OBJETIVOS:
Principal
Construir uma abordagem para facilitar a participação dos usuários nos processos de cuidado, a corresponsabilização e ampliação de autonomia coletiva de usuários e trabalhadoras (es).
Específicos
Qualificar a demanda e ampliar capacidade de cuidado e atenção psicossocial
Constituir coletivos participativos de cuidado com pessoas usuárias e profissionais da APS
Aumentar a comunicação entre pessoas usuárias, equipes e o diálogo interprofissional e interinstitucional
METODOLOGIA:
Rotina da equipe Deambulatório:
Análise e qualificação da demanda SISREG
Acompanhamento e atendimento individual e grupal
Matriciamento nas três unidades de APS
Articulação com a rede de serviços
Supervisão institucional
Abordagem participativa com pessoas usuárias e profissionais: Gestão Autônoma do Cuidado GAC
Coletivo de compartilhamento de experiências, ampliação da autonomia em rede de vinculamento, respeito aos saberes, crenças e cuidados tradicionais, aumento da capacidade de cuidado e redução de danos na vida.
Foram constituídos dois Grupos GAC com encontros quinzenais com pessoas usuárias e trabalhadores de três unidades APS localizados nos bairros Caju e Gamboa.
Diretrizes dos encontros de Gestão Autônoma do Cuidado:
Todo encontro consiste do compartilhamento de experiências sem julgamento.
Todos os integrantes se colocam em relação de lateralidade. Evita-se qualquer relação de orientação e resposta.
Todo encontro do grupo é cogestivo e a pessoa integrante tem poder de contratualidade no coletivo.
Foi sugerido o uso Guia da Gestão Autônoma do Cuidado GAC como instrumento de apoio
O Guia GAC construído em pesquisa do Programa INOVA Fiocruz contém questões disparadoras sobre:
Atenção Básica, Saúde da Família e Atenção Psicossocial
Relação Médico-Paciente
Conhecendo Sobre Você
Território e Redes Locais
Sua Saúde
Autonomia na Vida
Direitos de Usuários do SUS
Uso de Medicamentos
Outras Formas de Cuidados
O sistema ambulatorial de saúde mental no município do Rio de Janeiro constituiu uma barreira de acesso com aumento crescente da fila e tempo de espera para consultas de psiquiatria e saúde mental, sem qualificação da demanda, produzindo uma situação de desatenção, principalmente em territórios de vazio assistencial em saúde mental como a Zona Portuária com 48 mil habitantes incluindo áreas de vulnerabilização como a favela do Caju.
O problema exigiu o desenvolvimento de uma estratégia de atenção psicossocial para superar as limitações do modelo ambulatorial, prescritivo, individual, visando ampliar oferta e qualificar a demanda e o cuidado numa atuação territorializada em integração com a Atenção Primária e atores locais, denominada Deambulatório. A unidade desta estratégia é uma equipe territorial interdisciplinar encarregada de atendimentos individuais e coletivos a todas as faixas etárias e grupos populacionais específicos e o apoio à saúde mental e matriciamento das equipes da Atenção Primária à Saúde (APS).
Este processo colocou em questão a experimentação de abordagens que facilitassem a participação do público e a vinculação nos processos de cuidado, capaz de superar a passividade do público inerente ao modelo habitual centrado no profissional, que contribui para o absenteísmo e falta de participação. Neste processo utilizamos a ferramenta Gestão Autónoma do Cuidado em pesquisa pelo INOVA Fiocruz para promover ampliação de autonomia e redes de vinculamento.
RESULTADOS:
Em 2024 o Deambulatório da Zona Portuária ampliou a oferta em 950 vagas de 1a vez e 3.353 vagas de retorno, tanto para o público adulto como o público infanto-juvenil, favorecendo a criação de grupos terapêuticos e coletivos e o fortalecimento das relações interprofissionais e interinstitucionais, ampliando a rede de cuidado e proteção social.
A Gestão Autônoma foi uma abordagem coletiva e cogestiva central para qualificar o serviço:
Aumento da participação dos usuários nos processos de cuidado:
Construção compartilhada de cuidado entre equipe e usuários.
Corresponsabilização entre os participantes pelo bem-estar e pelas vivências do grupo.
Construção de múltiplas formas de cuidado nos encontros e em ações coletivas.
Participação na construção de seus tratamentos e prescrições.
Mudanças nas relações institucionais e de cidadania:
Desestabilização da hierarquia tradicional entre profissionais e pacientes, promovendo outras formas de relações em saúde.
Aumento das relações de respeito e cidadania entre os usuários e os profissionais.
Avanço na incorporação dos Direitos Humanos no processo de cuidado.
Prática de cuidado como espaço político de reflexão sobre direito a saúde, o SUS, acesso a cuidados, existência e redução de danos.
A GAC tornou-se um dispositivo capaz de absorver uma diversidade de casos mais complexos, enquanto outros grupos possuem perfis mais homogêneos e controlados.
A combinação do Deambulatório e a abordagem da Gestão Autônoma apontou possibilidades de expansão da oferta com aumento da capacidade de cuidado. A abordagem participativa e cogestiva facilita a vinculação das pessoas usuárias afetivamente aos processos de cuidado e introduz uma outra política de relações em saúde não centrada na equipe e nos saberes profissionais. Recomenda-se:
Fortalecer a interculturalidade e a lateralização dos profissionais no coletivo e desestabilizar a conduta habitual centrada no saber profissional.
Legitimar as diferenças culturais, raciais, vivenciais em coletivos heterogêneos e conviventes.
Questionar a corresponsabilização entendida como adesão da pessoa usuária ao tratamento, e aumentar a corresponsabilização das equipes com os itinerários reais de cuidado das pessoas.
Desestabilizar a ideia de que autonomia é uma necessidade somente das pessoas usuárias e facilitar que profissionais possam praticar condutas com maior autonomia em coletivos cogestivos.
Promover a análise crítica da dispensação de psicotrópicos na atenção primária, o uso mais qualificado desses medicamentos e redução de uso.
R. Monsenhor Manuel Gomes, 630 - São Cristóvão
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