A Farmácia Integrativa é uma das áreas de atuação do Farol, que visa ampliar o papel do farmacêutico na promoção da saúde e prevenção de doenças, por meio de orientações sobre o uso racional de plantas medicinais pela população, integrando farmacêuticos, profissionais de saúde e comunidade local. A iniciativa conecta o cuidado farmacêutico convencional ao conhecimento tradicional e popular, baseado em evidências científicas que garantem eficácia e segurança. Essa ação promove um espaço de articulação comunitária, cuidado em saúde e valorização do saber popular. Em territórios marcados por vulnerabilidades sociais, ações educativas em rede favorecem a recuperação da autonomia no cuidado e fortalecem vínculos territoriais. Ressalta-se que o Sistema Único de Saúde (SUS) reconhece o uso tradicional de plantas medicinais como prática integrativa válida, conforme a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (BRASIL, 2006). A partir do primeiro semestre de 2024, foram realizadas diversas atividades no território: Manutenção da horta medicinal comunitária – ações no Jardim Educacional de Plantas Medicinais do Farol, voltadas ao cultivo e manejo das plantas, abordando conceitos básicos para autocuidado em casa ou em outros espaços, incluindo preparo do solo, técnicas de plantio, colheita e usos terapêuticos. Apoio técnico à Horta Cores e Sabores e revitalização da horta medicinal na UBS Jardim Lídia – com foco em expandir, recuperar e renovar o plantio existente, destacando biodiversidade, identificação de espécies, manutenção e melhoria da qualidade do solo para o desenvolvimento saudável das plantas. Círculos de Chá – encontros educativos sobre plantas medicinais, abordando propriedades terapêuticas, partes utilizadas, interações com medicamentos, efeitos adversos, indicações e formas de preparo de chás, seguindo as resoluções do Conselho Federal de Farmácia (CFF, 2007). Incluem workshops temáticos integrados com grupos de monitoramento do SUS, como tabagismo, diabetes e saúde mental.
As plantas medicinais sempre foram amplamente utilizadas pela comunidade do Capão Redondo, sendo muitas vezes a primeira ou única alternativa terapêutica, especialmente para populações vulneráveis. Contudo, observou-se o uso frequente de algumas espécies de forma inadequada, bem como a combinação de várias plantas em preparações caseiras, comprometendo a segurança terapêutica da população.
As interações com a comunidade possibilitaram a conscientização sobre a importância da natureza para a saúde. O enfoque no uso racional das plantas promoveu maior compreensão sobre autocuidado seguro. Observou-se também que o processo educativo contribui para a redução de ataques de ansiedade em grupos do Centro de Atenção Psicossocial, diminuindo o número de cigarros consumidos durante as atividades, além de promover foco, concentração e integração coletiva nos espaços.
Um dos principais desafios da Farmácia Integrativa é a limitação presente em muitos cursos de formação profissional, que ainda não incluem uma visão ampla do cuidado em saúde, dificultando práticas integradas e interprofissionais. Além disso, há resistência à valorização do conhecimento tradicional, prejudicando a integração entre saberes populares e científicos. A articulação entre diferentes profissionais de saúde também é desafiadora, demandando espaços mais consolidados para construção coletiva. Barreiras culturais e sociais relacionadas à confiança na terapia com plantas medicinais, bem como a necessidade de maior divulgação de experiências positivas já realizadas, são desafios adicionais.
Integrative Pharmacy is a focus at Farol Social Business that aims to expand the role of pharmacists in promoting health and preventing diseases, through guidance on the rational use of medicinal plants by the population, in order to integrate Farol’s pharmacists, health professionals and the community in the region. It connects conventional pharmaceutical care with traditional and popular knowledge based on scientific evidence that brings efficacy and safety to people. This action promotes a powerful space for community articulation, health care and the appreciation of popular knowledge. In a territory marked by social vulnerabilities, educational actions of this magnitude carried out in a network enable the recovery of autonomy in care and promote the strengthening of territorial ties. It is also important to note that the Brazilian universal care system (SUS) recognizes the use of the traditional uses of medicinal plants as one of its recognized and accepted by the national Integrative Health Policy (BRASIL, 2006). From the first half of 2024 onwards, several activities were carried out in the territory, such as: Community medicinal garden maintenance - actions carried out at the Farol Educational Medicinal Garden, aimed at the cultivation and management of medicinal plants, providing information on basic concepts for care at home or in other spaces, addressing topics on soil preparation, planting methods, harvesting and different therapeutic uses. Technical support for the vegetables garden Horta Cores e Sabores and revitalization at the medicinal garden at the local public heath center UBS Jardim Lídia - aiming to expand, recover and renew the existing planting on site, highlighting the importance of biodiversity, species identification, maintenance and improvement of soil quality for the healthy development of plants. Tea Circles - educational gatherings focusing on medicinal plants which provided information on the medicinal properties of plants, parts used, interactions with medications, adverse effects, indications for use and the different ways of preparing teas, according to the resolutions of the National Pharmaceutical Council (CFF, 2007) in addition to thematic workshops integrated with SUS monitoring groups, such as: smoking, diabetes and mental health.
Medicinal plants have always been widely used by the Capão Redondo community, being in many cases the first or only therapeutic alternative available, especially for the most vulnerable populations. However, in some cases, the frequent use of certain species, improper forms of use, associations of many species in homemade preparations that compromised people's therapeutic safety were observed.
Through interactions with the community, it was possible to raise awareness among more and more people about the importance of nature in all aspects of health. The approach to the rational use of plants promoted greater awareness about their use, expanding the population's knowledge about how to manage their self-care safely. It was observed that the educational process minimizes anxiety attacks in groups from the Psychosocial Care Center, as it reduced the number of cigarettes smoked during the activity, in addition to promoting focus, concentration and collective integration in the spaces.
One of the main challenges of Integrative Pharmacy is the limitations present in many professional training courses, which still do not include a broader view of health care. This hinders the development of integrated and interprofessional practices. In addition, there is resistance to the appreciation of traditional knowledge, which compromises the integration between popular and scientific knowledge. The articulation between different health professionals is also a challenge, requiring more consolidated spaces for collective construction. Added to this are the cultural and social barriers related to trust in therapy with medicinal plants, as well as the need for greater dissemination of positive experiences already carried out in the territories.