Em 2019, o Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Multidisciplinar UFRJ-Macaé desenvolveu a disciplina “Introdução às Práticas Integrativas e Complementares”, em colaboração com os cursos de Medicina, Farmácia e Nutrição. Esta foi a primeira disciplina de PICS oferecida na UFRJ, com o objetivo de apresentar a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), criada no Brasil em 2006 (Brasil, 2006), e ampliar o conhecimento sobre diferentes práticas integrativas por meio de experiências teóricas e práticas interdisciplinares.
A disciplina é optativa, com carga horária de 30 horas, e já foi ofertada oito vezes, envolvendo mais de 200 estudantes. Os professores são membros de diversos cursos de graduação da UFRJ-Macaé, complementados por profissionais convidados da Rede Municipal de Saúde de Macaé, com formação em práticas integrativas. Em 2024, uma disciplina similar foi iniciada no Rio de Janeiro, criada pelo curso de Musicoterapia em conjunto com Enfermagem, Fisioterapia Ocupacional e Farmácia da UFRJ, ofertada apenas uma vez com 10 estudantes.
As aulas são ministradas por professores dos diversos cursos, além de técnicos e profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) que atuam em práticas integrativas. A disciplina se mostrou importante para a formação dos alunos, promovendo conhecimento abrangente sobre PICS por meio de experiências sensíveis que geram subjetividade. Essas experiências demonstraram aos estudantes a importância de uma abordagem holística, bem como da interdisciplinaridade e interprofissionalidade, para ampliar a integralidade do cuidado no SUS (Arruda et al., 2025).
Em Macaé, já foram abordadas Musicoterapia, Terapia Floral, Reiki, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Meditação, Yoga, Terapia Comunitária Integrativa, Dança Circular, Medicina Tradicional Chinesa, Ayurveda, Shantala e Homeopatia. No Rio de Janeiro, foram abordadas Terapia Floral, Musicoterapia, Medicina Tradicional Chinesa, Homeopatia, Reiki, Meditação, Yoga, Terapia Comunitária Integrativa e Plantas Medicinais e Fitoterapia. Ao final do programa, os estudantes apresentam outras abordagens, abrangendo as 29 práticas integrativas incluídas na PNPIC, garantindo acesso a informações sobre o máximo de práticas possível.
É necessário expandir o conhecimento sobre práticas integrativas e complementares nos cursos de graduação em saúde, uma vez que ainda são incipientes, gerando desconhecimento relativo entre a maioria dos profissionais (Tesser, Souza & Nascimento, 2018). A PNPIC valoriza tecnologias leves, como acolhimento e escuta, fundamentais para a promoção do cuidado na atenção primária à saúde e contrárias à medicalização da vida (Pereira, Souza & Schweitzer, 2022). O ensino sobre práticas integrativas no nível universitário ainda é predominantemente optativo e informativo. Os cursos de saúde devem adotar uma abordagem integrada, voltada à interação e complementaridade entre diferentes tipos de conhecimento (Nascimento et al., 2018).
Ao final do semestre, os alunos avaliam a disciplina por meio de formulário escrito e discussão coletiva. As avaliações dos estudantes de Macaé indicam que o curso contribuiu para:
* Maior compreensão sobre PICS e sua importância na promoção da integralidade no SUS;
* Estímulo ao uso de PICS para autocuidado;
* Interesse em buscar formação em alguma das práticas apresentadas;
* Percepção da importância da interdisciplinaridade e interprofissionalidade na formação acadêmica e prática profissional futura, pela integração com professores e estudantes de diferentes cursos;
* Reconhecimento da necessidade de comprovação científica das PICS;
* Percepção do relaxamento e bem-estar proporcionados pelas experiências práticas durante as aulas.
Os estudantes dos cursos da UFRJ no Rio de Janeiro relataram que a disciplina ajudou a reduzir preconceitos sobre algumas práticas apresentadas, despertou interesse em pesquisar PICS, promoveu experiência interdisciplinar e interprofissional, e combinou teoria com prática, favorecendo o conhecimento de como as PICS contribuem para o cuidado equilibrado do corpo, mente e emoções, promovendo autoconhecimento e estimulando o autocuidado para evitar o estresse e melhorar a qualidade de vida.
