Por décadas, a vacinação foi vista como um procedimento de dor e sofrimento, causando medo em crianças e adultos. Esse comportamento é um entre tantos motivos para a baixa cobertura vacinal, o que possibilita a volta de doenças já erradicadas. É fundamental mudarmos essa visão e promovermos a vacinação com amor e cuidado, como vacinadora sinto uma responsabilidade imensa em tornar a vacinação um ato humanizado, adotando técnicas já conhecidas, como a mamanalgesia, vacinação simultânea, o uso da criatividade e do lúdico. No momento em que estamos vivendo, que se busca trazer a empatia e a humanização aos serviços, mais do que nunca precisamos mudar a visão sobre a vacinação. Esse processo é necessário para que a saúde do coletivo seja saudável, então temos que torna-la menos traumática, e incentivar os pais a vacinarem seus filhos e os adultos a manterem seus esquemas vacinais. A vacinação deve ser vista como um ato de amor, cuidado, carinho e tranquilidade para todos. Fazendo essa mudança hoje teremos um futuro em que a população apoie a vacinação.
A partir dos resultados da pesquisa, o que foi mais relevante para desenvolver as estratégias que são realizadas foi os gráficos: – A distribuição percentual dos problemas relatados de aplicação e distribuição percentual dos problemas relatados de atraso/recusa da população. Esses dados refletem a nossa realidade, por isso são tão importantes para um bom desenvolvimento do trabalho. Dentro dos motivos que mais chamou atenção para a baixa adesão a vacinação está: atraso em voltar à unidade para completar o esquema, a falta de confiança da população nas vacinas e usuários que acham as agulhas muito dolorosas. Esses dados nos incentivam a seguir com a busca pela vacinação com amor, nos mostrando que é uma estratégia de estrema importância, baixo custo e que pode ser desenvolvida em todas as salas de vacina, independente da região. A iniciativa da Vacina com Amor teve boa aceitação pelas famílias do município, expandindo-se para municípios vizinhos que ficaram interessados e buscaram a troca de experiências e dicas para a implantação das práticas.
Foram muitas as estratégias criadas no município, como: mamanalgesia que consiste em incentivar as mães a amamentarem antes, durante ou após a aplicação da vacina, promovendo tranquilidade, distração e diminuição do estresse tanto na mãe como no bebê. O colo, o calor e o cheiro da mãe trazem muito conforto ao bebê, reduzindo a sensação de dor e desconforto. A recomendação é feita pela OMS, Sociedade Brasileira de pediatria e pelo Ministério da Saúde. Vacinação simultânea: consiste em realizar duas vacinas ao mesmo tempo, em locais distintos por profissionais diferentes. Essa prática minimiza a ansiedade e o estresse fazendo com que se tenha a percepção de apenas uma aplicação o que ajuda a diminuir a resposta da dor e suas consequências, principalmente em crianças maiores e adolescentes. Ludicidade na vacinação: consiste em interagir, tirar a tensão, o medo e o receio da criança em relação à sala de vacina. O brincar funciona de forma terapêutica, uma vez que, ao utilizar princípios lúdicos, favorece a troca de comunicação entre o profissional e a criança. Além de considerar as particularidades de cada uma e possibilitar a revelação de pensamentos, sentimentos, diversão e espontaneidade, conseguindo facilitar o objetivo. Complementos: uso do dispositivo pikluc que possui mini pontas que pressionadas ao local de aplicação da agulha, sensibilizam os nervos da região, diminuindo a sensação de dor causada pela injeção. Mimos: são agrados fornecidos as crianças após o ato da vacinação com a intenção de incentivar a coragem e o retorno à sala de vacinas. Exemplo adesivos, curativos coloridos, placas para foto, canetas marca texto em formato de seringa, copos, frutas. Atestado de vacina em dia: foi implantado no município que todas as escolas incluindo as de educação infantil solicitem atestado de vacina em dia para realizar a matricula e ou rematrícula. Através de todas essas ações percebeu-se um aumento da adesão principalmente nas famílias com crianças menores.
A humanização se faz urgente, não podemos ignorar a necessidade de trazermos a empatia cada vez mais para dentro da saúde. A importância de voltar a ter altas coberturas vacinais e prevenir doenças que já estavam erradicadas é indiscutível, cabe a nos profissionais aprimorar nossas práticas cada vez mais. Essas experiências nos mostram que é possível sim aumentar a adesão da população para as vacinas, com atitudes simples e eficazes. Precisamos compreender que a partir do momento que assumimos o trabalho de uma sala de vacinas, além da responsabilidade com a técnica correta e o manejo com os imunobiológicos temos que assumir o papel de humanos e trazer o amor a profissão e ao próximo, aquele mesmo que sentimos quando optamos pela Enfermagem. Registramos nosso apelo para que mais ações humanizadas sejam difundidas, criando assim uma corrente do bem e de confiança com a população, para que nossa realidade seja transformada e essa visão de que vacina é ruim e traumática seja extinta de vez. Ainda temos muito que aprender e a caminhar. Precisamos de muita ajuda, inclusive da justiça para que sejam criadas leis que flexibilizem o acesso dos trabalhadores as salas de vacina sem que ocorra prejuízo trabalhista. O nosso maior desejo, é que nesse novo futuro as crianças vejam a vacinação como um ato de amor a si e ao próximo. Ai sim teremos a certeza que nosso trabalho foi eficiente e foi realmente aplicado vacina com amor.
Ibirubá, RS, Brasil
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