O processo de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) estimula os gestores a identificarem e a elaborarem instrumentos que os auxiliem na condução da gestão. Entretanto, muito ainda são os desafios a serem superados, Apesar das variáveis regionais, projetos intervencionais podem ser aplicados a fim de otimizar as ações da Atenção Primária à Saúde (APS) dentro do SUS. Nesse contexto, ao Oeste da Pré-Amazônia Maranhense, em município com cerca de 14 mil habitantes, Cidelândia, a APS é constituída, logisticamente, por 5 Estratégias Saúde da Família (ESF), 4 Estratégia de Saúde Bucal (ESB), garantindo 100% de cobertura de ESF e Atenção Básica (AB). Entretanto, durante o ano de 2018, a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) de Cidelândia identificou que a Rede de serviços ofertados à população do município, através da AB, encontrava-se fragmentada, descontinuada, sem processo de territorialização de áreas, e que não cumpria as estratégias estabelecidas pelo Ministério da Saúde (MS).
Percebeu-se, então, a necessidade urgente de uma qualificação no trabalho da gestão de forma a torná-la participativa, imbricada ao desenvolvimento das ações nos processos de trabalho. A gestão da Saúde do município elaborou um projeto. Trata-se de uma ação na qual a princípio foi realizado um levantamento no município referente aos indicadores de saúde. Em seguida, foi investigada a capacidade instalada dos serviços, programas e estratégias de saúde implantadas. E, simultaneamente, ocorreu a elaboração e utilização dos instrumentos de gestão, a saber: relatórios quadrimestrais, relatório anual de gestão, programação anual de saúde. Assim, com a criação de uma câmara técnica na SEMUS, constituída por profissional sanitarista e outros especializados em gestão em saúde, mensalmente havia reuniões com as ESFs e com a gestão municipal, de forma a problematizar os desafios e potencialidades da AB na busca de soluções para garantir um SUS de qualidade a todos os envolvidos.
Entre os resultados de maior destaque, por meio de indicadores estaduais e federais, destacam-se a efetivação dos programas como a implantação do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) nas ESFs, aliado ainda ao atendimento noturno na UBS, como forma de ampliar o acesso aos serviços. Ainda foi realizada a territorialização das áreas, com a implementação dos mapas epidemiológicos e da utilização da escala de risco familiar (Coelho Savassi). Também foram realizados projetos de ampliação do teto de ESF e ESB, solicitação da implantação da equipe do NASF e AB, e um polo da academia de saúde, bem como o fortalecimento das ações do programa de saúde na escola e a potencialização das práticas de educação permanente com os profissionais da AB no município. Após esta pesquisa-ação, os indicadores de saúde de Cidelândia melhoraram exponencialmente nos últimos meses, e, desde então, está apresentando os melhores indicadores já analisados, tanto do ponto de percepção de diretrizes e metas das ações de saúde quanto nos indicadores financeiros. Assim, a planificação das ações pela gestão apresenta-se como estratégia eficaz no cumprimento das políticas de saúde pública aos profissionais que compõem a AB e aos usuários do SUS.
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