Programa: Esta proposta concentra-se na preservação e no compartilhamento de conhecimentos ancestrais relacionados ao uso de xaropes de ervas para o tratamento de condições respiratórias, como tosses produtivas, baseados em tradições familiares e na sabedoria etnobotânica. O projeto envolve:
Realização de entrevistas com indivíduos que mantêm essas práticas.
Registro de receitas e métodos de preparo em formatos audiovisuais e escritos.
Análise das plantas medicinais e de seus papéis nessas formulações.
Destaque do impacto emocional e cultural dessas práticas na saúde e no bem-estar.
Perda progressiva do conhecimento tradicional:
A transmissão intergeracional de saberes sobre o uso de plantas medicinais está em risco devido à urbanização, à medicalização e à falta de valorização das práticas naturais, o que ameaça a continuidade desse patrimônio cultural.
Falta de sistematização do conhecimento tradicional:
Apesar de seu uso difundido no âmbito familiar, os xaropes caseiros para tosse feitos com plantas medicinais frequentemente carecem de sistematização científica que permita registrar, comparar e validar suas receitas, usos e efeitos.
Fraca coordenação entre a medicina popular e a saúde pública:
Os xaropes caseiros para tosse representam um recurso acessível e de baixo custo de atenção primária; entretanto, geralmente não são considerados pelos sistemas formais de saúde, o que impede seu uso como ferramenta complementar na prevenção e cuidado respiratório.
Resultados preliminares:
Foi confirmada a existência de uma tradição familiar no Uruguai de preparar xaropes caseiros para tosse, bem como diversos remédios à base de ervas, infusões, decocções e macerações. Estes são utilizados como adjuvantes no tratamento de tosse, gripe e resfriados, resultando em grande alívio dos sintomas dessas condições respiratórias. Os entrevistados descrevem seu preparo, método de administração e o bem-estar ou melhora resultante. Essa tradição popular existe nas famílias uruguaias, perdura e se mantém ao longo do tempo, de geração em geração, graças aos resultados bem-sucedidos obtidos que demonstram sua eficácia pela prática. Foram realizadas mais de 30 entrevistas para registrar essas valiosas experiências familiares ancestrais em cuidados de saúde no Uruguai. O objetivo foi preservar essas experiências, estudar as plantas medicinais utilizadas e, por fim, publicar os resultados da pesquisa para que as receitas generosamente fornecidas nas entrevistas sejam de livre acesso e disponibilidade. Essas informações serão publicadas no site da Escola Uruguaia de Naturopatia e serão de acesso gratuito.
Vinte e duas plantas medicinais usadas em preparações fitoterápicas foram registradas e identificadas botanicamente para estudo posterior. Foi elaborada uma lista com sua nomenclatura científica. Verificou-se que algumas plantas medicinais estão presentes em várias receitas, como guaco (Mikania glomerata), nêspera (Eriobotrya japonica), erva-cidreira (Lippia alba), cebola (Allium cepa) e limão (Citrus limon). Também se constatou que, do total de espécies vegetais registradas, apenas um terço era nativo do Uruguai, sendo a maioria exótica. Observou-se ainda que as plantas nativas se repetem em várias receitas.
A metodologia principal utilizada foi a entrevista presencial, em que uma série de perguntas foi feita, enfatizando que as receitas compartilhadas deveriam ser apenas de uso familiar e utilizadas de forma eficaz dentro da família ao longo do tempo. Foi solicitado que as receitas fossem enviadas via gravação de áudio por mensagem de WhatsApp para facilitar o envio e o registro. Com esse material, foi editada uma apresentação audiovisual complementar, com as vozes de alguns entrevistados como representantes desse relato de experiência. As gravações em áudio descrevem o processo de preparo e administração, bem como o vínculo emocional com a família como ingrediente intangível sempre presente. A memória afetuosa das receitas, a intenção de curar e a sensação agradável sempre presentes nas histórias, assim como o bem-estar alcançado com o alívio dos sintomas, foram confirmadas.
Um dado importante é que os ingredientes da maioria das receitas são de fácil e baixo custo de acesso e podem ser preparados com itens já presentes em casa. Até mesmo as plantas medicinais utilizadas nessas receitas estão presentes na maioria dos quintais e pomares familiares, muitas vezes não exigindo compra. Destaca-se a prática de compartilhar as plantas necessárias para essas preparações entre amigos, vizinhos e familiares, ressaltando o belo vínculo comunitário que busca compartilhar práticas populares de cura.
Foram obtidas e registradas mais de 40 receitas em uma planilha como anexo. Outra planilha também registrou as informações dos entrevistados e suas origens geográficas, destacando que a maioria das receitas vem de áreas rurais em diferentes departamentos do Uruguai. Outro material complementar é uma planilha sobre as plantas medicinais registradas. Entre as receitas, destacamos a preparação do xarope de “Quemadillo”, que se repete em várias receitas e é preparado com açúcar queimado ou caramelizado ao qual são adicionadas várias plantas medicinais. O açúcar é rapidamente aquecido no caramelo por alguns segundos e, em seguida, adiciona-se água, fazendo uma decocção por alguns minutos até o líquido concentrar. Este xarope é tomado morno às colheradas para aliviar a tosse, e também pode ser bebido em forma de chá antes de dormir. A descrição desse xarope “Quemadillo” é apenas um exemplo; todas as receitas estão registradas na ficha de registro, juntamente com suas quantidades, método de preparo e administração.
