No ano de 2022 foi levado ao Conselho Municipal de Saúde uma proposta para tornar obrigatório a apresentação de Declaração da Situação Vacinal no momento da matricula das crianças nas escolas em virtude da baixa procura dos pais pela vacinação de rotina durante os anos pandêmicos, o que prejudicou a manutenção de calendários vacinais em dia. Esta medida foi deliberada como positiva, saindo um Decreto do Conselho Municipal de Saúde, porém como não faz parte do Conselho de Saúde interferir ou ditar regras para a Educação Municipal, poderia ser recusada pela Secretaria de Educação por não ser algo previsto em Lei. No Conselho Municipal de Educação a deliberação foi aceita, justamente porque os educadores já solicitavam uma cópia da Carteirinha de Vacinas, porém não sabiam avaliá-la, tornando inútil esta cópia, porém com uma Declaração de Situação Vacinal contendo a assinatura do profissional da Sala de Vacinas que avaliou a Carteirinha de Saúde, data de retorno para a Sala de Vacinas, estaria sendo uma medida positiva também para a Secretaria de Educação que estará recebendo alunos vacinados e com Calendário Vacinal atualizado. Para este ano a expectativa é de tornar obrigatório a apresentação da Declaração de Situação Vacinal nas rematrículas, que atualmente são automáticas, quando o aluno não muda de escola.
Acredito que, assim como outros municípios estão enfrentando desafios nas ações de Imunização, aqui não tem sido diferente, porém pensar no acesso e na manutenção de Carteiras Vacinais atualizadas é um direito das crianças e adolescentes, desta forma além da parceria com Secretaria de Educação, o Conselho Tutelar também é nosso aliado na manutenção do direito à saúde da criança e adolescente, e neste contexto os pais negarem acesso a Vacinação é negar um acesso a esse direito. Observamos na coletividade, uma memória curta, denominada complacência, que esqueceu que a 40 anos atrás as crianças morriam por pneumonia, meningite, crupe e tétano, nossos pais e avós lembram e vacinam, vacinaram seus filhos. Enquanto que nos dias atuais temos observado uma crescente descrença no poder de proteção dos Imunizantes e desleixo das famílias com o compromisso da vacinação. Tornar a Imunização um compromisso dos pais e um direito da criança, assim como todo o setor público estar envolvido em ações de Imunização e defender a sua importância na Saúde Coletiva pode ser o caminho de volta para a Imunização.
Campanhas que demonstrem a importância da Imunização, relembrando às pessoas as consequências de não vacinar, fortalecer os municípios com capacitações e reciclagens dos profissionais de saúde, recursos para manutenção e modernização das salas de Imunização, tornando-as mais atrativas ao público pediátrico. Incentivar as equipes de saúde à promover acesso as pessoas que desejam vacinar, abrir agendas em dias e horários diferenciados fora das Campanhas, é claro que para isso é necessário pessoal capacitado e recursos para ter mais de um profissional atuando em Sala de Vacinas de forma rotineira, para que possam revezar em atender a população. Englobar a Sala de Vacinas em Unidades Básicas de Saúde que tenham o Programa Saúde na Hora, visto que, nem todas as pessoas podem se dirigir às unidades de saúde em horário comercial.
As vacinas salvam vidas, isso precisa ficar claro para a população brasileira. Como enfermeira nunca pensei que fosse ver em tempo de trabalho pessoas com tétano acidental, ou ouvir falar em óbito por raiva ou poliomielite no pais vizinho. É assustador como em poucos anos, o descrédito em algo que para nossos pais sempre foi tão forte, possa desmontar a Saúde Pública como um todo. Tornar a imunização um dever de todos, proteger e discutir dados e políticas de vacinação deve ser algo que todos os profissionais de saúde, educação e assistência social possam fazer com a cabeça erguida, sem titubear, assim como defender o Sistema Único de Saúde, para que possamos construir novamente a admiração e respeito que a Imunização merece ter na vida de cada ser humano.
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