Visto a grande importância de prevenção das arboviroses, este projeto foi criado como um acréscimo às atividades desenvolvidas no Programa Saúde na Escola (PSE) para realizar a ação com crianças do 1º ao 5º ano de escolas pública do município de Santana dos Garrotes (PB), entre fevereiro e março de 2024, pois é o local com maior quantidade de crianças em desenvolvimento e adquirindo conhecimento. Esses são os melhores disseminadores de informações e que absorvem as informações transmitidas. A complexidade da saúde exige inovações que propiciem a interação teórica/prática com a dinâmica popular. O projeto visa implementar um método de ensino centrado numa abordagem lúdica (capaz de despertar prazer) de educação na saúde e focado nas tendências atuais.
Objetivou-se mobilizar e conscientizar a população através das crianças para que se envolvam nas ações de controle ao Aedes aegypti visando a eliminação de criadouros e, consequentemente, a diminuição de agravos relacionados à dengue, chikungunya, zika e, dessa maneira, controlar os índices de Breteau (IB) e diminuir os casos das doenças no município através de atividades lúdicas dos detetives da saúde.
A metodologia empregada foi de cunho exploratório e qualitativo, através do projeto detetives da saúde, que contou com 144 crianças de uma escola do município de Santana dos Garrotes (PB) nas seguintes etapas:
1: Adaptação do cartão para marcação de ações a serem realizadas em casa e confecção do cartaz “Procurado: vilão Aedes”, que contém um quadro com atividades de buscas de focos de dengue para eles realizarem em casa e marcarem quando a ação for realizada 1 vez por semana (ex: verificar se a caixa d’agua está fechada);
2: Palestras aos estudantes sobre focos de dengue e apresentação do projeto lúdico do “Ser detetive da saúde”, apresentando o Aedes como o grande vilão a ser procurado, assim como seus ovos e larvas, ressaltando a importância das ações para prevenção de doenças e entrega do quadro de ação para serem realizadas semanalmente em casa e marcando um x na ação quando realizada.
3: Atividade prática: detetives da saúde colam cartazes de “procurado”, fazem investigações e procuram locais com possíveis focos de proliferação de mosquitos.
4: Após 4 semanas, retorno para levantamento de quantitativo de ações sinalizadas pelos estudantes e avaliação do IB. O IB tem por objetivo monitorar e acompanhar a proliferação do mosquito, e pela classificação, índices menores que 1 são satisfatórios; entre 1 a 3,9 a situação é de alerta e valores acima são classificados como risco. A média da cidade aferida em janeiro foi de 1,70, considerada de alerta.
A complexidade da saúde exige inovações que propiciem a interação teórica/prática com a dinâmica popular. Diante desse desafio, a educação surge como veículo âncora para que a cultura preventiva possa ser arraigada às nossas ações cotidianas. É um combate diário, para que o fortalecimento da consciência de prevenção de doenças seja transformador. Tal método objetiva a redução de lacunas existentes no processo de ensino e aprendizagem pela dificuldade de transição entre teorias e práticas. Nesse contexto, esse projeto vislumbrou analisar a metodologia lúdica do detetive investigador, como instrumento para a aprendizagem significativa, coesa às dimensões ambientais, à identificação de problemas ambientais locais, com a finalidade de fortalecer a criticidade para fomentar a consciência da importância das ações na prevenção de doenças.
Foram realizadas 04 ações práticas com os detetives da saúde e um total de 183 possíveis criadouros de mosquito foram eliminados nas atividades conjuntas na prática do PSE. Já no quadro que foi marcado pelos alunos de ações realizadas em casa, o quantitativo de eliminação de focos chegou a 1.304, apresentando um resultado excelente de ações. Os alunos foram orientados a retransmitirem as informações recebidas aos familiares, vizinhos, amigos, para o maior número de pessoas que pudessem abranger. As atividades lúdicas proporcionaram maior desenvoltura das aulas, conforme ilustra alguns depoimentos dos estudantes: “me senti muito confortável, pois as práticas foram bem legais; “eu senti que estava aprendendo bastante com essas atividades”; “o que mais gostei foram os experimentos, porque guardei melhor o que aprendi”. Interpretando os discursos, é evidente que a abordagem investigativa persuade o estudante a interagir agradavelmente com as questões ambientais, proporciona um ambiente de confiança, aprendizagem, apropriação do conhecimento e construção. Também foi observado a diminuição de criadouros do mosquito pelo fato de ter ocorrido a disseminação de informações por parte das crianças e, consequentemente, não houve epidemias no município durante a ação. Houve controle satisfatório do IB e dos casos das doenças. Ao final do mês de março de 2024, foi verificada também uma redução do IB local, passando de 1,70 (alerta) para 0,90, classificado como satisfatório.
Como as atividades lúdicas investigativas possuem a característica de chamar a atenção do estudante, infere-se que elas o estimulam a ser protagonista na construção do conhecimento, isto é, as atividades investigativas incentivam o estudante na construção do saber, valoriza debates e argumentação, propicia a obtenção e a avaliação de evidências, propicia a aplicação e avaliação de teorias científicas e permite múltiplas interpretações. A metodologia lúdica investigativa é um instrumento que deve ser utilizado como um processo que conduz o aprendiz a situações capazes de despertar a busca do conhecimento e o prazer pela construção da sensibilização da prevenção de doenças. Espera-se que o projeto seja replicado em mais escolas e lugares, tendo em vista que obteve resultados positivos como, por exemplo, a diminuição de criadouros e de casos de doenças relacionadas ao Aedes aegypti no município.
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