para permitir que mais profissionais participem. Além disso, pode ser replicada em outros serviços que disponham de profissionais mediadores capacitados e dispostos a realizar as abordagens MTCI oferecidas. A proposta de cuidado pode ser adaptada incorporando outras abordagens terapêuticas, dependendo da formação e expertise em MTCI dos membros responsáveis da equipe.
The routine in Primary Health Care often involves complex demands from vulnerable families, which, combined with other factors, can cause frustration, stress, and emotional management difficulties that affect personal and professional relationships. With the integration of a Multidisciplinary Team (Equipe Multiprofissional - eMulti) working with teams at a Family Health Unit in Ribeirão Preto, state of São Paulo, we identified the need to support health professionals with moments of care, silence, and introspection. The challenges included work-related stress, anxiety, insomnia, muscular and joint pains (especially in the feet, lower back, and cervical spine), and irritability. Due to these issues, professionals sought assistance from the eMulti for auriculotherapy at various times, often without proper organization for welcoming the requesting professional. Therefore, based on this demand, a weekly group was created, led by two eMulti professionals. The group has an open approach, allowing participants to join or leave over time without affecting the ongoing support. The focus of the group is to promote health care for professionals using two therapeutic approaches from Traditional, Complementary and Integrative Medicine (TCIM): group guided meditation and individual auriculotherapy performed before meditation. The goal is to strengthen individuals in a space of listening and support, fostering self-care. The group meets weekly for 30-minute sessions near lunchtime, aiming to minimize absence and encourage participation.
Work overload, physical and psychosomatic pains, mental health issues such as stress and anxiety.
After three months, we applied the Perception of Change Scale - Patient Version (PCS-P) to the eight participants who attended at least 90% of the sessions. The qualitative analysis showed that all reported improvements after starting participation, mentioning “emotional control”, “more calm”, and “greater concentration”. Of the 19 items on the PCS-P, 100% felt better than before in four areas: emotional stability, ability to handle difficult situations, sleep, and physical health. The item related to sexuality showed the highest number of participants with no change (62.5%), however, there were many reports of not having an active sex life at the moment. The others items saw at least 60% of participants perceiving improvements compared to their previous state.
The intervention demonstrated, both quantitatively and qualitatively, a positive outcome, and we suggest expanding this practice within the service to allow more professionals to participate. Additionally, it can be replicated in other services that have mediating professionals who are willing and trained to carry out the offered TCIM approaches. The care proposal can be adapted by incorporating other therapeutic approaches, depending on the professional training and expertise in TCIM of the responsible team members.