Os resultados servirão para:
Promover a compreensão das práticas etnobotânicas.
Incentivar a integração desses métodos nos sistemas contemporâneos de saúde.
Destacar os vínculos emocionais ligados às práticas ancestrais de saúde.
Essa iniciativa faz uma ponte entre tradição e modernidade, promovendo o respeito ao patrimônio cultural enquanto enfrenta os desafios contemporâneos da saúde. O projeto contribui para o reconhecimento global do rico legado medicinal do Uruguai e apoia sua preservação para as futuras gerações.
Program: This proposal focuses on preserving and sharing ancestral knowledge related to the use of herbal syrups for treating respiratory conditions such as productive coughs, based on family traditions and ethnobotanical wisdom. The project involves:
Conducting interviews with individuals who maintain these practices.
Recording recipes and preparation methods through audiovisual and written formats.
Analyzing the medicinal plants and their roles in these formulations.
Highlighting the emotional and cultural impact of these practices on health and well-being.
1. Progressive loss of traditional knowledge:
The intergenerational transmission of knowledge about the use of medicinal plants is at risk due to urbanization, medicalization, and the lack of appreciation for natural practices, which threatens the continuity of this cultural heritage.
2. Lack of systematization of traditional knowledge:
Despite their widespread use at the family level, homemade cough syrups made with medicinal plants often lack scientific systematization that allows their recipes, uses, and effects to be recorded, compared, and validated.
3. Poor coordination between folk medicine and public health:
Homemade cough syrups represent an accessible and low-cost primary care resource; however, they are not typically considered by formal health systems, which prevents their use as a complementary tool in respiratory prevention and care.
Preliminary results:
It was confirmed that there is a family tradition in Uruguay of preparing homemade cough syrups, as well as various herbal remedies, infusions, decoctions, and macerations. These are used as adjuvants in the treatment of coughs, flu, and colds, resulting in great relief from the symptoms of these respiratory conditions. Interviewees describe their preparation, method of administration, and the resulting well-being or improvement. This popular tradition exists in Uruguayan families, which endures and is sustained over time, from generation to generation, thanks to the successful results obtained that demonstrate its effectiveness through practice. More than 30 interviews were conducted to record these valuable ancestral family experiences in health care in Uruguay. The goal was to preserve these experiences, study the medicinal plants used, and finally, publish the research results so that the recipes generously provided in the interviews would be freely accessible and available. This information will be uploaded to the Uruguayan School of Naturopathy website and will be freely accessible.
Twenty-two medicinal plants used in herbal preparations were recorded and botanically identified for further study. A list was compiled with their scientific nomenclature. It was found that some medicinal plants are present in several recipes, such as Guaco (Mikania glomerata), Loquat (Eriobotrya japonicao), Climbing Sage (Lippia alba), Onion (Allium cepa), and Lemon (Citrus limon). We also found that of the total number of plant species recorded, only a third were native to Uruguay, the majority being exotic. It was also observed that native plants are repeated in several recipes.
The primary methodology used was a face-to-face interview, in which a series of questions were asked, emphasizing that the shared recipes had to be for family use only and used effectively within the family over time. Recipes were requested to be sent via audio recording via WhatsApp message to facilitate submission and registration. A complementary audiovisual presentation was edited with this material, featuring the voices of some of the interviewees as a representative of this experience report. The audio recordings describe the preparation and administration process, as well as the emotional bond with family as an ever-present intangible ingredient. The loving memory of the recipes, the intention to heal, and the pleasant feeling always present in the stories, as well as the well-being achieved with symptom relief, were confirmed.
An important fact is that the ingredients in most of the recipes are easily and inexpensively accessible and can be prepared with items already present in the home. Even the medicinal plants used in these recipes are present in most family gardens and orchards, often not requiring purchase. The practice of sharing the plants needed for these preparations among friends, neighbors, and family is highlighted, highlighting the beautiful community bond that seeks to share popular healing practices.
More than 40 recipes were obtained and recorded on a spreadsheet as an annex. Another spreadsheet also recorded the information of the interviewees and their geographical origins, highlighting that most of the recipes come from rural areas in different departments of Uruguay. Another complementary material is a spreadsheet on the recorded medicinal plants. Among the recipes, we highlight the preparation of "Quemadillo" syrup, which is repeated in several recipes and is prepared with burnt or caramelized sugar to which various medicinal plants are added. The sugar is quickly heated in the caramel for a few seconds, and then water is added, thus decocting for a few minutes until the liquid concentrates. This syrup is taken warm by the spoonful to relieve coughs, and it can also be drunk as a cup before bed. The description of this "Quemadillo" syrup is only an example; all recipes are recorded on the registration form, along with their quantities, preparation method, and administration.
The outcomes will serve to:
Promote the understanding of ethnobotanical practices.
Encourage integration of these methods within contemporary health frameworks.
Highlight the emotional bonds tied to ancestral health practices.
This initiative bridges tradition and modernity, fostering respect for cultural heritage while addressing contemporary health challenges. The project contributes to the global recognition of Uruguay’s rich medicinal legacy and supports its preservation for future generations.