O projeto “Atraídos pela Natureza” tem como objetivo promover a saúde mental e o bem-estar de professores e funcionários da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), organizado pela Escola Corporativa (Educorp), utilizando o espaço e a expertise de biólogos das áreas de Botânica e Zoologia do Museu de Diversidade Biológica (MDBio) do Instituto de Biologia.
Trata-se de um curso na interseção entre biologia e arte, em que os participantes entram em contato com a natureza por meio da observação de espécimes de plantas e animais (vivos, preservados em herbário ou taxidermizados), seguida da expressão livre dessas observações utilizando materiais gráficos expressivos e escrita criativa. O curso é conduzido como um processo de arteterapia, sob orientação e supervisão de uma arteterapeuta e bióloga.
Cada aula inclui as seguintes etapas:
Visita a uma área de exposição do Museu de Diversidade Biológica (MDBio) (https://www.ib.unicamp.br/museu_zoologia/
, https://www.instagram.com/mdbiounicamp?igsh=ZWxnbDViZ3NtMXBr
), guiada por biólogos especializados, proporcionando estímulos visuais e táteis marcantes por meio de elementos naturais de diversas espécies;
Desenhos geométricos baseados em figuras de 3, 4 e 12 lados (desenvolvidas progressivamente, da geometria de base-3 na primeira sessão à base-12 na quinta), posicionadas dentro de círculos para formar mandalas;
Atividade expressiva para externalizar pensamentos e sentimentos usando materiais artísticos (desenho e pintura), por meio de formas e cores, sem necessidade de experiência prévia em arte ou adesão a padrões estéticos;
Escrita criativa, estimulada por perguntas e afirmações reflexivas sobre autoconhecimento e relações no trabalho/social;
Sessão de compartilhamento, em que os participantes que desejarem podem apresentar seus trabalhos e compartilhar percepções, pensamentos, emoções e sentimentos.
As atividades 2 a 4 são realizadas com paisagens sonoras selecionadas — playlists musicais elaboradas para facilitar os resultados desejados do processo. Estas incluem: momentos de reflexão sobre o mundo do trabalho por meio de atividades inspiradas na natureza; liberação emocional por meio da expressão visual guiada pela arteterapia; relaxamento para aliviar ansiedade leve persistente; ativação para combater a letargia em casos de depressão leve e persistente; estímulo à criatividade no enfrentamento das relações, tarefas e desafios do ambiente de trabalho.
Na sessão final, os participantes produzem um livro artístico biográfico compilando suas obras individuais, permitindo a reflexão sobre a experiência e seu impacto no mundo interior. O objetivo principal é oferecer momentos de reflexão sobre o mundo do trabalho por meio de atividades inspiradas na natureza, permitindo a liberação de pensamentos e emoções.
A carga horária do curso é de 18 horas, distribuídas em seis sessões semanais de três horas cada. Materiais necessários incluem: papéis específicos para desenho e pintura, lápis de cor, pastéis macios, aquarelas, pincéis, compasso, régua, lápis grafite e borracha.
Foram observadas três questões principais:
A duração de 18 horas, distribuída em seis sessões semanais de 3 horas, poderia desestimular supervisores a liberarem seus funcionários;
Baixa inscrição devido às atividades de expressão gráfica, com potenciais participantes se autoexcluindo por acreditarem que não sabem desenhar;
Mistura de funcionários de diferentes níveis hierárquicos poderia inibir expressões mais subjetivas.
Não houve conflito ou descompasso entre o processo de arteterapia — que conecta a objetividade das ciências biológicas à subjetividade dos processos mentais ligados ao ambiente e dinâmicas de trabalho. Pelo contrário, quanto mais detalhadas e precisas eram as informações biológicas sobre os espécimes observados (interações, comportamentos, habitats etc.), maior era o engajamento subjetivo e mais criativos eram os resultados tanto na expressão visual quanto na escrita.
A diversidade nos níveis educacionais e ocupacionais do grupo participante (incluindo funcionários administrativos ou de laboratório, graduandos, pós-graduandos, pesquisadores e professores) não interferiu na profundidade do envolvimento emocional. O curso atingiu com sucesso seus objetivos reflexivos, visivelmente expressos por meio das produções verbais e gráficas dos participantes.