O ensino sobre PICS deve ser tornado obrigatório, para que todos os estudantes de saúde tenham acesso a esse conhecimento e possam encaminhar pacientes a profissionais qualificados, contribuindo para a integralidade do cuidado no SUS. É importante que o processo de ensino promova integração entre professores e estudantes de diferentes cursos, estimulando a interdisciplinaridade e a interprofissionalidade. As atividades devem combinar teoria e prática, com o objetivo de ampliar a compreensão dos estudantes sobre autocuidado e estimular a formação em práticas integrativas.
In 2019, the Undergraduate Nursing Course at the UFRJ-Macaé Multidisciplinary Center developed the discipline "Introduction to Integrative and Complementary Practices," in collaboration with the Medicine, Pharmacy, and Nutrition courses. This was the first PICS discipline developed at UFRJ. It aimed to present the National Policy for Integrative and Complementary Practices (PNPIC), created in Brazil in 2006 (Brasil, 2006), and to broaden knowledge of different integrative practices through theoretical and practical interdisciplinary experiences. The discipline is optional and consists of 30 hours of instruction. It has been offered eight times to date, with the participation of over 200 students. Teachers are members of different undergraduate health courses at UFRJ-Macaé and are complemented by guest professionals from the Municipal Health Network of Macaé, Brazil, who have training in integrative practices. In 2024, a similar discipline began in Rio de Janeiro, created by the Music Therapy course in conjunction with the Nursing, Occupational Therapy, and Pharmacy courses at UFRJ. It was offered only once and had 10 students. Lectures are taught by professors from the various courses as well as by technicians who work with different integrative practices offered by the university or by professionals from the Unified Health System (SUS). The offered discipline proved important for the students' training as it promoted comprehensive knowledge of PICS through sensitive experiences that produced subjectivity. These experiences made the students realize the importance of a holistic approach as well as interdisciplinarity and interprofessionality to expand integral care in the SUS (Arruda et al., 2025). In Macaé, lectures have already been held on Music Therapy, Floral Therapy, Reiki, Medicinal Plants And Herbal Medicines, Meditation, Yoga, Integrative Community Therapy, Circular Dance, Traditional Chinese Medicine, Ayurveda, Shantala, and Homeopathy. In Rio de Janeiro, the following practices were covered: Floral Therapy, Music Therapy, Traditional Chinese Medicine, Homeopathy, Reiki, Meditation, Yoga, Integrative Community Therapy, And Medicinal Plants and Phytotherapy. Students present other approaches that are part of the 29 integrative practices included in the PNPIC at the end of the program in seminars so that they have access to information on as many practices as possible.
It is necessary to expand knowledge of integrative and complementary practices in undergraduate health courses because they are still incipient, generating relative ignorance among most professionals (Tesser, Souza, & Nascimento, 2018). The PNPIC values soft technologies, such as welcoming and listening, which are fundamental to promoting care in primary health care, and go against the medicalization of life (Pereira, Souza, & Schweitzer, 2022). Teaching about integrative practices at the university level is still predominantly optional and informative. Health courses should take an integrated approach aimed at interaction and complementarity between different types of knowledge (Nascimento et al., 2018).
At the end of the semester, students evaluate the course using a written form and during a collective discussion. The Macaé students' evaluations indicate that the course contributed to the following: a greater understanding of PICS and its importance in promoting integrality in the Unified Health System (SUS); stimulation of the use of PICS for self-care; interest in seeking training in one of the presented practices; perception of the importance of interdisciplinarity and interprofessionality in academic training and future professional practice due to integration with teachers and students from different courses; perception of the importance of scientific proof of PICS; perception of the relaxation and well-being promoted by the practice experiences during classes. Moreover, students from UFRJ courses in Rio said the subject helped them reduce prejudice about some of the presented practices and sparked interest in researching PICS. It also promoted interest in training in integrative practices, provided an interdisciplinary and interprofessional experience, and presented theory followed by practical activities that promoted knowledge of how PICS contributes to balanced care of the body, mind, and emotions, promoting self-knowledge and stimulating self-care to avoid stress and improve quality of life.
Teaching about PICS should be made compulsory so that all health students have access to this knowledge and can direct patients to qualified professionals, contributing to comprehensive care in the SUS. It is also important that the teaching process promote integration between teachers and students from different courses to stimulate interdisciplinarity and interprofessionality. The teaching process should be based on theoretical and practical activities that aim to raise students' understanding of self-care and stimulate training in integrative practices.