- Atenção Primária à Saúde
Mateus Emanuel da Silva Santos
- 22 maio 2024
Para a construção do projeto mesmo, inicialmente, foram feitas algumas reuniões com a equipe envolvida, resultando na elaboração de uma agenda, que depois de apresentada, foi pactuada com a direção da UBS, propiciando a abertura de um canal de comunicação. Envolveram-se no projeto 5 alunos de graduação dos cursos de fisioterapia e terapia ocupacional (Universidade Federal da Paraíba e Maurício de Nassau), que foram acompanhados por um docente do DPS/CCM, e uma agroecologista, além do suporte dado pelos residentes de MFC e demais profissionais das equipes da UBS Grotão. Para dar embasamento teórico à equipe foi desenvolvido um levantamento bibliográfico, com posterior discussões do material, propiciando acesso aos conteúdos vinculados a temática, como também à contextualização social inerente ao Grotão, assim os alunos puderam unir os conhecimentos teóricos adquiridos na dinâmica do dia-a-dia. Por ser um ambiente de trabalho novo, foi definido que a primeira semana seria dedicada ao reconhecimento, assim, os voluntários puderam se familiarizar, ter a orientação espacial de cada setor, identificar os principais fluxos de atendimento e iniciar um processo de construção crítica a respeito do sistema de saúde. Outro aspecto esteve vinculado ao processo de territorialização realizado por intermédio do mapa produzido pelos alunos de medicina do período 2017.1, o que dinamizou a exploração do local e ampliou o conhecimento no tocante ao processo saúde-doença. As agendas voltadas para o cuidado com a horta (irrigação, podagem, limpeza, produção de mudas e conscientização do benefício da utilização das plantas medicinais).
Segundo o Ministério da Saúde, o acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização, que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. É, por tanto, uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução com ativação de redes de compartilhamento de saberes. O ato de acolher inicia-se no primeiro instante de um contato entre pessoas, sendo assim, é a atenção, o ouvir, enfim, é uma relação de respeito mútuo, necessária ao desenvolvimento do trabalho, que vai aos poucos, organizando uma sociedade menos individualista e mais passível de mudanças, de acordo com a necessidade do outro. Esse acolhimento, na Atenção Básica, por ter aproximação ao cotidiano da comunidade e oferecer um serviço dinâmico necessita de uma estratégia de ação diferenciada dos outros serviços disponibilizados pelo SUS. A equipe que faz parte desse quadro de ação pode desenvolver atividades coletivas de promoção e prevenção de saúde, no entanto, o que é visto no dia-a-dia é ela muitas vezes desestimulada, pelas inúmeras implicações/obstáculos sociais, econômicos e culturais, além da baixa priorização dada a essa ação no âmbito das unidades de saúde. No intuito de entender melhor o problema, foi iniciado no mês de agosto de 2017, um projeto voltado para o fortalecimento das ações de acolhimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Grotão, o projeto Cantinho do Chá. A UBS do Grotão comporta quatro equipes e atende cerca de 6.779 pessoas, que moram em 1837 domicílios. Localiza-se na zona sul da cidade de João Pessoa (PB) sendo classificado como um bairro de classe média baixa onde se percebe a manutenção de iniquidades sociais. A realização do projeto teve assim o objetivo de propiciar a vivência de alunos(as) no âmbito da Unidade Básica de Saúde (UBS) na perspectiva de qualificar os trabalhos desenvolvidos pela estratégia Cantinho do Chá, por meio do reconhecimento dos aspectos na territorialização inerente a UBS do Grotão.
A oportunidade de andar e de estar nos diferentes lugares de uma cidade como João Pessoa, ou qualquer cidade brasileira de médio e grande porte, nos aproxima de um conjunto de desigualdades que se apresentam entre os seus bairros e dentro deles. As evidências da exclusão social que se manifestam em diversos bairros da cidade são gritantes e inegáveis, e esse fato ficou bem nítido aos olhos dos estudantes durante o período que passaram no projeto de extensão. Através dessa aproximação com os usuários e com as equipes, por meio do Cantinho do Chá e nas atividades de grupo vinculados a auriculoterapia, foi possível nos aproximarmos do território, vivenciar o acolhimento e identificar dificuldades e avanços no processo de trabalho da UBS. Por fim a avaliação sobre o processo é extremamente positivo pois abriu novos horizontes no processo de formação dos estudantes, pela aproximação dos conhecimentos teóricos à vivencia prática no âmbito de um dos espaços estratégicos do sistema de saúde, no caso a UBS do Grotão. Acreditamos que esta experiência possa ser replicada em outras partes do Brasil.
Rua Severino Bento de Morais - Gramame, João Pessoa - PB, Brasil
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