Apesar dos avanços científicos e tecnológicos na área da saúde, que impactaram significativamente a expectativa de vida, tem-se observado um aumento crescente dos custos em saúde no Brasil e no mundo, muitas vezes desproporcional aos resultados verificados nos últimos anos. Estudos recentes em bases públicas, como as do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da OMS, revelaram que, em 2012, 26,5% de todos os casos de câncer (114.497 casos) e 33,6% de todas as mortes por câncer no Brasil (63.371 mortes) poderiam ter sido evitados por mudanças no estilo de vida dos brasileiros (REZENDE et al., 2017, p. 148). Evidências emergentes sugerem que parte da relação entre fatores de risco psicossociais (estresse, ansiedade, depressão, hostilidade, falta de apoio emocional, certos traços de personalidade, adversidades na infância e eventos estressantes de vida) e doenças cardiovasculares (DCV) e diabetes pode operar por meio da síndrome metabólica, um agrupamento de vários fatores de risco para DCV, incluindo (i) obesidade abdominal, (ii) hipertrigliceridemia, (iii) baixo colesterol HDL, (iv) hipertensão e (v) hiperglicemia. Práticas da Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (MTCI) estão sendo implementadas em serviços de saúde privados e públicos em todo o mundo.
Esse cenário evidencia a necessidade de soluções digitais em saúde que promovam educação em saúde e empoderem os pacientes para o autocuidado e autogerenciamento. Este relato de experiência refere-se ao uso de um aplicativo de saúde para autoavaliação e automonitoramento oferecido aos pacientes como forma de complementar o cuidado centrado na pessoa e permitir a produção de dados do mundo real, em consultório de clínica geral no Rio de Janeiro.
A plataforma online e o aplicativo móvel estão disponíveis para pacientes desde 2019 e já possuem 787 usuários ativos. Entre suas funcionalidades estão avaliações, educação em saúde e lembretes para adesão ao tratamento. A avaliação inclui aspectos de saúde física, mental e comportamental, utilizando escalas psicométricas (estresse, ansiedade, depressão, resiliência, inteligência emocional, espiritualidade), questionários sobre estilo de vida, medidas antropométricas, sinais vitais e exames laboratoriais, além de diários de emoções, sintomas, movimento, práticas integrativas como meditação, yoga e Tai Chi, nutrição, qualidade de vida e prontidão para mudanças. A abordagem integrativa da ferramenta permite a criação de um perfil de saúde e a mensuração do impacto de várias intervenções em saúde.
Como solução digital, tem sido utilizada no monitoramento e acompanhamento de pacientes com hipertensão, diabetes, dislipidemia, dor crônica, ansiedade, obesidade e outras condições, no Brasil e internacionalmente.
Manter a adesão a longo prazo é um desafio.
Despite scientific and technological advances in healthcare, which have significantly impacted life expectancy, there has been a growing increase in healthcare costs in Brazil and worldwide, often disproportionate to the results observed in recent years. Recent studies in public databases, such as those of the IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics) and the WHO's International Agency for Research on Cancer, revealed that in 2012, 26.5% of all cancer cases (114,497 cases) and 33.6% of all cancer deaths in Brazil (63,371 deaths) could have been avoided by changing Brazilians' lifestyles (REZENDE et al, 2017, p. 148). Emerging evidence suggests that part of the link between psychosocial risk factors (stress, anxiety, depression, hostility, lack of emotional support, some personality traits, childhood adversity, and stressful life events) and cardiovascular disease (CVD) and diabetes may operate through the metabolic syndrome, a clustering of several CVD risk factors, including (i) abdominal obesity, (ii) hypertriglyceridemia, (iii) low high-density lipoprotein (HDL) cholesterol, (iv) hypertension, and (v) hyperglycemia.Traditional, Complementary and Integrative Medicine (TCIM) practices are being implemented in private and public health care worldwide.
This scenario raises the need for digital health solutions that help promote health based on education and empower patients for their self-management and self-care. This experience report refers to the use of a self-assessment and self-monitoring health application offered to patients as a way to complement person-centered care and enable the production of real-world data, in a general practitioner's office in Rio de Janeiro. The online platform and mobile app have been offered to patients since 2019 and already have 787 active users. Its features include assessments, health education, and reminders for treatment adherence. The assessment includes aspects of physical, mental, and behavioral health, using psychometric scales (stress, anxiety, depression, resilience, emotional intelligence, spirituality), lifestyle questionnaires, anthropometric measurements, vital signs, and laboratory tests, as well as diaries of emotions, symptoms, movement, integrative practices such as meditation, yoga, and Tai Chi, nutrition, quality of life, and readiness for change. The tool's integrative approach allows for the creation of a health profile and measurement of the impact of many health interventions.
As a digital solution, it has been used in the monitoring and follow-up of patients with hypertension, diabetes, dyslipidemia, chronic pain, anxiety, obesity, and other conditions, in Brazil and internationally.
Maintain long-term adherence is a challenge.
