A vacinação extramuros são quaisquer atividades de vacinação realizada fora da unidade de saúde, com o objetivo de alcançar populações que, de outra maneira, provavelmente nunca seriam vacinadas. Baseiam-se em equipes de vacinação que realizam vacinação casa à casa, incluindo não apenas em residências, como também em instituições em geral (escolas, creches, empresas, feira de produtor rural.), além da população em pessoas que vivem em áreas rurais, de difícil acesso (populações indígenas, ribeirinhos e quilombolas e pequenos agricultores por exemplo). Sendo o acesso aos serviços de saúde um grande desafio para muitas regiões do norte do Brasil, principalmente as atividades de imunização em áreas remotas, que em alguns casos, só é possível serem realizadas a partir de atividades extra rotina. Para isso, o trabalho de imunização nestas condições, reúne comumente uma série de peculiaridades e especificidades desafiadoras, tais como: falta de energia elétrica em tempo constante, manutenção da rede de frio, dificuldades de acesso geográfico, condições ambientais adversas e diversidade das características culturais dos povos da população-alvo. Mediante a essas situações, o planejamento criterioso torna-se instrumento que permite melhorar o desempenho e a eficiência das atividades de imunização. Em Rorainópolis (RR), município do Sul do estado de Roraima, que possui uma extensão de 33.594 km² para 31.387 habitantes, há diversas regiões de difícil acesso, com pequenos agricultores espalhados em 81 vicinais, famílias ribeirinhas distribuídas em 10 comunidades ao longo do Baixo Rio Branco e, populações periurbanas residentes em 5 distritos. Com esse cenário, a gestão de saúde municipal, junto com a equipe de imunização em 2021, decidiu potencializar as estratégias de vacinação extramuros nas vicinais, bairros, comunidades ribeirinhas, escolas, bares e outras instituições governamentais e não governamentais a fim de alcançar essas populações. A estratégia ocorreu no período de maio a dezembro do ano de 2021. O programa foi intitulado outside vacinnes: Rorainópolis fora dos muros, e possuindo como principal objetivo alcançar o maior número de pessoas com dificuldade ao acesso as vacinas por algum motivo. Para avaliação do sucesso da estratégia foi utilizado a análise do número de doses aplicadas por meio do monitoramento das doses registradas no Sistema de Informação e-SUS-AB. O e-SUS elucida informações sobre a frequência absoluta de vacinados através do tabulador disponível no próprio sistema. Considerou-se o comparativo de pessoas vacinadas no ano anterior e o quantitativo de habitantes de cada comunidade, calculando-se o quantitativo de pessoas abordadas durante a ação. Ressaltamos a dificuldade de estratificar as doses aplicadas pela estratégia extramuros, pois nos dados relacionados a vacinação do cidadão atendido não há essa opção no sistema, somente rotina, intensificação, campanha e bloqueio. Assim, para se chegar à lista de localidades que foram contempladas na estratégia, foi necessário recorrer a anotações das equipes que participaram da ação. Para o desenvolvimento das ações de vacinação foram avaliadas as localidades onde há maior evasão de usuários do programa de imunização. Em seguida a equipe reuniu-se para avaliar qual estratégia seria mais apropriada para cada especificidade desse público. Dentre as estratégias estão: I. Mobilização social, a equipe promoveu a coletivização, que gera a visibilidade através de fantasias, carreatas e divulgações nas mídias sociais, rádio e carro de som a fim de propiciar a comunidade a vinculação e identificação à imunização; II. Varredura, onde ocorreu visitas casa a casa para verificação da caderneta de vacina das pessoas abordadas e; III. Triagem populacional, a equipe listava os locais pretendidos para o desenvolvimento da ação de vacinação, como – vicinais, comunidades ribeirinhas, escolas, bares, feira do produtor rural e/ou quaisquer instituição governamental ou não governamental. Em todas as estratégias foram realizadas a atualização do esquema vacinal aplicando-se o imuno em atraso no momento da abordagem. No desenvolvimento das ações foram abordadas 14.982 pessoas no decorrer do ano de 2021, alcançando um percentual de 47,7% da população em geral do município. Foram alcançadas 68 vicinais, 5 distritos e 10 comunidades ribeirinhas. Das pessoas abordadas a equipe aplicou 8.018 doses de vacinas fora da unidade básica de saúde, um aumento de 54,9% de imunos aplicados extra rotina, quando comparado ao ano de 2020 (registrado 4.494 imunos extra rotina). Os imunobiológicos utilizados foram: covid-19 (1.834 doses) entre pessoas entre 06 a 60 anos a mais, Poliomielite inativada (VIP) (716 doses) em crianças até 04 anos de idade, pentavalente (DTP+HB+Hib) 697 doses, em crianças até 5 anos de idade e tríplice viral (SCR) (1.629 doses) em pessoas com a faixa etária entre 06 meses e 59 anos, Influenza (3142 doses) em crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade, gestantes, puérperas, trabalhadores da saúde, idosos com 60 anos e mais, professores das escolas públicas e privadas, pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, pessoas com deficiência permanente, profissionais das forças de segurança e salvamento e das forças armadas, caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade. Todas as faixas etárias foram contempladas. Apesar do grande número de abordagens, houve resistência por parte de alguns usuários em não se vacinar, sendo o principal motivo medo de passar mal (relato verbal das pessoas abordadas, porcentagem de outros motivos da recusa não levantados). A partir dos resultados alcançados é possível afirmar que, quando a gestão municipal de saúde desenvolve ações fora da rotina das UBSs, a população vulnerável (pessoas com dificuldades ao acesso dos serviços de saúde) tem a garantia da prestação dos serviços do SUS. Apesar da resistência à vacinação promovida pelas fake news, a abordagem individual quebra a rijeza apresentada pela população. Os desafios para garantir ao usuário do SUS o serviço proposto ainda são muitos, entretanto a estratégia extra muros propicia um elo entre o usuário e o SUS.

