O projeto Rede RAPPAS – Saúde Integral em São Gonçalo é uma proposta refletida ao longo do ano de 2023, de forma colaborativa entre a sociedade civil, o poder público e as universidades ( FFP/SG; UNIRIO e UFF) , buscando minimizar a desigualdade social existente em São Gonçalo, promovendo a organização comunitária, com reflexões sobre a sociedade, saúde e educação, produzindo uma epistemologia de base comunitária, com a favela. Assim, nossa atuação em rede produz uma tecnologia social que poderá ser replicada em outras realidades.
Buscamos identificar os impactos do racismo estrutural e ambiental na saúde das mulheres pretas e periféricas de SG, através da elaboração de uma cartografia social. Para isso, foram selecionadas 25 mulheres (cis e/ou trans) pretas e faveladas que atuaram como Agentes Populares de Saúde em seus territórios e auxiliando na coleta de dados.
Refletir sobre a saúde integral nas favelas perpassa por analisar as conexões existentes nesse espaço geográfico, de completo bem-estar físico, mental e social de um povo com memória e história. Compreendendo a vida comunitária dos moradores de favela, em sua dimensão coletiva.
Os territórios de favela vivem um cenário de desenraizamento, provisoriedade e invisibilidade. É necessário reconhecer e compreender esses territórios sacrificados, que convivem com a injustiça social e o racismo ambiental, em uma realidade que perpassa pela ineficiência/ausência da promoção de saúde integral nas favelas, que se materializa no adoecimento físico, mental, espiritual e comunitário das pessoas pretas, mestiças, indígenas e periféricas.
É necessário evidenciar que saúde não é apenas ausência de doenças físicas ou mentais, mas também acesso à uma infraestrutura que garanta o direito a um ambiente que previna doenças e promova saúde (individual e coletiva).
Acreditamos que a conexão entre os saberes populares e acadêmicos, têm potencial para produzir novos conhecimentos e práticas que promovam qualidade de vida nas favelas, em especial nas localizadas em São Gonçalo. Assim, nos últimos anos estabelecemos parcerias importantes, que de forma sensível e sem colocar a favela e seus moradores como objeto de pesquisa, provoca o diálogo sobre saúde integral nas favelas e suas políticas públicas, e as formas de cuidado de bem-estar da população preta e periférica
* Identificação dos impactos do racismo estrutural e ambiental na saúde das mulheres pretas e faveladas de SG;
* Elaboração de uma cartografia social, a partir da construção de saberes coletivos;
*Criação e monitoramento de políticas públicas;
*Criação de um Comitê Pró-Saúde integral das favelas de São Gonçalo
* 80% das Mulheres pretas e favelas participantes, formadas como Agentes Populares de Saúde;
É necessário haver construção de conhecimentos, principalmente com as mulheres pretas e faveladas, compartilhando experiencias e saberes, com valorização de todo o acumulo cultural existente, sem apagamento da ancestralidade, buscando cuidar da individualidade, mas promovendo a coletividade, refletindo temas muitas vezes não discutidos por falta de oportunidade, questões que isoladas passam desapercebidas, mas que são fundamentais para uma práxis educacional popular libertadora, para que possamos ter a saúde enquanto direito, para além da ausência de doenças nos territórios de favela.
São Gonçalo, RJ, Brasil
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