O FloreSer é um programa terapêutico realizado no ASI/HURCG em Ponta Grossa, Paraná, no sul do Brasil. A população-alvo consiste principalmente em mulheres com fibromialgia encaminhadas pela clínica de dor crônica. Como condição crônica e multifatorial, a fibromialgia é frequentemente negligenciada devido à ausência de marcadores físicos visíveis, exigindo uma abordagem de cuidado abrangente e humanizada.
O protocolo tem duração de 12 semanas, com encontros semanais de três horas, divididos entre atividades educativas e experiências práticas. As intervenções são baseadas em uma visão integrativa de saúde (física, emocional, espiritual, social e planetária), Medicina do Estilo de Vida, PICS e Tecnologias de Cuidado Social. As práticas incluem aromaterapia, auriculoterapia, fitoterapia, meditação, alimentação saudável, oficinas de perdão, terapia comunitária integrativa, tai chi chuan, círculos de justiça restaurativa, musicoterapia e dinâmicas de grupo.
A equipe é composta por psicólogo, médico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, residentes multiprofissionais e, dependendo do semestre, nutricionista, terapeuta ocupacional e profissional de educação física. O ASI, como espaço de ensino-assistência, facilita a integração entre ensino, pesquisa, extensão e serviços de saúde, fortalecendo a formação em saúde e a efetividade do SUS.
As principais necessidades identificadas entre as participantes incluem: dor crônica intensa, fadiga, sofrimento emocional, falta de cuidado empático e escuta qualificada nos serviços de saúde, isolamento social, medicalização excessiva e baixa autoestima. A fragmentação do cuidado e o modelo biomédico centrado na doença têm se mostrado insuficientes para lidar com a complexidade do adoecimento. A ausência de vínculos terapêuticos sólidos agrava a sensação de abandono. O FloreSer propõe uma abordagem de cuidado centrada na pessoa, comunitária e conectada em rede, promovendo transformação por meio da escuta, do pertencimento e do empoderamento.
O Programa FloreSer apresentou impactos significativos e duradouros na vida das participantes, com melhorias consistentes nos aspectos físicos, emocionais, sociais e comportamentais. O protocolo terapêutico multimodal e multiprofissional de 12 semanas, baseado em PICS e educação em saúde, promoveu o autocuidado e contribuiu para o alívio da dor e o aumento da percepção de bem-estar.
As participantes relataram melhora no humor, qualidade do sono, autoestima e motivação para mudanças no estilo de vida. Técnicas como escalda-pés, aromaterapia, respiração consciente, alimentação saudável, caminhada e os círculos de Terapia Comunitária Integrativa (TCI) passaram a fazer parte de suas rotinas diárias, promovendo autonomia e empoderamento. A oficina do perdão e outras experiências simbólicas levaram a um profundo ressignificado emocional e à reconexão com o propósito de vida.
Quantitativamente, um estudo revelou um aumento estatisticamente significativo na média dos escores de autocuidado no grupo de intervenção (GI), de 49,58 para 57,25 ao final do protocolo (p = 0,008). No grupo controle (GC), a variação de 54,33 para 54,67 não foi estatisticamente significativa (p = 0,867). Além disso, estudos desenvolvidos em duas monografias de graduação e duas dissertações de mestrado indicaram que os benefícios de autocuidado se mantiveram mesmo um ano após a intervenção, demonstrando o impacto duradouro do programa.
Para garantir a continuidade e expansão de iniciativas como o FloreSer, recomenda-se que as PICS e as tecnologias sociais sejam reconhecidas institucionalmente na gestão em saúde. É necessário enfrentar resistências culturais e epistemológicas nas equipes e ampliar a formação em práticas integrativas nos cursos de saúde. Os principais desafios incluem assegurar financiamento estável, valorizar o trabalho multiprofissional e monitorar sistematicamente os impactos do programa, com apoio da gestão, das instituições de ensino e dos mecanismos de controle social.
FloreSer is a therapeutic program conducted at ASI/HURCG in Ponta Grossa, Paraná, in southern Brazil. The target population consists mostly of women with fibromyalgia referred from the chronic pain clinic. As a chronic and multifactorial condition, fibromyalgia is often neglected due to its lack of visible physical markers, requiring a comprehensive and humanized care approach.
The protocol spans 12 weeks, with weekly three-hour sessions divided between educational activities and practical experiences. The interventions are based on an integrative view of health (physical, emotional, spiritual, social, and planetary), Lifestyle Medicine, PICS, and Social Care Technologies. Practices include aromatherapy, auriculotherapy, herbal medicine, meditation, healthy eating, forgiveness workshops, integrative community therapy, tai chi chuan, restorative justice circles, music therapy, and group dynamics.
The team comprises a psychologist, physician, nurse, pharmacist, physiotherapist, multiprofessional residents, and, depending on the semester, a nutritionist, occupational therapist, and physical education professional. ASI, as a teaching-assistance space, facilitates the integration of education, research, outreach, and health services, strengthening training in health and the effectiveness of the SUS.
The main needs identified among participants include: severe chronic pain, fatigue, emotional distress, lack of empathetic care and qualified listening in health services, social isolation, excessive medicalization, and low self-esteem. The fragmentation of care and the disease-centered biomedical model have proven insufficient in addressing the complexity of illness. The absence of strong therapeutic bonds exacerbates the sense of abandonment. FloreSer proposes a person-centered, community-based, and network-connected care approach, fostering transformation through listening, belonging, and empowerment.
The FloreSer Program showed significant and lasting impacts on participants’ lives, with consistent improvements in physical, emotional, social, and behavioral aspects. The 12-week multimodal and multiprofessional therapeutic protocol, based on PICS and health education, promoted self-care and contributed to pain relief and increased perception of well-being.
Participants reported improved mood, sleep quality, self-esteem, and motivation for lifestyle changes. Techniques such as foot baths, aromatherapy, conscious breathing, healthy eating, walking, and Integrative Community Therapy (ICT) circles became part of their daily routines, promoting autonomy and empowerment. The forgiveness workshop and other symbolic experiences led to deep emotional reframing and reconnection with life purpose.
Quantitatively, one study revealed a statistically significant increase in the average self-care scores in the intervention group (IG), from 49.58 to 57.25 by the end of the protocol (p = 0.008). In the control group (CG), the change from 54.33 to 54.67 was not statistically significant (p = 0.867). Additionally, studies developed within two undergraduate theses and two master’s dissertations indicated that the self-care benefits were sustained even one year after the intervention, demonstrating the program’s lasting impact.
To ensure the continuity and expansion of initiatives like FloreSer, it is recommended that PICS and social technologies be institutionally recognized within health management. It is necessary to address cultural and epistemological resistance within teams and to expand integrative practice training in health-related academic programs. Key challenges include securing stable funding, valuing multiprofessional work, and systematically monitoring the program's impacts, with support from management, educational institutions, and social control mechanisms.