O cuidado com a saúde mental e o bem-estar em ambientes corporativos, conforme proposto aqui, está alinhado ao conceito de prescrições culturais em ambientes de museu e ganha força pelo poder equilibrador da sinergia entre natureza, arte e ciência.
O número de participantes não deve exceder 20, a fim de criar um ambiente seguro e conectado, propício à expressão livre.
Sessões semanais são ideais para equilibrar o tempo de processamento psicológico com mínima interrupção nas tarefas de trabalho. O curso está atualmente sendo oferecido para o segundo grupo, e há planos de oferecê-lo a mais oito grupos.
The project “Drawn to Nature” aims to promote mental health and well-being for professors and staff at the University of Campinas (Unicamp), organized by the Corporate School (Educorp), taking place in the space and with the expertise of biologists from the Botany and Zoology areas of the Museum of Biological Diversity (MDBio) at the Institute of Biology.
It is a course at the intersection of biology and art, where participants are brought into contact with nature through the observation of plant and animal specimens (living, herbarium-mounted, or taxidermied), followed by free expression of these observations using expressive graphic materials and creative writing. The course is conducted as an art therapy process, under the guidance and supervision of an art therapist and biologist.
Each class includes the following stages: 1- A visit to an exhibition area of the Museum of Biological Diversity (MDBio) (https://www.ib.unicamp.br/museu_zoologia/, https://www.instagram.com/mdbiounicamp?igsh=ZWxnbDViZ3NtMXBr), guided by biologists specialized in the subject, providing striking visual and tactile stimulation through natural elements from various species; 2- Geometric drawings based on 3, 4, and 12-sided figures (progressively developed from base-3 geometry in the first session to base-12 in the fifth), positioned within circles to form mandalas; 3- Expressive activity to externalize thoughts and feelings using art materials (drawing and painting), through shapes and colors, with no requirement for prior artistic experience or adherence to aesthetic standards; 4- Creative writing prompted by reflective questions and statements about self-awareness and workplace/social relationships; 5- Sharing session, where participants who wish may present their work and share perceptions, thoughts, emotions, and feelings.
Activities 2 through 4 are conducted with a curated soundscape—musical playlists designed to facilitate the intended outcomes of the process. These include:moments of reflection on the world of work through nature-inspired activities; emotional release via visual expression guided by art therapy; relaxation to ease persistent mild anxiety; activation to counteract lethargy in cases of mild yet persistent depression; stimulation of creativity in dealing with workplace relationships, tasks, and challenges.
In the final session, participants create a biographical art book compiling their individual works, allowing them to reflect on the experience and its impact on their inner world. The main goal is to provide reflective moments on the working world through nature-inspired activities that allow for the release of thoughts and emotions.
The course duration is 18 hours, delivered in six weekly sessions of three hours each. Materials required include art supplies such as specific drawing and painting papers, colored pencils, soft pastel, watercolor paints, brushes, compasses, rulers, graphite pencils, and erasers.
We were concerned with three issues: 1- The 18-hour duration with six 3-hour weekly sessions might discourage supervisors from releasing their employees; 2- Low enrollment due to the graphic expression activities, with potential participants self-excluding because they believe they can't draw; 3- Mixing employees from different hierarchical levels could inhibit more subjective expressions.
There was no conflict or mismatch between the art therapy process—bridging the objectivity of biological sciences and the subjectivity of mental processes tied to workplace environments and dynamics. On the contrary, the more detailed and accurate the biological information about the observed specimens (their interactions, behaviors, habitats, etc.), the deeper the subjective engagement and the more creative the results in both visual and written expression.
The diversity in educational and occupational levels within the participant group (including technical administrative or lab staff, undergraduates, postgraduates, researchers, and professors) did not interfere with the depth of emotional engagement. The course successfully achieved its reflective goals, which were visibly expressed through participants’ verbal and graphical output.
Mental health and well-being care within corporate environments, as proposed here, aligns with the concept of cultural prescriptions in museum settings and gains balancing power through the synergy of nature, art, and science.
The number of participants should not exceed 20 in order to create a safe and connected environment conducive to free expression.
Weekly sessions are ideal for balancing psychological processing time with minimal disruption to work duties. We are currently offering the course to the second group and our plan is to offer it to 8 more.
