A fragilidade da rede de atenção em saúde da mulher tem sido um grande desafio para Amazônia e, especialmente, para o Estado do Pará. Infelizmente os equipamentos em saúde, a disponibilidade de especialistas, rotatividade de profissionais, a fragilidade na formação e na qualificação são fatores contribuintes para altos índices de mortalidade materna, fetal e neonatal na região oeste do Pará. O parto é a representação máxima do amor materno e esse momento deveria ser acompanhado por memórias positivas e significativas. Porém, a permanência de práticas inadequadas, sem evidências científicas, e a violência obstétrica geram sentimentos de medo e preocupação em relação ao parto.
Tem por objetivo geral: transformar o contexto do parto e nascimento na cidade de Rurópolis, Pará. E tem por objetivos específicos: promover ambiência para o parto humanizado e com boas práticas no Hospital Municipal de Rurópolis; adquirir equipamentos e materiais necessários à adequada assistência no pré-parto, parto e puerpério; qualificar os profissionais para atenção à saúde no pré-natal, pré-parto, parto e pós-parto.
Em Rurópolis, até 2019, as gestantes em trabalho de parto, em abortamento e com intercorrências clínicas eram internadas em uma mesma enfermaria coletiva de 30 m2. Não havia espaço para berços, poltronas ou ambiência que permitissem a presença do companheiro. Quando a fase de dilatação cervical concluía, as mulheres eram levadas às pressas para sala de parto, localizada há mais de 8 metros. Não havia liberdade de posição e nem equipamentos adequados para assistência à mãe e ao neonato. Diante dessa urgente necessidade em saúde, a gestão municipal definiu como prioridade a reestruturação do contexto do nascer e a qualificação dos profissionais para atuar junto à saúde materna.
A Educação Permanente em Saúde voltada para saúde da mulher e da criança iniciou antes da obra da MMR e atualmente é fortalecida pelas atividades do Grupo Condutor Municipal de Saúde Materna e Infantil. Na infraestrutura, foram adquiridos 83 equipamentos e foi construída a MMR com área de 318,63 m2, 26 cômodos, entre eles: clínica obstétrica (03 leitos), alojamento conjunto (04 leitos), 02 quartos pré parto, parto e pós parto (PPP) de risco habitual (banheira com água quente e hidromassagem) e 01 quarto PPP de alto risco. A equipe é composta por 26 profissionais, entre eles: 3 enfermeiras obstetrizes, 1 médico obstetra e ginecologista e 1 médica pediatra, neonatologista e ultrassonografista. Hoje, as mulheres são internadas no quarto PPP, com acompanhante de sua escolha, com acesso métodos não farmacológicos de alívio da dor, liberdade de posição e ainda podem ter o parto na água. Elas são assistidas pela enfermagem em todo trabalho de parto, com partograma e, se necessário, cardiotocografia, amnioscopia e Ultrassonografia intra parto. Algumas recebem placentografias. Desde a inauguração, ocorreram 747 partos vaginais e 755 partos cesarianos de mulheres residentes em Rurópolis, constatando-se incremento importante de cesarianas durante a pandemia. As mulheres que já tiveram filhos em outro contexto hospitalar, relatam uma mudança significativa. Com a nova ambiência e qualificação, o contexto de violência deu lugar à humanização no nascer.
Iniciativas locais para reestruturação dos serviços e qualificação da assistência devem ser pensadas, com boas práticas e respeito à usuária, devem ser potencializadas e podem transformar a realidade em saúde da mulher, rompendo com a cultura da violência. Para tanto, é necessário ouvir os atores sociais, os trabalhadores e promover a sinergia de ações com a gestão municipal na busca da superação de antigos problemas no Sistema Único de Saúde.
Av. Brasil, 49 - Centro, Rurópolis - PA, 68165-000, Brasil
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