Parceria Intersetorial Entre Saúde e Educação como Estratégia para Aumento da Cobertura Vacinal no Município de Araraquara-Sp

O Programa Nacional de Imunização (PNI) merece destaque por há décadas atingir excelentes resultados para o efetivo controle das doenças imunopreviníveis. Entretanto, a cobertura vacinal de crianças e adolescestes apresenta declínio, o que demandou atitudes para revertê-la, foi considerando para efetivo desenvolvimento da estratégia municipal para aumento da cobertura vacinal a análise territorial e seus determinantes. Araraquara se localiza no interior do estado de São Paulo, segundo IBGE possui uma população estimada em 2021 de 240.542 habitantes. Possui gestão plena da saúde e, através das ações de Vigilância em Saúde e Atenção Básica desenvolve as principais estratégias de proteção e promoção à saúde. A Atenção Básica em Saúde (ABS) forma a rede de imunização do município, composta por 35 UBS, todas contempladas com salas de vacinação, além do Centro de Saúde-Escola da Faculdade de Saúde Pública da USP. A estratégia de trabalho intersetorial entre saúde e educação foi pactuada com base nas ações de carácter individual e coletivo, as discussões foram iniciadas através das salas de situação de combate as arboviroses, onde já acontecem o desenvolvimento de trabalhos em conjunto. Diante do cenário de baixa cobertura vacinal, nós da Coordenadoria de Vigilância em Saúde, Sesa e representantes da secretaria de educação articulamos apresentar à câmara de vereadores uma proposta da obrigatoriedade da apresentação da caderneta de vacinação atualizada conforme PNI, para realização de matriculas nas escolas municipais. Elaboramos a proposta que foi aprovada e posteriormente amplamente divulgada aos pais e responsáveis, neste intervalo de tempo houve treinamento específico para os profissionais da saúde e educação, sendo o principal objetivo além do aumento da cobertura vacinal, a conscientização das famílias sobre a importância da vacinação e não meramente a imposição da mesma e, para isto, necessitávamos de profissionais sensibilizados e instrumentalizados no acolhimento e resolutividade das demandas apresentadas pelos pais e ou responsáveis, assim como treinamentos com profissionais da saúde sobre; busca ativa de faltosos; visitas domiciliares; planejamento e organização dos sistemas de informação, administração e aprazamento dos imunobiológicos. Analisando os dados no período pré-matrícula das crianças e adolescentes, observou-se que a grande maioria das vacinas não atinge a cobertura mínima de 95%, como exemplo temos a cobertura vacinal acumulada em novembro de 2022 (mês de divulgação da regulamentação) e posterior ao período de matrículas (janeiro 2023) os seguintes dados: Poliomelite nos < 1 ano de 88,68% para 109,59%, Poliomielite (VOP/VIP) (1ºREF) de 90,59% para 108,21%, Menigocócica Conj. C (< 1 ano) de 86,66% para 139,04%, Menigocócica Conj. C (1 ano) 82,01% para 112,36%, Tríplice Viral – D1 89,15% para 116,04%, observa-se um aumento da cobertura acumulada em todas as vacinas com cumprimento da meta mínima. Reiteramos o resultado positivo da estratégia do trabalho multidisciplinar realizado entre Saúde e Educação, onde ambas envidaram-se no cumprimento dos principais objetivos que foram; o aumento da cobertura vacinal e a conscientização e acolhimento da população. O trabalho multidisciplinar fortaleceu perante a sociedade a importância da imunização.

