Compreender o processo saúde-doença de modo ampliado é um dos grandes desafios para o profissional de saúde, que é convidado a buscar estratégias que se constituam efetivas e eficazes na oferta do cuidado às pessoas e às coletividades, favorecendo condições de bem-estar físico, mental e social. As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, as PICS, instrumentalizam os profissionais para a oferta do cuidado sem a pretensão de substituir a medicina convencional, mas complementar as ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde e bem-estar. O Brasil vem, desde 2006, incrementando sua política de PICS, abrangendo, nos dias atuais, 29 práticas que podem ser inseridas nos cuidados aos usuários do SUS em todos os níveis de atenção. Dentre estas práticas, está a auriculoterapia, que é reconhecida pela OMS como uma técnica terapêutica de microssistema com potencial para regular as funções corporais e mentais através de estímulos nos pontos energéticos localizados no pavilhão auricular utilizando-se agulhas, esferas (aço, ouro, prata, plástico) ou sementes de colza ou mostarda. Diante disso, após a conclusão da capacitação disponibilizada aos profissionais de saúde do SUS através de parceria entre Ministério da Saúde e a Unversidade Federal de Santa Catarina, o Grupo de Auriculoterapia nasce como o objetivo de oferecer aos participantes um espaço de cuidado ampliado e integral em saúde, oportunizando a socialização e o protagonismo do usuário no seu processo de cuidado.

O direcionamento de usuários ao Grupo de Auriculoterapia acontece após a identificação da demanda realizada em grupo de triagem. O Grupo de Auriculoterapia é aberto, ofertado para pessoas acima de 18 anos, sendo possível que novos integrantes iniciem a participação a cada mês; é heterogêneo no que se refere ao gênero e à demanda, recebendo queixas associadas à ansiedade, depressão, dores crônicas (lombalgia, artroses) entre outras. No primeiro encontro no grupo o participante aponta a sua percepção a respeito dos aspectos físico e emocional em uma escala comparativa. Ao final de 6 encontros semanais, o participante novamente aponta sua percepção a respeito desses aspectos comparando com a condição inicial. Havendo necessidade, estende-se a participação do usuário até 10 encontros. Cada encontro tem a duração de 90 minutos organizados em 4 momentos: 1) atualização, 2) meditação, 3) psicoeducação e técnicas cognitivas e comportamentais (reestruturação cognitiva, ativação comportamental, entre outras) de acordo com a demanda do grupo e 4) aplicação dos pontos auriculares de acordo com a demanda individual do usuário.

A proposta apresentou impacto positivo nos participantes do grupo, que se apropriaram do espaço oferecido, usando-o para refletir sobre suas emoções e comportamentos; foi possível observar a vinculação entre os participantes, ampliando suas possibilidades de perceber a si mesmo e ao contexto que estão inseridos de forma mais adaptada e funcional. A interação grupal contribuiu para a percepção de modelos positivos, o que permitiu a aprendizagem de novos comportamentos e o treino de várias competências. A auriculoterapia coloca o usuário como agente ativo no próprio processo de cuidado, em parceria com o profissional, pois propõe que o estimulo nos pontos aplicados no pavilhão auricular se repita ao longo de alguns dias após o encontro.

Ações que promovam a saúde integral (física e mental), bem como a qualidade de vida dos usuários do SUS são importantes, necessárias e devem abranger toda a complexidade da existência humana. Infere-se que a associação de saberes tradicionais (tecnologia leve) aos saberes profissionais estruturados (tecnologia leve-dura) favorece o aprofundamento na complexidade humana e na prestação de cuidados qualificados aos usuários. O grupo segue em atividade na UBS se afirmando cada vez mais como um espaço potente de acolhimento, encontro, autonomia, parceria, ressignificação de afetos e mudança comportamental.

Principal

JOELMA ELENICE ALVES DE JESUS

joelmalves15@gmail.com

Psicóloga em Saúde

Coautores

Joelma Elenice Alves de Jesus

A prática foi aplicada em

Mogi das Cruzes

São Paulo

Sudeste

Esta prática está vinculada a

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Instituição Pública

Foi cadastrada por

Joelma Elenice Alves de Jesus

Conta vinculada

15 jul 2024

CADASTRO

15 jul 2024

ATUALIZAÇÃO

02 jul 2024

fim

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