A Roda de Mulheres foi uma estratégia pensada a partir da identificação do conflito entre as familiares e acompanhantes das crianças e as trabalhadoras da unidade, no contexto de uma enfermaria pediátrica. Recebemos a demanda de realizar grupos de acompanhantes. Entretanto, entendemos que apesar de ser interessante, essa estratégia existia na lógica de palestras informativas. Sendo assim, pensamos na estratégia de roda de conversa, só que na perspectiva de troca de saberes, levando em consideração que essas mulheres não são “vazias” de conteúdos, ao contrário, são as principais conhecedoras das realidades de seus filhos e da viviência de mulheres, mães e trabalhadoras. Por outro lado, a circularidade de saberes também auxiliaria na sensibilização das trabalhadoras do hospital para a construção de um novo olhar sobre as acompanhantes, em sua maioria, mães pretas. Passamos então a considerar os encontros como uma Roda de Mulheres, pois ali estavam mulheres que apesar de estarem numa relação tensa e diferenciada, na roda, eram todas mulheres discutindo as questões de gênero que as oprimem.

No Hospital Federal de Bonsucesso notamos a necessidade de diálogo entre as trabalhadoras e as acompanhantes, que apesar de ambos os lados serem formados por mulheres em sua esmagadora maioria, havia, no fundo das questões que apareciam como conflito, a falta de empatia e, no caso de mulheres, sororidade. Sendo mulheres em sua maioria pretas, dororidade.

A Roda de Mulheres começou em março de 2023 e foram realizados 15 encontros no formato original, destinado às acompanhantes e trabalhadoras da internação pediátrica. Tivemos uma média de 150 mulheres atingidas pela ação e qualitativamente a roda de mulheres provocou a reflexão sobre temáticas pouco discutidas como saúde das mulheres negras, autocuidado, saúde mental, racismo, conselho tutelar e projeto de vida. Notamos que a participação das acompanhantes era um pouco difícil, porém, com a utilização de dinâmicas, as mesmas tinham mais facilidade em se expressar. Elas utilizaram o espaço como ponto para o fortalecimento do mútuo apoio e para denúncia. As trabalhadoras expressaram poder ver as acompanhantes de uma forma mais humanizada, pois não as conheciam daquela perspectiva. Nos encontros, foi possível estreitar vínculos e oferecer a escuta qualificada. O espaço de fala foi destacado como ponto positivo pelas usuárias. Atualmente, a Gerência de Participação Social e Diversidade busca ampliar a experiência para todas as mulheres do hospital.

Um dos maiores desafios foi manter as mulheres distantes dos leitos e ocupações. Muitas vezes elas tinham que sair antes de acabar. Então, sugerimos que os encontros sejam curtos e que sejam próximos às enfermarias, caso sejam para acompanhantes da pediatria. A participação de trabalhadoras é de fundamental importância e de difícil articulação. Para vencer essa barreira, obtivemos mais sucesso quando passamos a fazer algumas intervenções na enfermaria.

Principal

MARIA FERNANDA ROSA DOS SANTOS

2.mariafernanda@gmail.com

Chefe de Unidade de Participação Social

Coautores

Michelle da Silva Garcia e Luciana Moreira Eufrazio

A prática foi aplicada em

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Avenida Londres, 616 - Bonsucesso, Rio de Janeiro - RJ, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

MARIA FERNANDA ROSA DOS SANTOS

Conta vinculada

12 maio 2025

CADASTRO

14 maio 2025

ATUALIZAÇÃO

29 mar 2025

inicio

Condição da prática

Interrompida

Situação da Prática

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