- Vigilância em Saúde
EDINEIA ROSA FERREIRA SANTANNA
- 25 out 2024
Finalidade da experiência: criar um grupo do Nasf para acolher os trabalhadores rurais agindo de forma preventiva no caso dessas e outras patologias e buscando maneiras de diminuir o número de casos de pacientes acometidos com essas doenças relacionadas ao trabalho, dando foco às atividades de reabilitação, atividade física, orientação preventiva e cuidados em geral da saúde desses usuários. Dinâmica e estratégias dos procedimentos usados: a rotina de trabalho exaustiva dos agricultores quase sempre se reflete em sua saúde, suas longas jornadas de trabalho, atividades que exigem esforço físico, postura inadequada e de ações repetitivas, produzem sintomas de dor que acometem os músculos, nervos e ligamentos. Principalmente nos ombros, braços, costas, pescoço e pernas após um dia de trabalho. E os males nem sempre chegam junto com a idade, pois é cada vez maior o número de jovens com problemas de saúde decorrentes do esforço físico e, muitas vezes, dos movimentos errados durante a lida diária na profissão. Além das dores nas costas, outras enfermidades têm se tornado comum no meio rural, como é o caso da tendinite e da bursite. Para evitar devidos acometimentos, o ideal seria os agricultores cuidarem dos horários de trabalho, não excedendo oito horas diárias, realizando intervalos para descanso e realizar alongamentos dos músculos mais sobrecarregados. A prática de uma atividade física regular também ajuda no fortalecimento muscular, uma musculatura mais forte evita sobrecarga na articulação. Pensando nisso, a equipe Nasf do município de Pindoba realiza encontros mensais com o grupo desenvolvendo rodas de conversa mensais sobre vários temas, entre eles as doenças relacionadas ao trabalho, orientações quanto aos exercícios de alongamento, fortalecimento muscular, postura correta, além de cuidados com a saúde em geral, com orientações e consultas médicas da enfermagem, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, educadora física, cardiologista e odontólogo, buscando dar uma melhor qualidade de vida diária e profissional aos trabalhadores do campo. Indicadores, variáveis e dados: iniciamos a formação do grupo fazendo uma busca ativa dos agricultores em parceria com o sindicato dos trabalhadores rurais. Fomos à residência de cada agricultor para convidá-los ao primeiro encontro que aconteceu em julho de 2016, tivemos um bom número de participantes, explicamos sobre a formação do grupo, do número de agricultores que procuram o centro de saúde com doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho no campo e como a prevenção é importante para diminuir esses casos e aliviar os sintomas. Ao final do encontro, a fisioterapeuta do Nasf demostrou alguns exercícios de alongamento muscular para serem realizados antes e após as atividades, além de orientações quanto à postura correta e importância de realizar pequenas pausas durante todo o dia de trabalho para não sobrecarregar a musculatura, todos participaram na realização dos exercícios e concordaram em participar do grupo.
Iniciamos no primeiro encontro com a média de 50 agricultores, realizamos uma ficha de cadastro e fizemos uma pequena avaliação com um teste para marcar um X em um desenho do corpo humano no local onde cada um sente mais dor e o resultado foi que 50% relataram dor dos ombros e braços, 35% na coluna e 15% em outras regiões do corpo, resultado apontando que a maioria utiliza excessivamente o sistema musculoesquelético de maneira inadequada, ficando expostos a diversos fatores de risco ocupacionais, o que explica o número de casos que lotam o serviço de fisioterapia no município de Pindoba. Os encontros acontecem uma vez por mês com rodas de conversa sobre cuidados com a saúde física, emocional, nutricional e saúde bucal, finalizando sempre com os exercícios de alongamento e fortalecimento muscular, sempre orientado pela fisioterapeuta e educadora física do Nasf e AB. A média de agricultores por encontro é de 60 participantes. Observações, avaliação e monitoramento: os trabalhadores realizam atividades multivariadas com sobrecarga e ritmo de trabalho, na maioria das vezes, acelerado, levando os agricultores a desenvolver dor em várias regiões do corpo, e a falta de informação sobre o problema acaba comprometendo a vida diária e profissional podendo levar a incapacidade. Trabalhar esses problemas no território onde a maioria da população vive do campo está sendo muito proveitosa, levando orientações e serviços médicos cada vez mais à população principalmente os homens que resistem muito para procurar o centro de saúde e, com isso, todos estão recebendo um serviço de qualidade e a valorização do agricultor.
Realizando um projeto terapêutico sobre o grande número de pacientes que buscam o serviço de fisioterapia no município de Pindoba (AL), percebeu-se que dentre os 70 pacientes que estão em tratamento, 45% são produtores rurais (ativos e inativos) que apresentam patologias osteomusculares relacionadas à rotina de trabalho exaustiva no campo.
A prevenção das doenças não pode ser focada apenas no indivíduo, deve ter um foco amplo para que não ocorra o agravamento, pois junto com o dano físico também está incluído o dano mental e o inconformismo em relação a suas limitações, por isso a equipe do Nasf Pindoba percebeu a importância de atuar nessa classe trabalhista, já que no nosso município a maioria da população vive das atividades do campo e, com isso, ofertar um SUS de qualidade melhorando a qualidade de vida de todos e longevidade.
Pindoba, AL, Brasil
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