O tabagismo é reconhecido como um grave problema de saúde pública, sendo
considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa evitável de
morte no mundo. A dependência da nicotina está frequentemente associada a fatores
emocionais e comportamentais, como ansiedade, sedentarismo, e sobrepeso,
dificultando a cessação do hábito de fumar. Diante disso, a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC), instituída pelo Ministério
da Saúde, incorporou ao SUS diversas abordagens terapêuticas externas à prevenção
de doenças, promoção da saúde e cuidado integral do indivíduo, entre elas a
auriculoterapia, acupuntura e fitoterapia – reconhecidas como ferramentas auxiliares
no tratamento do tabagismo. Na Unidade Básica de Saúde da Universidade Federal
do Amapá (UBS-UNIFAP), localizada em Macapá-AP, funciona um Consultório de
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), onde se oferece
auriculoterapia a pacientes com diversas queixas, entre elas o uso comum do tabaco.
Este relato visa descrever o perfil clínico, emocional e comportamental de mulheres
tabagistas atendidas com auriculoterapia, contribuindo para uma abordagem mais
humanizada e eficaz na Atenção Primária à Saúde.
OBJETIVOS:
Objetivo geral:
Avaliar o perfil clínico, emocional e comportamental de mulheres tabagistas atendidas
com auriculoterapia.
Objetivos específicos:
• identificar o grau de dependência nicotínica dos pacientes através do teste de
Fagerstrom.
• Avaliar os níveis de ansiedade, obesidade e sedentarismo associados ao tabagismo.
• Promover reflexões sobre estratégias integrativas no cuidado de mulheres fumantes
na APS.
Pacientes que buscavam alternativas para a cessação tabágica.
Foram avaliadas 18 mulheres usuárias, com idade média de 53 anos,
atendidas regularmente com auriculoterapia. O teste de Fagerstrom indicou uma
média de carga tabágica de 10,2 anos, sendo que 44,4% dos pacientes apresentaram
carga superior a 5 anos. Quanto à saúde emocional, 83,3% afirmaram níveis elevados
de ansiedade, segundo o Inventário de Beck, com fatores desencadeantes associados
a conflitos familiares, conforme relatos em consulta. Em relação ao estado nutricional,
44,4% estavam com sobrepeso e 38,8% com obesidade, evidenciando um quadro
preocupante de risco metabólico. Observou-se ainda que 83,3% das mulheres não
praticavam atividades físicas e apenas 44,4% afirmaram ter hábitos alimentares
saudáveis, incluindo ingestão adequada de água. Esses dados demonstram uma
relação estreita entre a dependência nicotínica e fatores emocionais e
comportamentais, reforçando a importância do olhar integrativo e da abordagem
multiprofissional. A auriculoterapia se mostrou uma alternativa promissora,
promovendo acolhimento e escuta comprometida, mesmo diante de condições
complexas como o tabagismo contemporâneo.
A análise do perfil das mulheres atendidas com auriculoterapia no
consultório do PICS da UBS-UNIFAP evidenciou altos níveis de dependência à
nicotina, somados a transtornos de ansiedade, sedentarismo e distúrbios nutricionais
como excesso de peso e obesidade. A abordagem integrativa revelou não apenas o
uso da nicotina como fator isolado, mas como uma resposta a múltiplas
vulnerabilidades físicas e emocionais. A auriculoterapia, neste contexto, mostrou-se
uma ferramenta de cuidado humanizado e complementar, oferecendo aos pacientes
um espaço de acolhimento, escuta e incentivo à mudança de hábitos. Torna-se
evidente a necessidade de integrar práticas complementares ao plano terapêutico das
mulheres tabagistas, considerando suas especificidades e contextos de vida. O
fortalecimento de estratégias que unam o tratamento da dependência química com o
cuidado emocional é essencial para ampliar os efeitos terapêuticos e promover a
qualidade de vida na Atenção Primária.
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