Houve bastante dificuldade em se fazer o levantamento dos dados para esse trabalho pois o tabulador do e-SUS AB dá apenas dados quantitativos, não estratificando os imunos por estratégia ou por localidade onde a dose foi realizada. Notou-se também uma diferença de doses entre o e-SUS AB e o SI-PNI (dados não mostrados) por isso optamos por utilizar a base onde havia um maior número de doses aplicadas, no caso o e-SUS AB. Abaixo listamos os principais problemas e desafios dessa estratégia extramuros em nosso município: 1. Distanciamento das localidades, ribeirinha, rurais e periurbanas da sede de Rorainópolis; 2. Rorainópolis é a segunda cidade do Brasil com maior número de assentamentos; 3. Falta de detalhamento do sistema SIPNI e e-SUS AB para avaliar a cobertura vacinal por localidades; 4. Inacessibilidade de estradas, principalmente em períodos chuvosos; 5. Alta incidência de recusa por pessoas de 18 anos a + devido as fake news e receio as reações adversas.

1. Fortalecimento de divulgações da importância da vacinação; 2. Estimulação da população a vacinação por meio de processo de ingresso no mercado de trabalho, faculdade, escolas e creches; 3. Investimento em transportes para equipe de imunização; 4. Ampliação da equipe de imunização (vacinadores e digitadores).

A intensificação das ações de vacinação extramuros vem a cada dia possibilitando a universalização do serviço de imunização no município de Rorainópolis (RR), pois garante ao usuário o acesso direto as vacinas disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunização numa abordagem realizada por equipe volante. Através da busca ativa, tanto nas varreduras quanto na triagem populacional é possível minimizar o distanciamento ao serviço, aumentando quantitativo de doses aplicadas naquelas localidades onde não existe sala fixa de vacinação ou até mesmo captando o usuário em sua própria residência ou trabalho para aplicação da vacina. Ademais, se faz necessário investimentos de educação em saúde para combater as fake news e diminuir a recusa dos usuários, aumentando a adesão da população nas abordagens feitas pelas equipes de saúde volantes.

Principal

Clayson Batista Oliveira

Coautores

Clayson Batista Oliveira

A prática foi aplicada em

Rorainópolis

Roraima

Norte

Esta prática está vinculada a

Secretaria Municipal de Saúde de Rorainópolis (RR)

Rorainópolis, RR, 69373-000, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

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30 ago 2023

CADASTRO

22 ago 2024

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Condição da prática

Concluída

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