Resumo
Este relato de experiência descreve a trajetória terapêutica de J.R.B., jornalista da Prefeitura de Santa Cruz Cabrália (BA), atendido entre os anos de 2017 e 2019 por meio de um Projeto Terapêutico Singular (PTS) que articulou serviços de saúde mental, práticas integrativas e espaços comunitários. O paciente buscou atendimento para crises de ansiedade e foi acompanhado por equipe multiprofissional no CAPS, com apoio de médico psiquiatra, psicóloga e terapeutas integrativos. Participou das atividades de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), como auriculoterapia, constelação familiar e toque sistêmico, tanto no CAPS quanto no projeto “Saúde na Praça” e nos “Clubinhos Sistêmicos”. Durante o acompanhamento, apresentou resolução significativa de conflitos familiares, especialmente com um de seus irmãos, relatando melhora emocional, reconciliação afetiva e controle das crises. O caso ilustra a eficácia das PICs em conjunto com terapias convencionais no manejo da ansiedade e na promoção de saúde relacional.
Palavras-chave: Projeto Terapêutico Singular; Práticas Integrativas e Complementares; Ansiedade; Constelação Familiar; Saúde Mental; CAPS.
1. Introdução
As crises de ansiedade vêm crescendo entre trabalhadores da administração pública, impactando a saúde mental e a funcionalidade social. O Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), vem fortalecendo abordagens ampliadas de cuidado, entre elas a auriculoterapia, o toque terapêutico e as constelações familiares. Este artigo tem por objetivo relatar o processo terapêutico de J.R.B., servidor público municipal, acompanhado em CAPS e atividades comunitárias integrativas, demonstrando os efeitos positivos de uma abordagem interdisciplinar e sistêmica.
2. Metodologia
Relato de experiência baseado em registros de atendimento, devolutivas clínicas e depoimentos espontâneos do paciente, com ênfase qualitativa, no período de 2017 a 2019. A rede de cuidado envolveu o CAPS, projetos comunitários e terapeutas parceiros vinculados ao NPICS Brasil.
3. Caracterização do Paciente
J.R.B. é um profissional de comunicação institucional, atuante como jornalista na Prefeitura de Santa Cruz Cabrália. No início do acompanhamento, apresentava episódios frequentes de ansiedade, insônia, irritabilidade e conflitos familiares latentes, especialmente com um dos irmãos.
4. Projeto Terapêutico Singular (PTS)
O paciente foi acolhido no CAPS e iniciou acompanhamento com psiquiatra e psicóloga, com inclusão progressiva nas práticas integrativas. Participou ativamente das atividades do projeto “Saúde na Praça”, dos “Clubinhos Sistêmicos” e de sessões terapêuticas integradas, construindo seu itinerário terapêutico com foco no autoconhecimento, na reconciliação familiar e no fortalecimento emocional.
5. Práticas Integrativas e Complementares Utilizadas
Auriculoterapia: aplicada com regularidade, auxiliou no controle da ansiedade e na regulação do sono e humor.
Constelação Familiar Sistêmica: realizada em grupo e individualmente, com enfoque na reconciliação fraterna e no pertencimento familiar.
Toque Sistêmico (imposição de mãos com escuta terapêutica): favoreceu a liberação emocional, ampliação da consciência corporal e espiritual.
Estas práticas foram alinhadas aos princípios de autores como Bert Hellinger, Jan Jacob Stam e Adalberto Barreto, integrando também a tradição do cuidado energético e relacional através do toque e da escuta ativa.
6. Resultados Observados
J.R.B. relatou melhora significativa no controle da ansiedade, na qualidade do sono e nos vínculos familiares. Seu depoimento indica uma resolução afetiva com o irmão com quem mantinha distância e ressentimento. Passou a relatar um “alívio espiritual” e uma nova postura diante dos desafios familiares e profissionais.
7. Discussão
O caso de J.R.B. ilustra o potencial das práticas integrativas como caminho de reconciliação e cuidado ampliado. As PICs atuaram de forma sinérgica ao cuidado psiquiátrico e psicológico, oferecendo recursos simbólicos e sensoriais que facilitaram a elaboração de conteúdos emocionais profundos. A articulação entre CAPS, espaços comunitários e terapeutas parceiros foi fundamental para um cuidado intersetorial e personalizado.
8. Considerações Finais Este relato confirma a relevância das PICs na abordagem de transtornos ansiosos, especialmente quando integradas ao Projeto Terapêutico Singular. A experiência aponta para a necessidade de políticas públicas que incentivem a continuidade e a qualificação dessas práticas no SUS.
Referências
BARRETO, Adalberto. Terapia Comunitária Integrativa: passo a passo. Fortaleza: LCR, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS – PNPIC. 2. ed. Brasília: MS, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno HumanizaSUS 4: Projeto Terapêutico Singular. Brasília: MS, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GARRIGA, Joan. O Amor que Nos Faz Bem. São Paulo: Planeta, 2013.
HELLINGER, Bert. A fonte não precisa perguntar pelo caminho. São Paulo: Cultrix, 2004.
STAM, Jan Jacob. Organizações em Movimento. São Paulo: Ágora, 2010.
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