A cobertura vacinal analisada no período pré-matrícula foi obtida através do sistema SI-PNI Web (5), utilizando o filtro “ORIGEM DA INFORMAÇÃO – RESIDÊNCIA”, conforme TABELA 1. TABELA 1 – cobertura vacinal acumulada do município de Araraquara por vacina em novembro/2022 Região Imunobiológico População Cobertura acumulada – nov 2022 350320 – ARARAQUARA DTP – 1 ano (1º REF) 2.582 88,78 350320 – ARARAQUARA DTP – 4 anos (2º REF) 2.710 94,16 350320 – ARARAQUARA Menigocócica Conj. C (< 1 ano) 2.582 86,66 350320 – ARARAQUARA Menigocócica Conj. C (1 ano) 2.582 82,01 350320 – ARARAQUARA Pneumocóccica (< 1 ano) 2.582 75,08 350320 – ARARAQUARA Pneumocóccica (1 ano) 2.582 75,08 350320 – ARARAQUARA Pentavalente (< 1 ano) 2.582 88,01 350320 – ARARAQUARA Rotavírus Humano 2.582 87,54 350320 – ARARAQUARA Hepatite A 2.582 92,44 350320 – ARARAQUARA Poliomielite (< 1 ano) 2.582 88,68 350320 – ARARAQUARA Poliomielite (VOP/VIP) (1ºREF) 2.582 90,59 350320 – ARARAQUARA Poliomielite (VOP/VIP) (2ºREF) 2.710 97,90 350320 – ARARAQUARA FA (< 1 ano) 2.582 76,56 350320 – ARARAQUARA Varicela 2.582 90,25 350320 – ARARAQUARA Tríplice Viral – D1 2.582 89,15 350320 – ARARAQUARA Tríplice Viral – D2 2.582 114,71 A cobertura vacinal analisada no período pós-matrícula foi obtida através do sistema SI-PNI Web, utilizando os filtros “ORIGEM DA INFORMAÇÃO – RESIDÊNCIA”, conforme TABELA 2: TABELA 2 – cobertura vacinal acumulada do município de Araraquara por vacina em janeiro/2023 Região Imunobiológico População Cobertura acumulada – jan 2023 350320 – ARARAQUARA DTP – 1 ano (1º REF) 2.606 110,97 350320 – ARARAQUARA DTP – 4 anos (2º REF) 2.710 139,04 350320 – ARARAQUARA Menigocócica Conj. C (< 1 ano) 2.606 139,04 350320 – ARARAQUARA Menigocócica Conj. C (1 ano) 2.606 112,36 350320 – ARARAQUARA Pneumocóccica (< 1 ano) 2.606 104,99 350320 – ARARAQUARA Pneumocóccica (1 ano) 2.606 117,88 350320 – ARARAQUARA Pentavalente (< 1 ano) 2.606 107,75 350320 – ARARAQUARA Rotavírus Humano 2.606 103,15 350320 – ARARAQUARA Hepatite A 2.606 116,96 350320 – ARARAQUARA Poliomielite (< 1 ano) 2.606 109,59 350320 – ARARAQUARA Poliomielite (VOP/VIP) (1ºREF) 2.606 108,21 350320 – ARARAQUARA Poliomielite (VOP/VIP) (2ºREF) 2.710 130,63 350320 – ARARAQUARA FA (< 1 ano) 2.606 102,69 350320 – ARARAQUARA Varicela 2.606 102,69 350320 – ARARAQUARA Tríplice Viral – D1 2.606 116,04 350320 – ARARAQUARA Tríplice Viral – D2 2.606 97,62 Podemos observar que, no período pré-matrícula, a grande maioria das vacinas não atinge a cobertura de 95%, conforme preconizado, destaca-se para análise a cobertura vacinal acumulada contra Poliomelite nos < 1 ano de 88,68%, Poliomielite (VOP/VIP) (1ºREF) de 90,59%, Menigocócica Conj. C (< 1 ano) de 86,66%, Menigocócica Conj. C (1 ano) 139,04%, Tríplice Viral – D1 89,15%, Pneumocóccica (< 1 ano) 75,08% e Pneumocóccica (1 ano) 75,08%. Porém constatou-se um aumento da cobertura vacinal acumulada no período pós-matrícula em todas as vacinas com cumprimento da meta mínima de 95% de cobertura, e como citado anteriormente pode-se observar esse diferencial nas coberturas das vacinas contra Poliomelite nos < 1 ano para 109,59%, Poliomielite (VOP/VIP) (1ºREF) para 108,21%, Menigocócica Conj. C (< 1 ano) para 139,04%, Menigocócica Conj. C (1 ano) 112,36%, Tríplice Viral – D1 116,04%, Pneumocóccica (< 1 ano) 104,99% e Pneumocóccica (1 ano) 117,88%, o que comprova que a estratégia obteve resultados expressivos e profícuos. Além disso, há relatos dos profissionais de saúde do aumento da demanda em busca da atualização da caderneta de vacinação e por informações pertinentes à vacinação nesse período, em todas as unidades de saúde.

As ações desenvolvidas para o aumento da cobertura vacinal envolveram o trabalho dos profissionais da Coordenadoria Executiva de Vigilância em Saúde e das 35 Unidades Básicas de Saúde (UBS), além da adesão e parceria com todas as escolas municipais de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, e pelos profissionais do Serviço Especial de Saúde de Araraquara (SESA). Elaborou-se uma proposta de Resolução, dispondo sobre a obrigatoriedade de apresentação de comprovante de vacinação atualizada fornecido pelas Unidades Básicas de Saúde para matrícula e rematrícula em escolas municipais, estipulando um prazo de 60 dias para regularização e encaminhando do caso ao Conselho Tutelar em caso de não cumprimento. A Resolução passou por apreciação e aprovação pela Câmara Municipal, o que auxiliou na conduta com as famílias frente ao atraso na vacinação das crianças e adolescentes. Além disso, houve treinamento e orientação para os profissionais da Educação e das Unidades de Saúde, visando as ações de intensificação da conscientização das famílias sobre a importância da vacinação, visando a prevenção de doenças nas crianças e adolescentes e, independente da obrigatoriedade da resolução, o principal objetivo no acolhimento tem como base a instrumentalização dos pais e ou responsáveis para tomada de decisão em prol da proteção da saúde de seus filhos e que, está decisão seja contínua e replicada a sociedade. Especificamente para os profissionais da saúde, também houve um treinamento direcionado para checagem das cadernetas de vacinação, atualização do esquema vacinal, aprazamento das vacinas seguintes das crianças faltosas, acolhimento das demandas familiares e individuais e busca ativa dos faltosos. Para verificação dos resultados, realizamos a análise das coberturas vacinais através dos sistemas de informação municipais e federais, considerando dois momentos após a implementação da Resolução: pré e pós período de matrículas e rematrículas escolares.

Reiteramos o resultado positivo da estratégia do trabalho multidisciplinar realizado entre Saúde e Educação, onde ambas envidaram-se no cumprimento do principal objetivo que foi o aumento da cobertura vacinal, a conscientização e acolhimento da população. O trabalho multidisciplinar entre as secretarias fortaleceu perante a sociedade a importância da imunização das crianças e adolescentes, principalmente neste momento, onde há um risco mundial da reintrodução de doenças já erradicadas, havendo a necessidade de informar e desmistificar as informações errôneas que as famílias têm acesso e que, por vezes, promovem desinformação, descrédito e um desserviço ao Sistema Único de Saúde do país.

Principal

Glaucia Helena de Andrade Macedo Falcoski

Coautores

Nathalia Tomazim Rios, Ângela Aparecida Costa, Silvia Elaine Theodoro Gonçalves, Marta Inenami

A prática foi aplicada em

Região

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Instituição

Uma organização do tipo

Instituição Privada

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23 dez 2023

CADASTRO

23 dez 2023

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