O Grupo Comer Alegre nasce a partir do encontro entre trabalhadoras e usuários que compartilham do entendimento que alimentação é boa e importante demais para ser sofrida, ou seja, o grupo não tem esse nome por acaso. O grupo acontece na Clínica da Família Erivaldo Fernandes Nóbrega, é facilitado pela nutricionista da equipe multiprofissional (E-multi) e pela Profissional de Educação Física do Programa Academia Carioca, acontece na CF Erivaldo, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, na região do Méier. O perfil populacional da CF Erivaldo é de pessoas idosas, muitas com o diagnóstico de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). A partir das demandas locais e das ferramentas que dispõe o apoio matricial, entendendo as atividades coletivas extremamente potentes para o cuidado, monitoramento e promoção da saúde, se propôs um grupo para promoção da alimentação saudável, boas práticas em saúde e estímulo à prática de atividade física. Contudo, quando se pensa nesse grupo logo tem como ponto de partida a saúde e não as práticas e falas que tenham relação com as doenças como norteador, mesmo que muitos usuários deste grupo tenham doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes mellitus e hipertensão arterial, a fala sempre foi de encontro com a saúde, defendendo que a Atenção primária à Saúde (APS) tem papel neste lugar de promover espaços saudáveis. O grupo Comer Alegre tem como base a educação popular, preza-se pelo saber coletivo e respeito aos saberes. Como Objetivo é estimular a mudança no estilo de vida melhorando a relação com alimentação de cada pessoa participante, também tem a preocupação de discutir de forma crítica o sistema agroalimentar, o direito humano à alimentação adequada, às práticas alimentares e a construção coletiva do conhecimento. Utilizamos como caminho metodológico a educação popular, onde a partir das ferramentas do apoio matricial e de encontro com os princípios do SUS, adaptamos com a condução da educação popular, valorizando os saberes e práticas de cada um, tendo escuta ativa e estimulando o diálogo e a autonomia do cuidado, tendo o Guia Alimentar para População Brasileira (2014) como material teórico. O grupo acontece quinzenalmente no turno da manhã, sempre sentamos em roda e estimulamos a fala de todos. No primeiro dia foi elaborado um contrato de grupo. As atividades desenvolvidas no grupo ocorrem de forma progressiva e com relação entre os temas, sendo a Segurança Alimentar e Nutricional tema transversal nos encontros. Algumas das atividades já trabalhadas nos encontros são: a discussão sobre aproveitamento integral de alimentos e alimentos integrais, alimentação viva e germinada, prebióticos e probióticos, o papel das fibras para nossa saúde, plantas alimentícias não convencionais, alimentos pré e pós exercício físico, a troca de receitas, cultura alimentar, resgate de memórias pela alimentação e outros. Desenvolveu-se receitas coletivamente, por exemplo: se a indústria de alimentos apresenta os temperos prontos ultraprocessados e entende-se coletivamente que estes estão ligados às doenças crônicas não transmissíveis, então desenvolve-se a própria alternativa e criamos o sal temperado do grupo, assim como outras preparações feitas ao longo do ano.
A motivação para o grupo foi o perfil populacional e o alto consumo de ultraprocessados pela população atualmente. A partir do interesse das pessoas cadastradas na unidade de saúde entendemos que o método do grupo importava muito para sua consolidação. Por isso, a educação popular se fez muito presente e relevante para que o grupo se consolidasse e apresente hoje muitos resultados positivos.
Como resultados esperados a mudança da relação com a alimentação para a promoção da saúde, a autonomia do cuidado de cada um, a melhora das escolhas alimentares a partir da realidade do território e de cada família, a formação de vínculo com a unidade e a melhora no monitoramento de saúde. Como resultados conquistados temos a produção de registros do grupo através das Cartas Pedagógicas, método proposto por Paulo Freire, as cartas tem o intuito de dialogar com quem as lê sobre o tema proposto. Neste caso, as memórias das receitas realizadas e afetivas de cada integrante, são escritas através de cartas e compartilhadas. Também teve a construção da horta comunitária dentro da Clínica da Família, que foi deliberada de forma orgânica pelas usuárias a partir dos encontros e construída junto com equipamento do território. Hoje o grupo se encontra em um momento de muitas construções e crescimento, conta com mais de 30 usuários, com as mais diversas contribuições. Sempre em perspectiva a construção crítica e coletiva do conhecimento em torno do tema da SAN, pois quando se defende uma alimentação gentil, que tenha relação com a renda de cada família, com valorização da cultura de cada um, se tem a preocupação de ouvir o que cada um do grupo tem para contribuir e desenvolver um senso comunitário, o sentido do grupo muda completamente. A prática da amorosidade se desenvolve a cada encontro através das trocas de experiências e escuta que cada um faz no espaço. Observa-se que os princípios defendidos desde a concepção do grupo tem permanecido e gerado muitos frutos, por esse motivo e além de ser possível sua continuidade e multiplicação de seus caminhos metodológicos o grupo permanece e cada dia mais fortalecido.
Ter escuta ativa e qualificada para identificação das demandas, promover espaço acolhedor, que estimulo a troca de saberes e valorize a opinião de todos os participantes. As atividades coletivas são muito potentes para a construção coletiva do conhecimento. A educação Popular é muito aliada para pensar os métodos de intervenção e estimular o desenvolvimento dos grupos.
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