Resumo
Este artigo apresenta o relato de caso de A.A.S., servidora pública de carreira que, entre 2019 e 2025, integrou diferentes abordagens das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), como ferramenta auxiliar no tratamento de ansiedade, transtorno do espectro autista (TEA) e conflitos emocionais. A experiência foi acompanhada por profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e contou com o suporte técnico da professora Isabel Cristina Belasco na implantação da auriculoterapia. O caso é um exemplo da potência das PICS na humanização e integralidade do cuidado em saúde pública.
Palavras-chave
Práticas Integrativas e Complementares, Auriculoterapia, Constelação Familiar, TEA, Saúde Pública, Santa Cruz Cabrália
1. Introdução
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) foram institucionalizadas pelo Ministério da Saúde por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), com o objetivo de ampliar as abordagens de cuidado à saúde no SUS. Entre essas práticas, a auriculoterapia tem se destacado como recurso terapêutico de baixo custo e bons resultados clínicos, especialmente quando associada à escuta qualificada e outras terapias como a constelação familiar e a terapia comunitária integrativa.
Este artigo descreve o caso da servidora A.A.S., atendida pelas PICS entre 2019 e 2025 no município de Santa Cruz Cabrália, evidenciando o impacto positivo da articulação entre o cuidado tradicional e as terapias integrativas. O estudo também visa contribuir para o reconhecimento e valorização dessas práticas na promoção da saúde mental e emocional dos trabalhadores do SUS.
2. Metodologia
Este relato de caso foi construído a partir de registros clínicos e sistêmicos acompanhados pela equipe do Núcleo de Práticas Integrativas em Saúde (NPICS), com base em entrevistas semiestruturadas, evoluções terapêuticas, observações fenomenológicas, depoimentos da própria paciente e registros públicos em redes sociais. O cuidado seguiu os princípios de integralidade e universalidade do SUS, com autorização ética por parte da paciente para fins acadêmicos e científicos.
3. Trajetória Terapêutica Integrativa de A.A.S.
Em 2019, A.A.S. procurou espontaneamente o Clubinho Sistêmico, grupo de escuta e cuidado voltado aos servidores públicos, apresentando sintomas de ansiedade, conflitos emocionais e questões familiares que impactavam sua saúde funcional. Foi acolhida com sessões de auriculoterapia, reflexoterapia, práticas expressivas e comunicativas. Participou também de uma sessão de constelação familiar sistêmica.
A técnica de auriculoterapia foi aplicada com base na formação ministrada pela professora Isabel Cristina Belasco, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), que atuou como consultora técnica no processo de implantação da auriculoterapia no SUS de Santa Cruz Cabrália. A atuação da professora foi essencial na capacitação dos profissionais e na definição dos protocolos terapêuticos utilizados.
Durante o ano de 2020, A.A.S. foi acolhida também pela psicologia do NASF. Nos anos seguintes, principalmente em 2023 e 2024, passou a utilizar florais, meditações, oração e práticas comunicativas integrativas e sistêmicas. Durante esse período, A.A.S. foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), provavelmente subdiagnosticado até a pandemia. Relatos em redes sociais e entrevistas revelam que as práticas integrativas auxiliaram significativamente na sua adaptação e aceitação do diagnóstico, promovendo melhora da qualidade de vida, autoestima e funcionalidade.
4. Resultados e Impactos na Saúde e na Carreira
A.A.S. apresentou evolução clínica notável, com melhora significativa nos sintomas ansiosos e no manejo emocional do diagnóstico de TEA. A articulação entre os tratamentos convencionais (psicologia, psiquiatria) e integrativos (auriculoterapia, florais, constelação, meditação) foi decisiva para sua reabilitação psicoemocional.
Além da recuperação clínica, a trajetória terapêutica proporcionou o fortalecimento de suas competências profissionais e relacionais. Em 2025, A.A.S. assumiu a Superintendência de Recursos Humanos da Prefeitura de Santa Cruz Cabrália, sendo reconhecida como funcionária modelo e defensora pública das PICS. Seu depoimento inspira servidores e gestores sobre a eficácia das práticas integrativas na saúde do trabalhador do SUS.
5. Considerações Finais
O caso de A.A.S. demonstra a potência das PICS no enfrentamento de quadros complexos como ansiedade e TEA no contexto da saúde pública. A atuação da professora Isabel Cristina Belasco como consultora e formadora em auriculoterapia foi determinante na consolidação das práticas em Santa Cruz Cabrália. A integração entre práticas ancestrais, saberes populares, espiritualidade e medicina convencional representa um caminho promissor para o fortalecimento da atenção psicossocial e da saúde do trabalhador no SUS.
O relato também destaca a importância da escuta qualificada, da abordagem humanizada e da interdisciplinaridade no cuidado, elementos centrais para a efetividade das PICS e para o avanço de uma política pública de saúde mais sensível às necessidades reais da população.
Referências
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RIBEIRO, Adalberto Barreto. Terapia Comunitária Integrativa: Uma Construção Coletiva. Fortaleza: Gráfica LCR, 2013.
WHO. Benchmarks for Training in Auricular Acupuncture. Geneva: World Health Organization, 2021.
ESCAVADOR. Isabel Cristina Belasco – Produção acadêmica e atuação profissional. Disponível em: https://www.escavador.com/sobre/7525025/isabel-cristina-belasco. Acesso em: 28 maio 2025.
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